Naomi Kawase, Lucia Murat, Josephine Decker, Viviane Ferreira, Susanna Nicchiarelli, Agnizeska Holland e Joyce Prado são algumas das diretoras com filmes selecionados para a 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que ocorre de 22 de outubro a 4 de novembro.
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Por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), neste ano a Mostra será online e acessível a todo o território nacional, com filmes exibidos na plataforma do próprio festival a R$ 6 (cada). Também haverá uma seleção gratuita nas plataformas da Spcine e do Sesc (conheça aqui os oito títulos dirigidos por mulheres), além de algumas sessões em drive-ins da capital paulista.
Os filmes dirigidos por mulheres representam quase 29% do line-up da Mostra, porcentagem similar às registradas em 2018 e 2017. O júri do festival tem duas mulheres entre seus três integrantes: a montadora Cristina Amaral e a produtora Sara Silveira, que também será homenageada com o Prêmio Leon Cakoff. A Mostra ainda entrega o Prêmio Humanidade aos funcionários da Cinemateca Brasileira, instituição que enfrenta grave crise e tornou-se símbolo do descaso do governo em relação ao cinema e à cultura do país.
Para quem quer aproveitar a Mostra para prestigiar o trabalho de diretoras brasileiras e estrangeiras, o Mulher no Cinema fez uma lista com todos os filmes dirigidos por mulheres na programação. Confira:
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“Al-Shafaq – Quando o Céu se Divide”
[Al-Shafaq – When Heaven Divides, Suíça, 2020]
A família Kara é da Turquia, mas vive há muitos anos na Suíça. Os dois filhos mais velhos se adaptam bem às duas culturas, mas Burak, o caçula, sente que não pertence a lugar algum. Quando Burak começa a estudar o Alcorão, os pais, Emine e Abdullah, sentem orgulho e não notam seus ideias extremistas. Mas, um dia, ele foge para lutar na guerra santa e Abdullah tem de sair em busca do filho. Direção de Esen Isik.
“Ana. Sem Título”
[Brasil/Argentina, 2020]
A diretora Lucia Murat une documentário e ficção na história de Stela, atriz brasileira que pesquisa cartas trocadas entre artistas plásticas latino-americanas nos anos 1970 e 1980. Ao investigar a realidade destas mulheres, que na época enfrentavam ditaduras, Stela descobre a existência de Ana, jovem que em 1968 trocou o interior do sul do Brasil por Buenos Aires. Stela, então, decide encontrar Ana e saber o que aconteceu com ela.
“Animais Nus”
[Nackte Tiere, Alemanha, 2020]
Cinco amigos crescem em uma cidadezinha no meio do nada na Alemanha. Prestes a concluir os estudos, eles enfrentam um momento de decisão: devem partir ou continuar por ali mesmo? Em meio à amor, violência e solidão, Katja, Sascha, Benni, Laila e Schöller procuram a si próprios e fogem uns dos outros. Exibido no Festival de Berlim, o filme é dirigido por Melanie Waelde.
“A Arte de Derrubar”
[The Art of Fallism, Noruega/África do Sul, 2019]
Sentindo-se alienada, Wandile se junta a um grande protesto pela descolonização da universidade na África do Sul. As manifestações evoluem para um movimento nacional pela educação gratuita e o fim das repressões que ficaram de herança do apartheid. De repente, tornam-se alvo de ataques da direção da instituição, da polícia e do exército, ao mesmo tempo em que conflitos internos ameaçam separar o movimento. Dirigido por Gunnbjörg Gunnarsdóttir e Aslaug Aarsæther, foi exibido nos festivais Hot Docs e Visions du Réel.
“Assim Como Acima, Abaixo”
[Kama Fissamaa’ Kathalika Ala Al-Ard, Líbano, 2020]
Um grupo de pessoas perambula em uma paisagem desértica como se estivessem mapeando, explorando ou reorganizando o território. À medida que se movem, as mudanças nas paisagens sonoras os fazem cruzar geografias virtualmente. No céu, um satélite parecido com a Lua está acima de suas cabeças, seguindo-os como um presságio. Realidade e fantasia se entrelaçam no filme de Sarah Francis, exibido no Festival de Berlim.
