Mulheres dirigiram 28% dos candidatos ao Oscar de filme estrangeiro

Dos 92 filmes inscritos na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro, 26 foram dirigidos por mulheres – o equivalente a cerca de 28%. Embora baixo, o índice representa uma melhora significativa em relação a 2016, quando cerca de 18% dos pré-candidatos à estatueta tinham direção ou codireção feminina.

A lista completa de pré-indicados foi divulgada nesta quinta-feira (5) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela entrega da estatueta. As 92 inscrições representaram um recorde histórico, com seis países se candidatando pela primeira vez: Haiti, Honduras, Laos, Moçambique, Senegal e Síria.

Concorrer ao Oscar de filme estrangeiro é um processo de três fases. Primeiro, cada país escolhe o seu candidato e o pré-indica à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Depois, em dezembro, será divulgada uma lista com semifinalistas. Por fim, em 23 de janeiro serão anunciados os cinco indicados que de fato disputarão o prêmio.

Veja os pré-indicados dirigidos ou codirigidos por mulheres:

Afeganistão: A Letter to the President, de Roya Sadat
O drama é centrado em Soraya (Leena Alam), presa por lutar contra punições brutais para mulheres baseadas em regras tribais. Sua única chance de libertação e sobrevivência é um apelo escrito que envia ao presidente afegão.

Argentina: Zama, de Lucrecia Martel
Adaptação do livro escrito por Antonio Di Benedetto e publicado em 1954. Conta a história de Dom Diego, funcionário da Coroa espanhola num povoado argentino que decide se unir a um bando à procura de um criminoso. Tem coprodução da empresa brasileira Bananeira Filmes, de Vania Catani, e foi selecionado para o Festival do Rio e para a Mostra de São Paulo.

Armênia: Eva, de Anahit Abad
Coprodução com o Irã, conta a história de uma mulher que busca deixar seu traumático passado para trás. Por isso, foge com sua filha da capital da Armênia, Erevan, para o vilarejo de Artsakh.

Austrália: The Space Between, de Ruth Borgobello
Coprodução com a Itália, conta a história de Marco, um chef que abandona a carreira para cuidar do pai doente. Sua única alegria é ter encontrado Olivia, uma jovem australiana que sonha em trabalhar com design.

Bulgária: Glory, de Kristina Grozeva e Petar Valchanov
Tsanko Petrov é um trabalhador que encontra dinheiro nos trilhos do trem e o entrega para a polícia, que o recompensa com um relógio de pulso que logo para de funcionar. Enquanto isso, uma autoridade do Ministério dos Transportes perde o antigo relógio de Petrov. Ele então começa uma luta desesperada para recuperar o objeto e sua dignidade.

Camboja: First They Killed My Father, de Angelina Jolie
Baseado no livro homônimo e autobiográfico da ativista cambojana Loung Ung, conta como ela e sua família lutaram para sobreviver ao genocídio promovido pelo regime do Khmer Vermelho na década de 1970. Disponível na Netflix.

Cingapura: Pop Aye, de Kirsten Tan
Ambientado na Tailândia, acompanha um arquiteto que se reencontra com um elefante que foi seu na infância. Junto com ele, parte em uma espécie de road trip em busca da casa onde cresceu. Selecionado para o Festival do Rio.

Croácia: Quit Staring at My Plate, de Hana Jušić
A jovem Marijana se vê obrigada a cuidar da família após o pai controlador sofrer um derrame. Isso inclui tomar conta da mãe irresponsável e do irmão mais velho, que tem deficiência mental. Nesta nova e dura realidade, ela explora sua força, sua sexualidade e a sensação de ter liberdade.

Equador: Alba, de Ana Cristina Barragán
O filme acompanha Alba, uma garota de 11 anos que passa a viver com o pai, Igor, depois de sua mãe ser internada. Sua entrada na adolescência é marcada pelos esforços de aproximação familiar, as meninas do colégio e o primeiro beijo.

Eslovênia: The Miner, de Hanna A. W. Slak
Alija é um mineiro bósnio que migra para a Eslovênia. Em uma mina abandonada, ele descobre restos de vítimas assassinadas como retaliação depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e decide lutar para que sejam enterradas com dignidade.

Espanha: Summer 1993, de Carla Simón
Ambientado na Catalunha em 1993 e acompanha uma garota de seis anos que vai morar com o tio após a morte da mãe por doença relacionada à aids. Selecionado para o Festival do Rio.

