Quem perdeu alguns dos longas mais comentados e premiados do ano passado tem uma nova chance de assisti-los no 47º Festival Sesc Melhores Filmes, que começa nesta quarta-feira (14) e segue até 5 de maio. Com programação totalmente online e gratuita, o tradicional festival reúne produções escolhidas pelo público e pela crítica como as melhores que passaram pelos cinemas do Brasil em 2020.
A presença de filmes dirigidos e/ou protagonizados por mulheres é forte. Entre os internacionais, os principais destaques são Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), de Céline Sciamma, que foi premiado em Cannes e conquistou plateias no mundo inteiro; e Honeyland (2019), de Tamaka Kotevska e Ljubomir Stefanov, o primeiro longa da história a ser indicado tanto ao Oscar de documentário quanto ao de filme internacional.
Já entre os destaques nacionais estão Babenco – Alguém Tem de Ouvir o Coração e Dizer: Parou (2019), premiado documentário de Bárbara Paz sobre o cineasta Hector Babenco; e Alice Júnior (2019), filme voltado ao público jovem que marca a estreia da atriz Anne Celestino Mota nas telas.
Além disso, uma homenagem para a atriz Marcélia Cartaxo reúne dois de seus trabalhos mais importantes: A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral; e Pacarrete (2019), de Allan Deberton. Todas as exibições do festival são feitas na plataforma do Sesc Digital e parte dos títulos possuem recursos de acessibilidade, com legendas open/close caption, libras e audiodescrição.
O Mulher no Cinema selecionou 14 filmes imperdíveis para quem quer aproveitar o Festival Sesc Melhores Filmes para celebrar o trabalho das mulheres em frente e por trás das câmeras. Confira as dicas abaixo e fique atento aos períodos de exibição, que variam de acordo com cada filme. Para mais informações, acesse o site do festival ou acompanhe o @cinesescsp nas redes sociais.
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“Valentina”
[Brasil, 2020]
Exibição única em 14/4, às 22h
Em busca de um recomeço, a jovem trans Valentina (Thiessa Woinbackk) se muda para o interior de Minas Gerais com a mãe. Os problemas começam quando ela tenta se matricular na nova escola com seu nome social e a administração exige uma assinatura do pai ausente. Dirigido por Cássio Perreira dos Santos.
“Honeyland”
[Macedônia do Norte, 2019]
Em exibição de 15/4 a 5/5
Indicado a duas categorias do Oscar do ano passado (documentário e filme internacional), o longa de Tamaka Kotevska e Ljubomir Stefanov acompanha o cotidiano de Hatidze Muratova, uma apicultora que vive em um pequeno e remoto vilarejo macedônio. Ela cuida da mãe doente e também das abelhas, mas a chegada de uma família nômade ameaça o trabalho, o equilíbrio da natureza e a sustentabilidade do lugar.
“Mulher Oceano”
[Brasil, 2020]
Em exibição de 15/4 a 5/5
Uma escritora brasileira se muda para Tóquio e escreve um novo romance, instigada por suas experiências no Japão e por uma das últimas cenas que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora de travessia oceânica rasgando o horizonte com vigorosas braçadas em mar aberto. As duas mulheres não parecem estar conectadas, até que a vida de uma começa a interferir na da outra. Leia a entrevista com a diretora Djin Sganzerla.
“Maria Luiza”
[Brasil, 2019]
Em exibição de 15/4 a 5/5
A história de Maria Luiza da Silva, a primeira transexual da história das Forças Armadas brasileiras. Após 22 anos como militar, e apta a continuar trabalhando, ela foi aposentada por invalidez. O documentário de Marcelo Díaz investiga porque isso aconteceu e o que fez Maria Luiza ser impedida de vestir a farda feminina.
“A Hora da Estrela”
[Brasil, 1985]
Em exibição de 15/4 a 5/5
Adaptação da obra de Clarice Lispector (1920-1977), acompanha a vida de Macabéa, jovem que muda do Nordeste para o Sudeste, trabalha como datilógrafa e sonha com o amor. Este é o primeiro longa-metragem da diretora Suzana Amaral, que morreu em 2020, e que também escreveu o roteiro em parceria com Alfred Oroz. Ganhou três prêmios no Festival de Berlim, incluindo o de atriz para Marcélia Cartaxo.