“Beans”
[Canadá, 2020]
Baseado em eventos reais, o filme de Tracey Deer narra o impasse de 78 dias que ocorreu no Québec na década de 1990 entre comunidades Mohawk e as forças do governo. O impasse, citado na mídia como a Crise Oka, chamou a atenção de todo o país enquanto protestos ocorriam contra a expansão de um campo de golfe em uma floresta e num cemitério. No centro da história está Beans, uma garota Mohawk de 12 anos que descobre o ativismo e os impactos devastadores do racismo. Vencedor do prêmio Estrelas em Ascenção do Festival de Toronto.
“Calazar”
[Kala Azar, Holanda/Grécia, 2020]
Nas margens de uma cidade em algum lugar do sul da Europa, um jovem casal começa sua rotina de trabalho: recolher animais de estimação mortos para cremá-los e devolver suas cinzas aos donos. De vez em quando, eles também coletam e cremam animais atropelados. Até que o próprio casal se vê envolvido em um atropelamento. Dirigido por Janis Rafa, ganhou o prêmio KNF do Festival de Roterdã.
“Casulo”
[Kokon, Alemanha, 2020]
Nora é uma garota de 14 anos que tenta se encaixar nos padrões e na turma da irmã mais velha. Tudo muda em um determinado verão, quando Nora conhece e se apaixona por Romy. Ela também tem sua primeira menstruação, aprende a se defender e sofre por amor. Pelos olhos da protagonista, o filme da diretora Leonie Krippendorff mostra um momento de mudanças extremas. Exibido no Festival de Berlim.
“O Charlatão”
[Charlatan, República Tcheca/Irlanda/Polônia/Eslováquia, 2019]
Dirigido por Agnieszka Holland, o filme é inspirado na história do herborista tcheco Jan Mikolasek (1887-1973). Renomado na Tchecoslováquia antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o curandeiro viu sua reputação e sua riqueza crescerem durante a ocupação nazista e sob o regime comunista. Um após o outro, os regimes se beneficiaram das habilidades de Mikolasek e lhe deram proteção em troca. Mas quão altos devem ser os custos para manter esse status quando as coisas mudarem? Exibido no Festival de Berlim.
“Chico Rei entre Nós”
[Brasil, 2020]
Chico Rei foi um rei congolês escravizado que lutou pela liberdade – a sua e a de seu povo – durante o Ciclo do Ouro em Minas Gerais. A história desse personagem é o ponto de partida para que o filme explore os diversos ecos da escravidão brasileira na vida dos negros hoje, entendendo seu movimento de autoafirmação e liberdade a partir de uma perspectiva coletiva. Dirigido por Joyce Prado.
“Colômbia Era Nossa”
[Colombia In My Arms, Finlândia/França/Dinamarca/Noruega, 2020]
Após 52 anos de conflitos armados, as guerrilhas das Farc, na Colômbia, estão prestes a entregar suas armas em troca de participação política e de inclusão social para os mais pobres. Com o aguardado acordo de paz, Ernesto, um dos guerrilheiros, se vê em meio ao caos em uma sociedade que tem medo do futuro e teme pela própria sobrevivência. O documentário é dirigido por Jenni Kivistö e Jussi Rastas.
“Cozinha F*der Matar”
[Cook F**k Kill, República Tcheca/Eslováquia, 2019]
Um dia na vida de Jaroslav, um belo e aparentemente bem-humorado filho, pai e marido. Tímido motorista de ambulância, ele tem um relacionamento complexo com a esposa, Blanka, que usa os três filhos do casal para conseguir o que quer. Jaroslav, por sua vez, esconde que tem ciúmes patológicos de Blanka e pavor de que ela o abandone com as crianças. Dirigido por Mira Fornay, foi exibido no Festival de Roterdã.