Geórgia: Scary Mother, de Ana Urushadze
Cansada dos afazeres domésticos, Manana (Nato Murvanidze), começa a escrever um thriller erótico. Quando o marido lê a obra, sente que sua zona de conforto está ameaçada. Selecionado para a Mostra de São Paulo.

Haiti: Ayiti Mon Amour, de Guetty Felin
Acompanha três pessoas no Haiti, cinco anos após o terremoto: um adolescente que descobre um superpoder, um pescador que acredita no poder curandeiro do mar, e uma musa que luta para sair da história que está sendo escrita sobre ela.

Holanda: Layla M., de Mijke de Jong
Uma jovem holandesa de origem marroquina se une a radicais islâmicos após medidas anti-muçulmanos na Holanda. Ao se casar com um jihadista e entrar para uma célula terrorista, ela confronta as contradições e perigos da nova comunidade.

Hungria: On Body and Soul, de Ildikó Enyedi
Ambientado em um matadouro de Budapeste, On Body and Soul acompanha o romance entre uma jovem tímida e seu chefe, também quieto como ela. Ganhou o Urso de Ouro em Berlim e foi selecionado para o Festival do Rio.

Irã: Breath, de Narges Abyar
O filme narra a revolução iraniana do final da década de 1970 (que levou à queda do Xá Mohammad Reza Pahlevi e à ascensão ao poder do aiatolá Ruhollah Khomeini) do ponto de vista de uma menina, Bahar. Para sobreviver ao caos e à violência ao seu redor, ela cria seu próprio mundo de fantasia. Selecionado para a Mostra de São Paulo.

Laos: Dearest Sister, de Mattie Do
O drama acompanha uma mulher pobre, Nok, que vive no interior mas se muda para a capital do Laos, Vientiane. Ela cuida de uma prima rica que, ao mesmo tempo em que está perdendo a visão, começa a se comunicar com os mortos.

Luxemburgo: Barrage, de Laura Schroeder
Catherine retorna a Luxemburgo após uma década vivendo na Suíça, período durante o qual sua mãe, Elisabeth, foi responsável pela criação de sua filha, Alba. Agora, ela sente que precisa lutar para ocupar o papel que deseja dentro de sua família. O elenco tem Lolita Chammah, Themis Pauwels e Isabelle Huppert. Selecionado para o Festival do Rio.

México: Tempestad, de Tatiana Huezo
Documentário que narra histórias de várias mulheres para mostrar as brutais consequências do tráfico de seres humanos, bem como a impunidade e injustiça que fazem parte da realidade mexicana.

Palestina: Wajib, de Annemarie Jacir
O longa marca a primeira vez em que Mohammed e Saleh Bakri, pai e filho, atuam juntos no cinema. Eles interpretam pai e filho com relação difícil que viajam juntos para entregar convites de casamento, seguindo uma tradição palestina.

Panamá: Más que Hermanos, de Arianne Benedetti
A história de sobrevivência de um casal de irmãos que, após perderem seus pais, preferem viver nas ruas do que serem separados. Valerie Domínguez, Maria Conchita Alonso e Drew Fuller integram o elenco.

Paraguai: Los Buscadores, de Tana Schémbori e Juan Carlos Maneglia
Grande sucesso de bilheteria no Paraguai, o longa conta a história de Manu, jovem que decide embarcar em busca de um tesouro, munido de um mapa. Nessa jornada, conhece uma série de pessoas.

Polônia: Spoor, de Agnieszka Holland e Kasia Adamik
O filme se passa na temporada de caça da Polônia e é centrado em Janina Duszejko, ativista pelos direitos dos animais que vive sozinha na região de Klodzko. Quando uma série de crimes misteriosos começam a acontecer, ela tem a certeza de que sabe o que está por trás deles. Selecionado para o Festival do Rio.

Suíça: The Divine Order, de Petra Volpe
Sucesso de público na Suíça, o filme tem Marie Leuenberger no papel de uma jovem mãe que se envolve na luta das mulheres suíças pelo direito de votar, conquistado apenas em 1971.

Tailândia: By the Time It Gets Dark, de Anocha Suwichakornpong
A partir de um massacre histórico perpetrado pelo governo tailandês, o filme fala sobre memória e cinema. Nas palavras de Anocha, é “uma tentativa de lidar com a impossibilidade de fazer um filme histórico em um lugar onde não há história”.

Taiwan: Small Talk, de Hui-Chen Huang
Retrata a relação da diretora com a mãe, A-nu. Depois de se casar, na década de 1970, A-nu se divorciou de um marido violento, criou as filhas sozinhas e passou a se relacionar exclusivamente com mulheres. Selecionado para o Festival do Rio.

Deixe um comentário

Top