Aquecendo os motores para o Oscar 2021, que ocorre em 25 de abril, o Mulher no Cinema publica, diariamente, breves perfis de todas as profissionais indicadas em cada uma das categorias.
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Já falamos sobre as concorrentes aos prêmios de melhor filme, direção, atriz, atriz coadjuvante, roteiro adaptado e roteiro original. Agora, a categoria é melhor filme internacional, antes conhecida como melhor filme estrangeiro. Até hoje, só três diretoras receberam este prêmio – a última, em 2011. Esta é a primeira vez desde 2007 que mais de um filme dirigido por mulher disputa na categoria. Saiba mais:
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Jasmila Žbanić, por Quo Vadis, Aida?
Nasceu em Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina, em 1974. Desde a infância gostava muito de cinema e tinha 11 anos quando disse aos pais que queria ser diretora. Seu plano era estudar em Praga, mas com o início da Guerra da Bósnia, em 1991, matriculou-se na Academia de Artes Dramáticas de Sarajevo. O conflito, aliás, seria uma influência muito grande em sua vida e carreira, sendo abordado em vários de seus filmes.
Žbanić formou sua produtora, Deblokada, em 1997, em parceria com Damir Ibrahimovic. No ano seguinte, dirigiu, escreveu e produziu seu primeiro curta-metragem, Noc je, mi svijetlimo. O primeiro longa para o cinema foi Em Segredo (2006), uma análise sobre o legado emocional e político da guerra da Bósnia partir da história de uma mulher e sua filha. Ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlim, o filme foi o candidato da Bósnia e Herzegovina no Oscar de 2007, mas não foi selecionado pela Academia.
Todos os longas posteriores de Žbanić foram exibidos em festivais importantes: Um Outro Caminho (2010) foi selecionado por Berlim; For Those Who Can Tell No Tales (2013), por San Sebastián; Love Island (2014), por Locarno; e Quo Vadis, Aida? (2020), por Veneza e Roterdã. Pelo filme, a cineasta também foi indicada ao prêmio de direção no British Academy Film Awards, ou Bafta, o Oscar do cinema britânico.
A indicação de Quo Vadis, Aida? ao Oscar é a segunda da Bósnia e Herzegovina na categoria de filme internacional – a primeira foi com Terra de Ninguém (2001), de Danis Tanović, que ganhou a estatueta. Também escrito por Žbanić, o filme é ambientado no Massacre de Srebrenica, em 1995, quando mais de 8 mil bósnios muçulmanos foram assassinados por tropas sérvias. No centro da trama está Aida (Jasna Djuricic), que trabalha como tradutora para a Organização das Nações Unidas (ONU) em Srebrenica. Quando o exército sérvio toma conta da cidade, seus familiares se veem entre os milhares de cidadãos que precisam de abrigo. A estreia no Brasil será direto nas plataformas digitais e está prevista para 20 de abril.
Kaouther Ben Hania, por O Homem que Vendeu sua Pele
Nasceu em Sidi Bouzid, na Tunísia, em 1977. Estudou primeiro na Escola de Artes e Cinema de Túnis e, depois, na La Fémis e na Sorbonne, em Paris. Estreou na direção com o curta Brèche (2005), do qual também foi roteirista, e repetiu a dose no ano seguinte com Moi, Ma Soeur et la Chose. Quando passou para os longas, focou primeiro em documentários como Les imams vont à l’école (2010) e Le Challat de Tunis (2013).
Foram seus longas de ficção, porém, que a tornaram mais conhecida pelas plateias internacionais – a começar por A Bela dos Cães, de 2017. Selecionado para a mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, o filme é inspirado na história real de uma jovem universitária que busca ajuda após ser estuprada por policiais. Foi escolhido para representar a Tunísia no Oscar de 2019, mas não conseguiu a indicação.
O reconhecimento da Academia viria com O Homem que Vendeu sua Pele (2020), cuja indicação é histórica: a primeira da Tunísia ao Oscar de filme internacional. A bem-sucedida trajetória do longa começou no Festival de Veneza, no qual o protagonista Yahya Mahayni ganhou o troféu de melhor ator da mostra Horizonte.
Também escrito por Ben Hania, O Homem que Vendeu sua Pele conta a história de Sam Ali, um jovem sírio que se refugia no Líbano. Para poder viajar para a Europa, ele aceita ter suas costas tatuadas por um dos mais importantes artistas contemporâneos do mundo, transformando seu corpo em obra de arte. Com o tempo, porém, ele percebe ter vendido mais do que a própria pele. O filme também tem Monica Bellucci, Dea Liane e Koen de Bouw no elenco. A estreia nos cinemas brasileiros está prevista para agosto.
Luísa Pécora é jornalista e criadora do Mulher no Cinema – fotos: Getty Images
* O Mulher no Cinema publica perfis de todas as mulheres indicadas ao Oscar 2021 até 23/4. A cada dia é publicado um texto sobre uma categoria diferente. Acompanhe a série completa aqui.
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