“Dau. Natasha”
[Alemanha/Ucrânia/Reino Unido/Rússia, 2020]
Natasha administra o refeitório de um instituto soviético secreto de pesquisa nos anos 1950. Durante uma festa, ela fica próxima de um cientista francês que está visitando o local. No dia seguinte, é convocada para um interrogatório por um general da KGB, que questiona a natureza de sua relação com o convidado estrangeiro. Exibido no Festival de Berlim, o longa de Jekaterina Oertel e Ilya Khrzhanovskiy é parte de um projeto que combina diferentes artes para simular o sistema totalitário soviético.
“De Volta a Visegrad”
[Retour à Visegrad, Suíça, 2020]
Em abril de 1992, eclode a guerra na Iugoslávia. Na cidade de Visegrad, ao leste da Bósnia, a escola local fecha e os alunos muçulmanos e sérvios são separados. Mais de 25 anos depois, Budimir Zecevic, o ex-diretor da escola, e Djemila Krsmanovic, a viúva de um dos professores, começam uma longa jornada para tentar reunir esses estudantes. O documentário de Julie Biro e Antoine Jaccoud foi exibido no festival Visions du Réel.
“A Deusa dos Vagalumes”
[La Déesse des Mouches à Feu, Canadá, 2020]
Aos 16 anos, Cat passa por transformações: o primeiro amor, as primeiras experiências sexuais e o divórcio devastador de seus pais acontecem ao mesmo tempo. Em seu novo círculo de amigos, ela encontra a mescalina, que a induz a estados de êxtase e que logo passa a comandar sua rotina diária. Baseado no romance homônimo de Geneviève Pettersen, o filme de Anaïs Barbeau-Lavalette foi exibido no Festival de Berlim.
“Dezesseis Primaveras”
[16 Printemps, França, 2020]
Suzanne tem 16 anos e pessoas de sua idade a deixam entediada. Passando por um teatro a caminho do colégio, a menina conhece um homem mais velho, que se torna obcecado por ela. Os dois se apaixonam, mas Suzanne tem medo de estar perdendo um momento de sua vida. Dirigido por Suzane Lindon, o filme integrou a seleção oficial do Festival de Cannes e foi exibido nos festivais de San Sebastián e Toronto.
“Um Dia com Jerusa”
[Brasil, 2020]
Silvia, uma jovem pesquisadora de mercado, enfrenta as agruras do subemprego enquanto aguarda o resultado de um concurso público. Jerusa, de 77 anos, é testemunha ocular do cotidiano vivido no bairro paulistano do Bixiga. No dia do aniversário de Jerusa, enquanto ela espera a família para comemorar, suas memórias se encontram com a mediunidade de Silvia. Dirigido por Viviane Ferreira.
“Entre Cão e Lobo”
[Entre Perro y Lobo, Cuba/Espanha/Colômbia, 2020]
Imersos na selva de Sierra Maestra, três veteranos da Guerra Civil Angolana relutam em abandonar o espírito revolucionário que os uniu. Nas décadas de 1970 e 1980, as tropas cubanas apoiaram o Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA). Agora, os três praticam manobras de batalha, se camuflam com lama e mergulham cada vez mais fundo nesse ambiente —sem sabermos exatamente para onde estão indo ou por quê. Exibido no Festival de Berlim, o filme é dirigido por Irene Gutiérrez.
“Entre Nós, Um Segredo”
[Brasil/México/Burkina Faso, 2020]
Toumani Kouyaté vivia no Brasil quando, em 2014, foi surpreendido pela convocação do avô para retornar com urgência ao Mali, seu país natal, junto a outros mais de 40 cidadãos malineses que moravam fora, para ouvi-lo contar uma última história. Dirigido pelo próprio Kouyaté em parceria com Beatriz Seigner, o documentário mostra como a cultura oral é um importante componente social e político que precisa de continuidade.
“Entre o Céu e a Terra”
[Between Heaven and Earth, Palestina/Luxemburgo/Islândia, 2019]
Salma é uma palestina de Nazaré e seu marido, Tamer, é filho de um famoso intelectual e revolucionário morto em Beirute. Após cinco anos casados, Salma e Tamer irão se separar. No processo de divórcio, os dois são confrontados com uma descoberta surpreendente sobre o passado do pai de Tamer. Dirigido por Najwa Najjar.
