Guia de Cannes: os filmes dirigidos por mulheres que estão no festival

Apenas quatro filmes dirigidos por mulheres estão entre os 21 concorrentes à Palma de Ouro do Festival de Cannes, que começa nesta terça-feira (14). Como as últimas edições do evento, a 72ª deve servir de palco para discussões sobre a igualdade de gênero no cinema e a representação feminina nos festivais.

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Apesar de muito baixo, o índice deste ano representa uma leve melhora no histórico do evento: a única outra vez em que quatro mulheres estiveram na competição foi em 2011, quando havia 20 concorrentes. Para se ter uma ideia, em 2018 foram três filmes dirigidos por mulheres entre 21 concorrentes; em 2017, três entre 19; em 2016, três entre 20; e em 2015, dois entre 19. Em toda a história do festival, apenas um longa dirigido por mulher foi premiado com a Palma de Ouro: O Piano, de Jane Campion, em 1993.

A expectativa por um avanço mais significativo era grande após a edição de 2018 do festival, que contou com um protesto liderado por Cate Blanchett e Agnès Varda (1929-2019) – que, aliás, estampa o pôster do festival este ano -, além da assinatura de um documento no qual a direção de Cannes se comprometeu a trabalhar para incluir mais mulheres e ser mais transparente em seu processo de seleção. Graças a este documento, organizado pelas ativistas do grupo francês 5050×2020, neste ano o festival divulgou a lista de membros do comitê de seleção que, conforme prometido, teve o mesmo número de homens e mulheres.

Quatro mulheres estão no júri da competição principal, presidido por Alejandro González Iñárritu: a atriz americana Elle Faning; a atriz e diretora de Burkina Fasso Maimouna N’Diaye; a diretora americana Kelly Reichardt; e a diretora italiana Alice Rohrwacher. A cineasta libanesa Nadine Labaki preside o júri da mostra Um Certo Olhar, enquanto a diretora francesa Claire Denis lidera os jurados dos curtas e Cinéfondation.

Vale lembrar, também, que há uma diretora brasileira na seleção deste ano: Alice Furtado integra a programação da Quinzena dos Realizadores com seu primeiro longa-metragem, Sem Seu Sangue.

Veja a relação completa de filmes dirigidos por mulheres que serão exibidos no festival:

COMPETIÇÃO PRINCIPAL
Quatro dos 21 filmes são dirigidos por mulheres

Atlantique, de Mati Diop
Ada, 17 anos, vive em Dakar, no Senegal, e está apaixonada pelo jovem pedreiro Souleiman. No entanto, ela foi prometida a outro homem. Certa noite, Souleiman e seus companheiros de trabalho tentam deixar o país pelo mar, em busca de uma vida melhor. Dias depois, um incêndio arruína o casamento de Ada e uma febre misteriosa se espalha. Ela não sabe, mas Souleiman está de volta. O filme é dirigido pela francesa de origem senegalesa Mati Diop, conhecida principalmente pelo trabalho como atriz em 35 Doses de Rum (2008), de Claire Denis. Ela é a primeira mulher negra a participar da principal competição de Cannes.

Little Joe, de Jessica Hausner
Alice é mãe solteira e desenvolve novas espécies de plantas para uma corporação. Sua última criação é uma bela planta com poderes terapêuticos: ela requer condições ideais de temperatura, alimentação correta e ouvir a voz do dono regularmente; em troca, o torna uma pessoa feliz. Alice contraria a política da empresa e leva uma planta para casa para presentear o filho. Aos poucos, porém, ela começa a suspeitar que sua criação não é inofensiva. Sexto longa da diretora austríaca Jessica Hausner.

Portrait de la Jeune Fille en Feu, de Céline Sciamma
França, 1770. A pintora Marianne é chamada para fazer o retrato de casamento de Héloïse, jovem que acaba de deixar o convento. Héloïse reluta em se casar e, por isso, Marianne precisa pintá-la em segredo. Dia após dia, a artista observa a jovem sem que ela saiba que é sua modelo. Dirigido pela francesa Céline Sciamma, de Lírios D’água (2007), Tomboy (2011) e Garotas (2014).

