Os diretores do Festival de Cannes assinaram nesta segunda-feira (14) um compromisso por maior igualdade de gênero e transparência na realização do evento. A assinatura da carta aconteceu dois dias depois do protesto que reuniu 82 mulheres no tapete vermelho do festival, incluindo a presidente do júri, Cate Blanchett, e a cineasta belga Agnès Varda.
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Durante o evento, o diretor artístico de Cannes, Thierry Fremaux, chamou a atenção para o fato de que três homens estavam assinando o documento – além dele, o diretor da Quinzena dos Realizadores, Paolo Moretti, e o da Semana da Crítica, Charles Tesson. O presidente do festival, Pierre Lescure, estava na plateia. “Vamos nos engajar mais”, disse Fremaux.
Blanchett elogiou a participação do diretor artístico de Cannes. “Estamos felizes que Thierry Fremaux seja um apoiador. Se ele não dissesse ‘sim’ à esta carta, se não dissesse ‘sim’ [ao protesto] nas escadas, não estaríamos aqui”, afirmou. “Se ele é parte do problema, também é parte da solução.”
No documento, o festival se compromete a desempenhar três ações principais: oferecer estatísticas relativas a gênero, sobretudo no que diz respeito aos filmes inscritos; garantir transparência sobre os integrantes dos comitês de seleção e programação; e ter paridade de gênero no corpo executivo. A carta foi criada pelo grupo francês 5050×2020, que também organizou o protesto de sábado (12), e pode ser lida na íntegra online.
O número de manifestantes do protesto de sábado não foi aleatório: desde a primeira edição de Cannes, apenas 82 filmes dirigidos por mulheres foram selecionados para a competição principal, conta 1.645 filmes dirigidos por homens. Em 2018, há três longas de diretoras entre os 21 títulos que competem pela Palma de Ouro.