O Oscar 2021 só vai revelar seus premiados em abril, mas já se apresenta como uma edição histórica: pela primeira vez em 93 anos, mais de uma mulher vai disputar o prêmio de direção e um número recorde de pessoas não brancas (nove) está entre os 20 atores e atrizes na disputa pela estatueta.
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A edição deste ano também é sem precedentes dado o impacto da pandemia na indústria cinematográfica. Com cinemas fechados em grande parte do mundo durante quase todo o ano passado, muitos lançamentos foram adiados ou feitos diretamente nas plataformas digitais. Isso levou o Oscar a aceitar, excepcionalmente, a inscrição de filmes que não passaram pelas salas, e também tirou os blockbusters da jogada, já que muitos estúdios preferiram esperar a normalização das atividades (e a próxima temporada de prêmios).
Da mesma forma, pela primeira vez tudo se deu de forma virtual: das campanhas de marketing às premiações prévias, dos festivais aos debates e exibições. Portanto, é difícil e pouco razoável comparar o Oscar 2021 com qualquer outro ou cravar que as indicações deste ano indicam algum tipo de tendência. Mas também é importante notar que o número de mulheres, pessoas não brancas e estrangeiros entre os integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas – ou seja, aqueles que votam no Oscar – mais do que dobrou desde 2015, em resposta ao aumento da pressão do público e dos artistas por diversidade.
A edição de 2020 quebra vários recordes e tabus, a começar pela dupla indicação de mulheres na categoria de direção. Ao concorrerem este ano, Chloé Zhao (Nomadland) e Emerald Fennell (Bela Vingança) tornam-se a sexta e a sétima mulher a disputar na categoria que até hoje só premiou Kathryn Bigelow, em 2010, por Guerra ao Terror. Nascida e criada na China, Zhao é tida como favorita para se unir à Bigelow. Ela é a primeira mulher não branca a concorrer ao troféu de direção e a mulher com mais indicações em um mesmo ano em toda a história, tendo sido reconhecida nas categorias de roteiro adaptado, montagem e melhor filme.
Além de Nomadland, também Bela Vingança concorre ao Oscar de melhor filme, na terceira vez em 93 anos que mais de um longa dirigido por mulher disputa o troféu principal. Em toda a história, apenas 16 filmes de diretoras concorreram na categoria – e Guerra ao Terror foi o único vencedor.
Filmes dirigidos por mulheres também concorrem nas categorias de documentário (quatro de cinco indicados, incluindo o chileno Agente Duplo, de Maite Alberdi) e filme internacional, que pela primeira vez desde 2011 terá duas diretoras concorrendo (e representando Tunísia e Bósnia e Herzegovina). Toca, de Madeline Sharafian, concorre a curta de animação; Uma Canção para Latasha, de Sophia Nahli Allison, a curta de documentário; e The Letter Room, de Elvira Lind, e The Present, de Farah Nabulsi, a curta de live-action.
No total, foram 78 indicações para 72 mulheres diferentes (Zhao, Fennel e Frances McDormand concorrem mais de uma vez), um número bastante superior ao do ano passado, quando foram 68 indicações. Só há duas categorias mistas em que todos os concorrentes são homens: trilha sonora original e direção de fotografia – esta última, vale lembrar, só indicou uma mulher pela primeira e única vez em 2018.
Ainda falando sobre recordes, Viola Davis tornou-se a atriz negra com mais indicações ao Oscar e vai concorrer pela quarta vez, agora por A Voz Suprema do Blues, filme que também fez de Jamika Wilson e Mia Neal as primeiras mulheres negras a disputarem na categoria de cabelo e maquiagem. Destaque de Minari, Youn Yuh-Jung tornou-se a primeira atriz sul-coreana a concorrer, enquanto Frances McDormand recebeu uma dupla indicação inédita: é a primeira mulher a disputar como atriz e produtora no mesmo ano e pelo mesmo filme.