“Três Verões”
[Brasil/França, 2020]
Exibição no dia 16/4, às 20h (disponível por 24h)
Dirigido por Sandra Kogut, o filme se passa durante três verões consecutivos (em 2015, 2016 e 2017), sempre na semana entre o Natal e o Reveillón e sempre na mesma luxuosa casa de veraneio na região de Angra dos Reis (RJ). Pelo olhar da caseira Madá (Regina Casé), acompanhamos os escândalos de corrupção que movimentaram o Brasil durante o período. Leia a entrevista com a diretora.
“Aos Olhos de Ernesto”
[Brasil, 2019]
Exibição no dia 17/4, às 20h (disponível por 24h)
Ernesto está tentando lidar com as limitações impostas pelo envelhecimento – da constante solidão à crescente cegueira que ele acha que pode disfarçar. Mas seu metódico cotidiano muda radicalmente quando ele conhece Bia, uma descuidada cuidadora de cães. Dirigido por Ana Luiza Azevedo.
“Todos os Mortos”
[Brasil/França, 2020]
Exibição no dia 21/4, à meia-noite (disponível por 24h)
São Paulo, 1899. De um lado, as mulheres da família Soares, antigas proprietárias de terra, tentam se agarrar ao que resta de seus privilégios. De outro, Iná Nascimento, que por muito tempo foi escravizada, luta para reunir seus entes queridos. O filme de Caetano Gotardo e Marco Dutra competiu em Berlim e tem Mawusi Tulani, Clarissa Kiste, Carolina Bianchi e Thaia Perez no elenco. Leia a entrevista com a produtora Sara Silveira.
[Brasil, 2019]
Em exibição de 22/4 a 28/4
“Pacarrete”
[Brasil, 2019]
Exibição no dia 23/4, às 20h (disponível por 24h)
Marcélia Cartaxo interpreta Pacarrete, uma bailarina incomum que vive em Russas, no interior do Ceará. Na véspera da festa de 200 anos da cidade, ela decide fazer uma apresentação de dança como presente “para o povo”. Mas parece que ninguém se importa. Direção de Allan Deberton.
“Babenco – Alguém Tem de Ouvir o Coração e Dizer: Parou”
[Brasil, 2019]
Exibição no dia 24/4, às 20h (disponível por 24h)
Ganhador de dois prêmios no Festival de Veneza, o documentário dirigido por Bárbara Paz faz um retrato íntimo da vida, da obra e da morte do cineasta Hector Babenco (1946-2016), com quem ela foi casada. O fio condutor é o paralelo entre arte e doença na trajetória pessoal e profissional de Babenco, que teve câncer pela primeira vez aos 38 anos e morreu aos 70. Leia a entrevista com a diretora.
“A Febre”
[Brasil/França/Alemanha, 2019]
Em exibição de 29/4 a 5/5
Premiado nos festivais de Brasília e Rio de Janeiro, o longa de Maya Da-Rin narra a história de Justino (Regis Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante e vive na periferia de Manaus. Quando sua filha está prestes a mudar de cidade, Justino é tomado por uma febre forte.
“Meio Irmão”
[Brasil, 2018]
Exibição no dia 30/4, às 20h (disponível por 24h)
A mãe de Sandra está desaparecida há dias. Sem saber o que fazer, e também sem dinheiro, a garota decide pedir ajuda a Jorge, o meio-irmão com quem tem relação distante. Por sua vez, ele passa por situação difícil: está sofrendo ameaças para não divulgar imagens de uma agressão homofóbica. Dirigido por Eliane Coster.
“Retrato de uma Jovem em Chamas”
[Portrait de la Jeune Fille en Feu, França, 2019]
Exibição no dia 1/5, às 20h (disponível por 24h)
Na França de 1770, a pintora Marianne é chamada para fazer o retrato de casamento de Héloïse, jovem que acaba de deixar o convento. Héloïse reluta em se casar e, por isso, Marianne precisa pintá-la em segredo. Dia após dia, a artista observa a jovem sem que ela saiba que é sua modelo. Escrito e dirigido por Céline Sciamma e estrelado por Noémie Merlant e Adèle Haenel. Saiba mais sobre os bastidores do filme.
* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema em parceria com o CineSesc.