Dos 4 filmes de diretoras na principal mostra de Cannes, 3 foram premiados

A neozelandesa Jane Campion continuou sendo a única cineasta mulher a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes depois de Parasites, de Bong Joon-ho, ser anunciado como o ganhador da edição deste ano. Mas eis um dado interessante: dos quatro filmes dirigidos por mulheres que estavam entre os 21 títulos da competição principal, três receberam troféus neste sábado (25).

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Atlantique, de Mati Diop, a primeira mulher negra a participar da disputa pela Palma de Ouro, levou o Grand Prix; Portrait de la Jeune Fille en Feu, de Céline Sciamma, foi escolhido como melhor roteiro; e Little Joe, de Jessica Hausner, rendeu o troféu de melhor atriz para Emily Beecham. O outro filme dirigido por mulher na competição era Sybill, de Justine Triet.

Como vem acontecendo nos últimos anos, Cannes serviu de palco para discussões de gênero – ainda que não com a mesma contundência do ano passado, quando houve uma manifestação de 82 mulheres no tapete vermelho e a assinatura de um compromisso por maior transparência e igualdade de gênero no festival.

Mais isso não significa que não houve protestos. No dia da entrega da Palma de Ouro honorária para o ator francês Alain Delon, que admitiu ter batido em mulheres durante sua vida, a atriz belga-holandesa Sand Van Roy apareceu no tapete vermelho com uma tatuagem temporária que dizia “Basta de violência contra as mulheres”. Outro momento marcante aconteceu na exibição de Que Sea Ley, documentário de Juan Solanas sobre o aborto na Argentina. Mais de 60 mulheres e ativistas apareceram no tapete vermelho com bandeiras verdes, a cor do movimento pró-aborto no país.

O cinema brasileiro também foi destaque nesta edição de Cannes, com seis filmes selecionados e duas vitórias importante. Bacurau, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, levou o Prêmio do Júri na competição principal, enquanto A Vida Invisível de Eurídice Gusmão triunfou na mostra Um Certo Olhar. Dirigido por Karim Aïnouz e estrelado por Carol Duarte e Julia Stockler, o filme é uma adaptação do romance homônimo escrito por Martha Batalha sobre duas irmãs no Rio de Janeiro dos anos 1950.

Veja todas as mulheres premiadas em Cannes 2019:


COMPETIÇÃO PRINCIPAL

Grand Prix
Atlantique, de Mati Diop

Melhor roteiro
Portrait de la Jeune Fille en Feu, de Céline Sciamma

Melhor atriz
Emily Beecham, por Little Joe


UM CERTO OLHAR

Melhor atuação
Chiara Mastroianni, por Chambre 212

Prêmio Coup de Couer
La Femme de mon Frère, de Monia Chokri


CURTAS

Menção honrosa
Monstruo Diós, de Agustina San Martín


QUINZENA DOS REALIZADORES

Prêmio SACD
Une Fille Facile, de Rebecca Zlotowski


CINÉFONDATION

Melhor filme
Mano a Mano, de Louise Corvoisier

Terceiro prêmio
The Little Soul, de Barbara Rupik
* dividido com Ambience, de Wisam Al Jafari


QUEER PALM

Portrait de la Fille en Feu, de Céline Sciamma


CST ARTIST-TECHINICIAN PRIZE

Prêmio principal
Flora Volpelière, editora de Les Misérables
* em parceria com o diretor de fotografia Julien Poupard

Menção honrosa
Claire Mathon, diretora de fotografia de Atlantique e Portrait de la Jeune Fille en Feu


Luísa Pécora é jornalista e criadora do Mulher no Cinema 

Foto do topo: Getty Images

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