“Equinócio”
[Tagundnachtgleiche, Alemanha, 2020]
Alexander tem 30 anos e nunca se apaixonou, mas viu em Paula, uma atriz de teatro, a possibilidade de compartilhar um futuro com alguém. Antes que pudesse realmente conhecê-la, ela morre em um acidente. Erroneamente acolhido pela família como se fosse o namorado de Paula, Alexander leva a farsa adiante e se aproxima da irmã dela, Marlene. Dirigido por Lena Knauss.
“Estava Chovendo Pássaros”
[Il Pleuvait des Oiseaux, Canadá, 2019]
Três idosos eremitas vivem embrenhados em uma floresta no Québec, isolados do resto do mundo. Enquanto incêndios florestais ameaçam a região, a tranquila rotina local é abalada pela chegada de duas mulheres: uma octogenária luminosa e uma jovem fotógrafa. Baseado no romance And the Birds Rained Down, de Jocelyne Saucier, o filme da diretora Louise Archambault foi exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián.
“Êxtase”
[Brasil, 2020]
Clara vive com os pais na periferia de São Paulo, em um bairro que está sendo tomado pelo crime organizado. Quando sua mãe é eleita deputada, a jovem se muda com a família para o Distrito Federal. À medida em que passa a temer pela vida de sua mãe, Clara entra numa espiral de autodestruição e desenvolve um distúrbio alimentar. Dirigido por Moara Passoni, o documentário foi exibido no festival CPH:DOX.
“Farewell Amor”
[EUA, 2020]
Dezessete anos depois de ser forçado a deixar sua família em Angola, Walter está à espera da esposa, Esther, e da filha, Sylvia, no aeroporto em Nova York. Esse reencontro, porém, está longe de ser perfeito. Mas quando Sylvia passa a explorar a cidade e participar de uma competição de dança, ela inesperadamente abre caminho para a família começar a se redescobrir. Dirigido por Ekwa Msangi, o filme foi exibido no Festival de Sundance.
“Gato na Parede”
[Cat in the Wall, Bulgária/Reino Unido/França, 2019]
Irina, uma mulher búlgara, mora com o filho e o irmão em uma habitação social no sudeste de Londres. O lugar é dividido por classes, os residentes têm relações tumultuadas e uma indesejável e cara reforma será realizada. No meio de tudo isso, um gato aparentemente sem dono se entrincheira dentro de uma parede. Exibido no Festival de Locarno e no SXSW, o filme tem direção de Mina Mileva e Vesela Kazakova.
“Guerra”
[Portugal, 2020]
A partir das recordações de um professor de língua portuguesa, seguimos seu pai, Manuel, um ex-combatente da guerra colonial. Iremos com ele até os quartéis em que fez sua formação e os lagos e jardins da sua juventude, bem como ao abismo da sua memória. Direção de Marta Ramos e José Oliveira.
“Impedimento em Cartum”
[Khartoum Offside, Sudão/Noruega/Dinamarca, 2019]
Determinadas a jogar futebol profissionalmente, jovens de Cartum, capital do Sudão, desafiam a proibição imposta pelo governo militar islâmico do país. O documentário de Marwa Zein acompanha essas mulheres ao longo de vários anos, durantes momentos de esperança e de decepção. Exibido no Festival de Berlim e em festivais de documentários como Visions du Réel, CPH:DOX, Sheffield, Hot Docs e IDFA.
“Irmã”
[Brasil, 2020]
A mãe das garotas Ana e Julia sofre de uma doença terminal e pede às filhas para irem em busca do pai no interior do Rio de Grande do Sul. Neste mesmo momento, um asteroide vai colidir com a Terra. Com o fim do mundo iminente, Ana e Julia começam a confundir a realidade e encontram fantasias, superpoderes, fantasmas e dinossauros. Exibido no Festival de Berlim, tem direção de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes.
