#52FilmsByWomen de dezembro: Djamila Sahraoui, Deepa Mehta, Alice Rohrwacher, Athina Rachel Tsangari

Estes foram os filmes vistos em dezembro como parte da campanha #52FilmsByWomen:


Basta! (2006), da argelina Djamila Sahraoui – Conhecida também pelo filme Yema (2012), a diretora escolheu a Guerra Civil na Argélia nos anos 1990 para ambientar seu primeiro longa de ficção. Retrata duas mulheres de gerações diferentes à procura do marido da mais jovem delas, que é um jornalista desaparecido. A mulher mais jovem é uma médica e a mais velha é uma enfermeira que viveu a luta pela independência. É um filme sobre a jornada dessas mulheres, que mostra como são tratadas pelos homens argelinos e como a vida delas está relacionada à história do país. E como é explícito no título, o filme pede o fim da violência.


Fogo e Desejo (1996), da indiana Deepa Mehta – Há mais de 20 anos, Deepa Mehta lançava o primeiro filme da trilogia sobre os elementos, que também inclui Earth (1998) e Às Margens do Rio Sagrado (2005), indicado ao Oscar de filme estrangeiro.

Em Fogo e Desejo, cujo título original é apenas Fire, Sita é uma jovem que se submete a um casamento arranjado com Jatin. Ela, então, se muda para a casa em Nova Déli em que viverá com Jatin, o irmão dele e sua esposa, Radha. Jatin tem uma amante chinesa e não se interessa pela esposa. Radha também é uma mulher sexualmente negligenciada pelo marido, que começa a se aproximar muito de Sita. Esse filme é um marco por abordar o lesbianismo numa sociedade como a indiana.

O podcast Feito por Elas tem um episódio que esmiúça bem a obra de Deepa Mehta (ouça aqui). Recomendo muito.


As Maravilhas (2014), da italiana Alice Rohrwacher – O filme acompanha o processo de amadurecimento de Gelsomina, uma garota de 12 anos, o despertar do seu desejo sexual por um garoto que vai viver com a família e seu relacionamento com as três irmãs mais novas. É um retrato essencialmente feminino sobre o início da adolescência. A diretora negou em várias entrevistas que seja autobiográfico, mas, ao vê-lo, dá para sentir uma afetividade com aquela história, como se Gelsomina fosse uma antepassada de Alice.

Leia essa entrevista que a Sofia Coppola fez com a Alice Rohrwacher.


Attenberg (2010), da grega Athina Rachel Tsangari – segundo longa da diretora, o filme já começa com uma cena em que duas garotas se beijam, mas não é um beijo simplesmente, é um enfiar de línguas uma na boca da outra meio violento, sem sentimentos envolvidos. Elas agem de forma estranha ao longo do filme pois não fica claro o que as une em uma amizade. A única coisa em comum entre as duas é a sexualidade. Mesmo assim, Bella (Evangelina Randou) é a experiente, que já saiu com vários homens, enquanto Marina, de 23 anos, não sabe nem por onde começar a ter contato íntimo com alguém.

Marina é a protagonista da história. Ela é criada em uma cidade pequena pelo pai, um arquiteto que está morrendo de câncer. O programa favorito deles é assistir a programas de TV sobre comportamento animal do documentarista Sir David Attenborough. O filme ainda usa como referências de Suicide, primeira banda a adotar o termo “punk”, à cantora francesa pop Françoise Hardy. É um retrato muito interessante de uma juventude que não foi ensinada a fazer alguma coisa, não tem habilidades, em lugares que não apresentam muitas oportunidades de vida. Depois de ver Attenberg, fiquei muito curiosa para ver um outro filme da diretora, o qual se chama Chevalier – está na minha lista.

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Mais #52FilmsByWomen:
+ Novembro: 
Naomi Foner, Lisa Langseth, Patricia Rozema, Signe Baumane
+ Outubro: 
Niki Caro, Isabel Coixet, Eliane Caffé, Cate Shortland, Andrea Arnold
+ Setembro: 
Ana Maria Hermida, Claudia Pinto Emperador, Lucy Mulloy, Hagar Ben-Asher
+ Agosto: 
Sydney Freeland, Shefali Bhushan, Elite Zexer, Leyla Bouzid
+ Julho: 
Julie Dash, Amma Asante, Gina Prince-Bythewood, Ava DuVernay, Mati Diop
+ Junho: 
Marcia Tambutti Allende, Taryn Brumfitt, Anita Leandro, Mary Mazzio
+ Maio: 
Teresa Villaverde, Anocha Suwichakornpong, Moufida Tlatli, Mia Hansen-Løve e Joanna Coates
+ Abril:
 Ildiko Enyedu, Paz Fábrega, Paula Sacchetta e Khadija al-Salami
+ Março: Salomé Lamas, Maren Ade, Marília Rocha e Valérie Donzelli


* Letícia Mendes é jornalista e aceitou nosso convite para aderir à campanha #52FilmsByWomen. Ela vai assistir a um filme dirigido por mulher toda semana durante um ano e dividir a experiência com a gente. Os títulos são revelados sempre às segundas-feiras no FacebookTwitter e Instagram. Clique aqui para saber mais.

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