Sybil, de Justine Triet
Cansada do trabalho como psicoterapeuta, Sybil tenta voltar à sua primeira paixão: a escrita. No entanto, tem dificuldade de resistir à inspiração oferecida por sua nova paciente, a atriz Margot. Cada vez mais envolvida com a vida de Margot, Sibyl desenvolve uma espécie de obsessão que a faz confrontar seu próprio passado. Dirigido por Justine Triet, de Age of Panic (2013) e Na Cama com Victoria (2016).


UM CERTO OLHAR 
Sete dos 18 filmes são dirigidos por mulheres

  • Adam, de Maryam Touzani
  • Bull, de Annie Silverstein
  • La Femme de Mon Frère, de Monia Chokri
  • Les Hirondelles de Kaboul, de Éléa Gobbe Mevellec e Zabou Breitman
  • Once in Trubchevsk, de Larisa Sadilova
  • Papicha, de Mounia Meddour
  • Port Authority, de Danielle Lessovitz

EXIBIÇÕES ESPECIAIS
Três dos dez filmes são dirigidos por mulheres

  • For Sama, de Waad Al-Kateab & Edward Watts
  • Ice on Fire, de Leila Conners
  • Share, de Pippa Bianco

EXIBIÇÕES FORA DE COMPETIÇÃO
Zero de oito filmes são dirigidos por mulheres


CINÉFONDATION
Seis de 17 filmes são dirigidos por mulheres

  • As Up to Now, de Katalin Modovai
  • Bamboe, de Flo van Deuren
  • Complex Subject, de Olesya Yakovleva
  • The Little Soul, de Barbara Rupik
  • Mano a Mano, de Louise Corvoisier
  • Rift, de Yarden Lipshitz Louz

CURTAS-METRAGENS
Cinco de 11 curtas são dirigidos por mulheres

  • Who Talks, de Elin Overgaard
  • L’heure de L’ours, de Agnès Patron
  • Le Grand Saut, de Vanessa Dumont e Nicolas Davenel
  • Montruo Dios, de Agustina San Martin
  • White Echo, de Chloë Sevigny

CANNES CLASSICS
Quatro de 30 filmes são dirigidos por mulheres

  • Pasqualino Cinco Belezas, de Lina Wërtmuller
  • Forman vs Forman, de Helena Trestikova e Jakub Hejna
  • Plogoff, des Pierres contre des Fusils, de Nicole Le Garrec
  • Making Waves: The Art of Cinematic Sound, de Midge Costin

CINÉMA DE LA PLAGE
Zero de nove filmes são dirigidos por mulheres


QUINZENA DOS REALIZADORES
Quatro dos 25 longas são dirigidos por mulheres

  • Canción sin Nombre, de Marina León
  • Sem Seu Sangue, de Alice Furtado
  • The Orphanage, de Shahrbanoo Sadat
  • Une Fille Facile, de Rebecca Zlotowski 

Cinco de 11 curtas são dirigidos por mulheres

  • Deux Soeurs Qui Ne Sont Pas Soeurs, de Beatrice Gibson
  • Grand Bouquet, de Nao Yoshigai
  • Movements, de Dahee Jeong
  • Olla, de Ariane Labed
  • Plaisir Fantôme, de Morgan Simon

SEMANA DA CRÍTICA
Um dos sete longas na competição são dirigidos por mulheres

  • Ceniza Negra, de Sofía Quirós Ubeda

Seis dos dez curtas na competição são dirigidos por mulheres

  • Dia de Festa, de Sofia Bost
  • Fakh, de Nada Riyadh
  • Journey Through a Body, de Camille Degeye
  • Lucía en el Limbo, de Valentina Maurel
  • The Manila Lover, de Johanna Pyykkö
  • Mardi de 8 à 18, de Cecilia de Arce

Três dos nove filmes em exibição especial são dirigidos por mulheres

  • Tu Merités un Amour, de Hafsia Herzi
  • Demonic, de Pia Borg
  • Invisível Herói, de Cristèle Alves Meira

Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema

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