“Irmãs Separadas”
[Im Feuer, Alemanha/Grécia, 2020]
IRojda é uma soldado alemã com raízes curdo-iraquianas que vive na Alemanha desde a infância. Após reencontrar a mãe em um campo de refugiados na Grécia, ela descobre que sua irmã Dilan ainda está no Iraque. Para encontrá-la, Rojda solicita uma transferência para Erbil, no Iraque. Mas quanto mais ela busca a irmã, mais fica presa entre os dois lados de um conflito. Dirigido por Daphne Charizani, foi exibido no Festival de Berlim.
“O Livro dos Prazeres”
[Brasil/Argentina, 2020]
A diretora Marcela Lordy faz uma livre adaptação de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, obra escrita por Clarice Lispector (1920-1977). Na trama, Lóri é uma mulher solitária e melancólica que um dia conhece o argentino Ulisses, um renomado, egocêntrico e provocador professor de filosofia. É com ele que Lóri aprenderá a amar e a enfrentar sua própria solidão. O Mulher no Cinema divulgou o cartaz do filme aqui.
“Lorelei”
[EUA, 2020]
Wayland passou 15 anos na prisão por assalto à mão armada. Após ser liberto, retorna à sua cidade natal e se reaproxima de Dolores, que foi sua namorada na escola e hoje é mãe solo de três filhos. Wayland vai morar com essa caótica família e se vê atraído aos velhos hábitos, ao mesmo tempo em que Dolores deseja realizar seu sonho pré-maternidade: morar em Los Angeles. Dirigido por Sabrina Doyle, foi exibido no Festival de Tribeca.
“Luxor”
[Egito/Reino Unido, 2020]
Hana está em busca de tranquilidade depois de um período traumático trabalhando em uma clínica na fronteira da Jordânia com a Síria, onde se especializou no tratamento de vítimas feridas na guerra. Ela encontra refúgio na majestosa Luxor, cidade egípcia onde viveu quando tinha 20 anos e onde namorou Sultan. Nesta nostálgica viagem, ela perambula por saguões de hotéis e locais históricos até que, inesperadamente, reencontra Sultan. Dirigido por Zeina Durra, foi exibido no Festival de Sundance.
“Mães de Verdade”
[Asa Ga Kuru, Japão, 2020]
Após um longo e frustrado esforço para engravidar, e convencidos pelo discurso de uma associação de adoção, Satoko e o marido decidem adotar um menino. Alguns anos depois, a paternidade do casal é abalada por uma garota desconhecida, Hikari, que finge ser a mãe biológica da criança. Satoko, então, resolve confrontar Hikari diretamente. Dirigido por Naomi Kawase, o filme foi exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián.
“Uma Máquina para Habitar”
[A Machine to Live In, EUA, 2020]
O documentário dirigido por Meredith Zielke e Yoni Goldstein explora e conecta a arquitetura de Brasília, marcada pelas construções icônicas de Oscar Niemeyer, e o misticismo. Será que os formatos interessantes dos prédios captam energias cósmicas? Seria por isso que, em Brasília, afloraram ufólogos, cultos maçônicos e espiritualistas? Exibido no festival Visions du Réel.
“Mamãe, Mamãe, Mamãe”
[Mamá, Mamá, Mamá, Argentina, 2020]
Uma garota se afoga na piscina de sua casa e o corpo fica lá até que sua mãe o encontre. Ela deixa a outra filha, Cleo, sozinha à espera da tia e das primas Leoncia, Manuela e Nerina. Cada uma dessas jovens está imersa em um microcosmo particular. Junto com elas, Cleo mergulha no mundo feminino da infância. Dirigido por Sol Berruezo Pichon-Rivière, ganhou menção especial do júri na mostra Generation Kplus no Festival de Berlim.
“Mar de Dentro”
[Brasil, 2020]
Manuela é uma profissional de sucesso que tem de lidar com a transformação de seu corpo e de seu cotidiano ao descobrir que está grávida. Apesar de nunca ter contemplado a maternidade, e em meio a muitos desafios, quando o bebê nasce ela precisa aprender a ser mãe. Dirigido por Dainara Toffoli.
