#52FilmsByWomen de outubro: Niki Caro, Isabel Coixet, Eliane Caffé, Cate Shortland, Andrea Arnold

Estes foram os filmes vistos em outubro como parte da campanha #52FilmsByWomen:


O Zoológico de Varsóvia (2017), da neozelandesa Niki Caro – Este é o sexto longa-metragem da diretora, que tem dois projetos em pré-produção no momento: uma versão live-action de Mulan e um filme sobre Maria Callas (com esse pôster belíssimo da atriz Noomi Rapace no papel).

O filme tem como título original The Zookeeper’s Wife, o que obviamente enfatiza a personagem principal vivida por Jessica Chastain, não exatamente o local onde ocorre a ação, Varsóvia, na Polônia. A história real se passa em 1939, quando o país é invadido por nazistas e um casal ajuda a esconder dezenas de judeus no zoológico e salvá-los.

Tem mais de duas horas de duração e isso deixa a trama bem cansativa. Vale a pena pela vida que Chastain dá à personagem Antonina, uma mulher que merece ser lembrada historicamente. Mas, se você não está a fim de ver mais um filme sobre o Holocausto, melhor pular essa.


Ninguém Deseja a Noite (2015), da espanhola Isabel Coixet – Taí uma cineasta cuja obra é obrigatória. Se ainda não viu, tem de ver filmes como Minha Vida Sem Mim (2003), A Vida Secreta das Palavras (2005) e o mais recente, A Livraria, que acabou de vencer o Goya, considerado o Oscar do cinema espanhol.

Estrelado pela francesa Juliette Binoche (uma das minhas atrizes favoritas de todos os tempos), Ninguém Deseja a Noite é de uma beleza imensa. A premissa já chama a atenção por se tratar da história real da norte-americana Josephine Peary, a primeira mulher a viajar numa exploração no Ártico no início do século 20.

É incrível como no início sentimos uma birra pela personagem, que é basicamente uma “dondoca” que deseja de qualquer jeito encontrar seu marido Robert Peary, mesmo que algumas pessoas morram para realizar essa vontade. No entanto, a jornada dela nos envolve de tal maneira que é criada uma empatia, principalmente na parte em que ela descobre a amante inuíte do marido. Lembre-se de fazer um chá bem quente antes de iniciar o filme pois as cenas em meio à neve são intensas.


Era o Hotel Cambridge (2016), da brasileira Eliane Caffé – Confesso que esse é o primeiro filme que vejo da diretora, que já realizou também Kenoma (1998), Narradores de Javé (2003) e O Sol do Meio Dia (2009). Ou seja, ela está na cena do cinema brasileiro há muito tempo sem ganhar o devido reconhecimento do grande público.

Pode parecer (e é) clichê, mas Era o Hotel Cambridge é daqueles filmes de deixar um nó na garganta, principalmente para quem é de São Paulo e conhece a situação política lamentável no qual a cidade (e também o Estado) se encontra há algum tempo. Também é daqueles filmes que é ficção, mas mais parece documentário.

Mostra a ocupação pela Frente de Luta por Moradia do hotel que fica na Avenida 9 de julho. Antes cheio de lixo e de focos de dengue, o lugar foi recuperado pelo Movimento Sem Teto e abrigou cerca de 200 famílias, incluindo refugiados de vários países em guerra. A diretora frequentou por dois anos essa ocupação para poder transmitir a atmosfera e uma realidade da qual a maioria dos moradores da cidade não faz ideia. É um filme político com certeza.


Lore (2012), da australiana Cate Shortland – Esse é o filme do meio da diretora, que fez Salto Mortal (2004) e Síndrome de Berlim (2017) – ambos eu ainda não vi, mas parecem interessantes por também terem mulheres como protagonistas. Baseado no romance The Dark Room, de Rachel Seiffert, Lore conta a história de uma garota filha de nazistas que é abandonada pela família assim que Hitler morre e obrigada a cuidar dos quatro irmãos mais novos. Ela passará por uma jornada muito bem filmada e descrita, com imagens belíssimas e cruéis, o que nos levará a criar uma empatia com essas crianças criadas pela juventude hitlerista. É de fato uma perspectiva diferente de 1945.


Docinho da América (2016), da britânica Andrea Arnold – Esse filme pode ter vários defeitos, entre eles as quase três horas de duração, mas o tema é muito relevante e a atriz principal, Sasha Lane, é tão incrível que torna tudo credível. Esse, aliás, é o papel de estreia de Sasha, uma estudante de psicologia que foi abordada pela diretora que estava interessada em fazer um filme sobre jovens sem rumo algum nos EUA. O que segue a linha do filme anterior de Andrea, Aquário (2009), sobre uma garota de 15 anos sem perspectiva de futuro em sua cidade.

Andrea teve a ideia de fazer Docinho da América ao ler uma reportagem no New York Times sobre jovens que viajam em grupo para vender assinaturas de revistas e, assim, tentar ganhar dinheiro sem pré-requisitos, apenas usando o carisma e a força de convencimento. E a garota Star (Sasha) se une a esse grupo, onde se apaixona pelo personagem de Shia LaBeouf. Esse tipo de cinema que muitas vezes mais parece um reality show da TV norte-americana me atrai particularmente, e pode ser visto em filmes como Tangerine (2015) e Projeto Flórida (2017), do diretor Sean Baker.

Andrea Arnold também dirigiu recentemente episódios das séries I Love Dick e vai comandar a próxima temporada de Big Little Lies. Sasha Lane está no filme The Miseducation of Cameron Post, o grande ganhador do Festival de Sundance. E recomendo também a leitura dessa matéria do Huffington Post sobre Docinho da América.

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Mais #52FilmsByWomen:
+ Setembro:
Ana Maria Hermida, Claudia Pinto Emperador, Lucy Mulloy, Hagar Ben-Asher
+ Agosto: Sydney Freeland, Shefali Bhushan, Elite Zexer, Leyla Bouzid
+ Julho: 
Julie Dash, Amma Asante, Gina Prince-Bythewood, Ava DuVernay, Mati Diop
+ Junho: 
Marcia Tambutti Allende, Taryn Brumfitt, Anita Leandro, Mary Mazzio
+ Maio: 
Teresa Villaverde, Anocha Suwichakornpong, Moufida Tlatli, Mia Hansen-Løve e Joanna Coates
+ Abril:
 Ildiko Enyedu, Paz Fábrega, Paula Sacchetta e Khadija al-Salami
+ Março: Salomé Lamas, Maren Ade, Marília Rocha e Valérie Donzelli


* Letícia Mendes é jornalista e aceitou nosso convite para aderir à campanha #52FilmsByWomen. Ela vai assistir a um filme dirigido por mulher toda semana durante um ano e dividir a experiência com a gente. Os títulos são revelados sempre às segundas-feiras no FacebookTwitter e Letterboxd. Clique aqui para saber mais.

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