Anos e anos de baixa representação feminina acabaram transformando o Festival de Cannes em um importante palco internacional para as discussões sobre a igualdade de gênero no cinema. Não deve ser diferente na atual edição, que começa nesta quarta-feira (17) e tem apenas três filmes dirigidos por mulheres entre os 19 que disputam a Palma de Ouro.
O número é similar ao registrado em 2016, quando três filmes de diretoras estavam entre os 20 selecionados; e em 2015, quando foram dois filmes entre 19. Em toda a história do festival, apenas um longa dirigido por mulher foi premiado com a Palma de Ouro: O Piano, de Jane Campion, em 1993.
Em outras mostras de Cannes, no entanto, houve uma leve melhora na participação feminina: as mulheres dirigiram 28% dos filmes na mostra Um Certo Olhar (aumento de 6% em relação ao ano passado); e 35% dos filmes na Quinzena dos Realizadores (aumento de 13%), de acordo com o site Women and Hollywood.
Vale lembrar também que há quatro mulheres entre os nove artistas que farão parte do júri do festival, um número igual ao registrado no ano passado. São elas a atriz, diretora e roteirista francesa Agnès Jaoui, de O Gosto dos Outros (2000) e Questão de Imagem (2004); a atriz e produtora chinesa Fan Bingbing, de Lost in Beijing (2007) e The Lady in the Portrait (2016); a atriz e produtora americana Jessica Chastain, de A Hora Mais Escura (2012) e Armas na Mesa (2016); e a diretora, roteirista e produtora alemã Maren Ade, de Todos os Outros (2009) e Toni Erdmann (2016).
Conheça os longas em competição e veja a relação completa de filmes dirigidos por mulheres que serão exibidos no festival:
COMPETIÇÃO
Três dos 19 filmes são dirigidos por mulheres
O Estranho que Nós Amamos, de Sofia Coppola
Veterana de Cannes, onde já exibiu Maria Antonieta (2006) e Bling Ring (2013), a americana volta ao festival com o remake do filme homônimo de 1971. Ambientado na Guerra Civil Americana (1861-1865), o filme conta a história de um soldado da União que é preso em uma escola de mulheres em um território da Confederação. O elenco tem Kirsten Dunst, Elle Fanning e Nicole Kidman, e a estreia no Brasil será em agosto. Veja o trailer
Radiance, de Naomi Kawase
A cineasta japonesa competiu pela Palma de Ouro outras quatro vezes, a mais recente em 2014, por O Segredo das Águas (2014), recebeu o Prêmio do Júri por Floresta dos Lamentos (2007) e a Câmera de Ouro por Suzaku (1997). Em Radiance, narra a relação de Misako, jovem que escreve versões de filmes para cegos, e Masaya, fotógrafo que está perdendo a visão. O elenco tem Masatoshi Nagase e Ayame Misaki. Veja o trailer (em japonês)
You Were Never Really Here, de Lynne Ramsay
Selecionado antes de estar finalizado, o drama conta a história de um veterano de guerra (Joaquin Phoenix) que tenta salvar uma garota envolvida com tráfico sexual (Ekaterina Samsonov). É o primeiro longa da diretora escocesa desde Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011), exibido em competição em Cannes. Ramsay foi premiada no festival pelos curtas Small Deaths (1996) e Gasman (1998), e pelo longa Morvern Callar (2002).
UM CERTO OLHAR
Cinco dos 19 filmes são dirigidos por mulheres
- After the War, de Annarita Zambrano
- Beauty and the Dogs, de Kaouther Ben Hania
- Jeune Femme, de Léonor Serraille
- La Novia Del Deserto, de Cecilia Atán e Valeria Pivato
- Western, de Valeska Grisebach
EXIBIÇÕES ESPECIAIS
Três dos dez filmes são dirigidos por mulheres
- An Inconvenient Sequel, de Bonni Cohen e John Shenk
- Sea Sorrow, de Vanessa Redgrave
- They, de Anahita Ghazvinizadeh
EVENTOS DE ANIVERSÁRIO – 70 ANOS
Duas de seis produções são dirigidas por mulheres
- Come Swim, de Kristen Stewart
- Top of the Lake: China Girl, de Jane Campion e Ariel Kleiman
EXIBIÇÕES FORA DE COMPETIÇÃO
Um de quatro filmes são dirigidos por mulheres
- Visages, Villages, dirigido por Agnès Varda em parceria com JR
QUINZENA DOS REALIZADORES
Três dos 20 longas são dirigidos por mulheres
- Un Beau Soleil Intérieur, de Claire Denis
- I am Not a Witch, de Rungano Nyoni
- La Defensa Del Dragón, de Natalia Santa
- Marlina The Murderer in Four Acts, de Mouly Surya
- Nothingwood, de Sonia Kronlund
- Ôtez-Moi D’un Doute, de Carine Tardieu
- The Rider, de Chloé Zhao
Quatro de dez curtas são dirigidos por mulheres
- Água Mole, de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires
- Farpões, Baldios, de Marta Mateus
- Min Börda, de Niki Lindroth von Bahr
- Tresnje, de Dubravka Turić
SEMANA DA CRÍTICA
Três dos sete longas na competição principal são dirigidos por mulheres
- Ava, de Léa Mysius
- Oh Lucy!, de Atsuko Hirayanagi
- Los Perros, de Marcela Said
Três dos nove longas na competição principal são dirigidos por mulheres
- The Best Fireworks Ever, de Aleksandra Terpínska
- Los Desheredados, de Laura Ferrés
- Les Enfants Partent à L’Aube, de Manon Coubia
- Selva, de Sofía Quirós Ubeda
Um dos três curtas em exibição especial são dirigidos por mulheres
- After School Knife Fight, de Caroline Poggi e Jonathan Vinel
Sofia também exibiu As Virgens Suicidas em cannes