“Meu Rembrandt”
[My Rembrandt, Holanda, 2019]
Trezentos e cinquenta anos após a morte do celebrado pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669), nações inteiras parecem estar cada vez mais obcecadas pelos quadros do artista. Neste documentário, a diretora Oeke Hoogendijk investiga o mundo superexclusivo dos colecionadores de arte. Exibido no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA).
“Minha Incrível Wanda”
[Wanda, Mein Wunder, Suíça, 2020]
Wanda cuida de Josef, o patriarca da rica família Wegmeister-Gloor, e envia grande parte do salário para a família na Polônia, onde seus pais cuidam de seus filhos. Gregi, herdeiro de Josef, gosta de Wanda e deixa o pai com ciúmes, enquanto Sofie, a irmã, a acusa de roubar dinheiro da casa. Quando um problema inesperado emerge, os segredos dessa família vêm à tona. Dirigido por Bettina Oberli.
“Miss Marx”
[Itália/Bélgica, 2020]
O filme de Susanna Nicchiarelli conta a história de Eleanor Marx (1855-1898), a filha mais nova de Karl Marx (1818-1883). Ela foi uma das primeiras mulheres a vincular feminismo e socialismo e participou ativamente na reivindicações das trabalhadoras pelos direitos das mulheres e pela abolição do trabalho infantil. Ganhador do prêmio de melhor filme pela Associação Italiana de Cineclubes no Festival de Veneza.
“Mulher Oceano”
[Brasil, 2020]
Uma escritora brasileira se muda para Tóquio e dedica-se a escrever um novo romance, instigada por suas experiências no Japão e por uma das últimas cenas que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora de travessia oceânica rasgando o horizonte com vigorosas braçadas em mar aberto. As duas mulheres não parecem estar conectadas, até que a vida de uma começa a interferir na da outra. Dirigido por Djin Sganzerla.
“Murmúrio”
[Murmur, Canadá, 2019]
Donna foi condenada por dirigir sob o efeito de álcool e, como parte da sentença, deve prestar serviço comunitário em um abrigo de animais. Quando um cachorro com idade avançada está em vias de ser sacrificado, Donna decide resgatá-lo. Conforme vai levando cada vez mais animais para casa, a situação sai do controle. Dirigido por Heather Young, foi exibido no Festival de Toronto.
“Panquiaco”
[Panamá, 2020]
Há muitos anos, Cebaldo se despediu de sua família, que faz parte da população indígena do Panamá. Agora, trabalha num porto no norte de Portugal. As lembranças o afastam de sua rotina diária e o mergulham em uma jornada de volta à sua aldeia em Guna Yala, onde um médico botânico o confronta com a impossibilidade de retornar ao passado. Dirigido por Ana Elena Tejera, foi exibido no Festival de Roterdã e no Hot Docs.
“Pilatos”
[Pilátus, Hungria, 2019]
Iza é médica e mora em uma grande cidade. Um dia, ela decide que a mãe, Anna, que acabou de ficar viúva e vive no interior, deve morar com ela. A convivência, porém, faz com que o relacionamento entre mãe e filha, ambas com personalidades fortes, entre em colapso. O filme é uma adaptação do livro homônimo da autora húngara Magda Szabó. Dirigido por Linda Dombrovszky.
“O Problema de Nascer”
[The Trouble with Being Born, Áustria/Alemanha, 2020]
Elli é uma androide e mora com um homem a quem chama de pai. Durante o dia, os dois nadam na piscina e à noite ele a coloca na cama. Ela compartilha suas memórias e qualquer outra coisa que o homem a programe para lembrar. Certa noite, Elli sai rumo à floresta seguindo um eco que se desvanece. Dirigido por Sandra Wollner, ganhou o Prêmio Especial do Júri da seção Encontros no Festival de Berlim.