A cerimônia do Oscar será realizada em 25 de abril. Veja todas as mulheres indicadas:
Melhor filme
Ashley Fox, por Bela Vingança
Ceán Chaffin, por Mank
Chloé Zhao, por Nomadland
Christina Oh, por Minari
Emerald Fennell, por Bela Vingança
Frances McDormand, por Nomadland
Mollye Asher, por Nomadland
Direção
Chloé Zhao, por Nomadland
Emerald Fennell, por Bela Vingança
Atriz
Andra Day, por The United States vs. Billie Holiday
Carey Mulligan, por Bela Vingança
Frances McDormand, por Nomadland
Vanessa Kirby, por Pieces of a Woman
Viola Davis, por A Voz Suprema do Blues
Atriz coadjuvante
Amanda Seyfried, por Mank
Glenn Close, por Era uma Vez um Sonho
Maria Bakalova, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Olivia Colman, por Meu Pai
Young Yuh-Jung, por Minari
Roteiro adaptado
Chloé Zhao, por Nomadland
Erica Rivinoja, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Jena Friedman, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Nina Pedrad, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Roteiro original
Emerald Fennell, por Bela Vingança
Filme internacional
Jasmila Žbanić, por Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)
Kaouther Ben Hania, por O Homem que Vendeu sua Pele (Tunísia)
Documentário
Bianca Oana, por Collective
Garrett Bradley, por Time
Lauren Domino, por Time
Maite Alberdi, por Agente Duplo
Marcela Santibáñez, por Agente Duplo
Nicole Newnham, por Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Pippa Ehrlich, por Professor Polvo
Sara Bolder, por Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Animação
Dana Murray, por Soul
Gennie Rim, por A Caminho da Lua
Kori Rae, por Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
Peilin Chou, por A Caminho da Lua
Montagem
Chloé Zhao, por Nomadland
Design de produção
Cathy Featherstone, por Meu Pai
Diana Stoughton, por A Voz Suprema do Blues
Elizabeth Keenan, por Relatos do Mundo
Jan Pascale, por Mank
Karen O’Hara, por A Voz Suprema do Blues
Kathy Lucas, por Tenet
Figurino
Alexandra Byrne, por Emma
Ann Roth, por A Voz Suprema do Blues
Bina Daigeler, por Mulan
Trish Summerville, por Mank
Cabelo e maquiagem
Claudia Stolze, por Emma
Colleen LaBaff, por Mank
Dalia Colli, por Pinóquio
Eryn Krueger Mekash, por Era uma Vez um Sonho
Gigi Williams, por Mank
Jamika Wilson, por A Voz Suprema do Blues
Kimberley Spiteri, por Mank
Laura Allen, por Emma
Marese Langan, por Emma
Mia Neal, por A Voz Suprema do Blues
Patricia Dehaney, por Era uma Vez um Sonho
Som
Coya Elliott, por Soul
Michelle Couttolenc, por O Som do Silêncio
Efeitos visuais
Genevieve Camilleri, por Problemas Monstruosos
Canção original
Celeste Waite, por “Hear My Voice”, da trilha de Os Sete de Chicago
Diane Warren, por “Io Sì (Seen)”, da trilha de Rosa e Momo
H.E.R., por “Fight For You”, da trilha de Judas e o Messias Negro
Laura Pausini, por “Io Sì (Seen)”, da trilha de Rosa e Momo
Tiara Thomas, por “Fight For You”, da trilha de Judas e o Messias Negro
Curta-metragem de live-action
Susan Ruzenski, por Feeling Through
Elvira Lind, por The Letter Room
Farah Nabulsi, por The Present
Shira Hochman, por White Eye
Sofia Sondervan, porThe Letter Room
Curta-metragem de documentário
Alice Doyard, por Colette
Charlotte Cook, por Do Not Split
Janice Duncan, por Uma Canção para Latasha
Sophia Nahli Allison, por Uma Canção para Latasha
Curta-metragem de animação
Madeline Sharafian, por Toca
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Tudo sobre as mulheres no Oscar 2021:
+ Dois longas dirigidos por mulheres concorrem ao Oscar de melhor filme
+Conheça as diretoras negras que estão indicadas ao Oscar 2021
+ Produtora de Nomadland, Frances McDormand tem dupla indicação inédita
+ Viola Davis torna-se a atriz negra que mais vezes foi indicada ao Oscar
+ Aos 73 anos, Youn Yuh-jung é primeira atriz sul-coreana a disputar o Oscar
+ Mia Neal e Jamika Wilson são primeiras mulheres negras indicadas a cabelo e maquiagem
+ Veja as diretoras na disputa pelo Oscar 2021 de filme internacional
+ Dirigido por Maite Alberdi, chileno Agente Duplo disputa documentário
Luísa Pécora é jornalista e criadora do Mulher no Cinema