“Quando a Lua Estava Cheia”
[Shabii Ke Mah Kamel Shod, Irã, 2019]
Abdolhamid vive na fronteira entre Irã e Paquistão e se casa com Faezeh, de Teerã. Após um tempo, Fazeh descobre que a família de Abdolhamid realiza atividades ilícitas em uma província iraniana, e decide fugir com o marido para o Paquistão. Lá, eles encontram o irmão de Abdolhamid, o terrorista Abdolmalek Rigi. Baseado em história real, o filme é dirigido por Narges Abyar.
“Rebeldes de Verão”
[Summer Rebels, Alemanha/Eslováquia, 2020]
Jonas, 11, quer passar férias no interior da Eslováquia com o avô, Bernard, mas sua mãe fez planos de ir para o litoral. O garoto, então, foge de casa e ruma sozinho para a cidadezinha onde Bernard vive. Ao chegar, descobre que o vovô legal se tornou rabugento e mal-humorado. Felizmente, Jonas logo faz amizade com a vizinha, e juntos eles criam um esquema para arrecadar dinheiro para uma jangada. Dirigido por Martina Saková.
“Rose Interpreta Julie”
[Rose Plays Julie, Irlanda/Reino Unido, 2019]
Rose decide entrar em contato com Ellen, a mãe biológica que a colocou para adoção. Agora uma atriz de sucesso, Ellen mora em Londres e não está interessada nessa aproximação. Mas Rose não se deixará ser ignorada, e suas descobertas abalarão a frágil identidade que construiu para si mesma. Dirigido por Christine Molloy e Joe Lawlor, o longa foi exibido no Festival de Londres.
“Shirley”
[EUA, 2020]
O filme da diretora Josephine Decker é centrado na escritora de terror Shirley Jackson (1916-1965) e seu marido, o professor e crítico literário Stanley Hyman (1919-1970). Quando o estudante Fred Nemser e sua esposa grávida, Rose, vão morar com os Hymans no outono de 1964, eles se veem envoltos sob o encanto e o magnetismo dos brilhantes e pouco convencionais anfitriões. Exibido no Festival de Berlim e vencedor do Prêmio Especial do Júri da competição americana de ficção do Festival de Sundance.
“Sobradinho”
[Brasil, 2020]
Nos anos 1970, uma barragem e uma usina hidrelétrica foram construídas em Sobradinho, no sertão da Bahia. Como resultado, 73 mil pessoas foram deslocadas e quatro cidades e dezenas de vilas ficaram submersas. Dona Pequenita foi a única habitante a retornar ao local; lá, ela vive em uma cidade-fantasma e recebe a visita de três agentes sociais que possuem vídeos e fotos antigas da região. Dirigido por Marília Hughes e Cláudio Marques.
“Solo”
[Toprak, Alemanha/Turquia, 2020]
Desde que seus pais morreram, o adolescente Burak mora com a avó e o tio, Cemil, em uma pequena vila na Turquia, onde trabalham vendendo romãs. Enquanto Cemil, que é muito religioso, se contenta com a vida que leva por ali, Burak quer mudar para a cidade grande e entrar na faculdade. Quando a avó adoece, os dois precisarão tomar decisões difíceis. Dirigido por Sevgi Hirschhäuser.
“Tentehar – Arquitetura do Sensível”
[Brasil, 2020]
O filme de Paloma Rocha busca retratar o que move o homem a lutar pelo seu direito de existir de maneira digna. Ela vai à tribo da terra indígena Arariboia, que conserva seu estilo de vida sustentável e viu um de seus líderes ser assassinado por madeireiros em 2019, e investiga as crises civilizatória, política, de direitos humanos e ambiental que tomaram conta do Brasil na última eleição presidencial.
“A Terra É Azul como uma Laranja”
[Zemlya Blakytna, Hiby Apelcyn, Ucrânia/Lituânia, 2020]
Anna é uma mãe solo que vive com os quatro filhos na zona de guerra de Donbass, na Ucrânia. Enquanto o mundo externo é feito de bombas e de caos, eles tentam manter a casa como uma espécie de porto seguro. Apaixonados por cinema, decidem fazer um filme inspirado em suas experiências em tempos de guerra. Exibido nos festivais de Sundance e de Berlim e no Hot Docs, o documentário é dirigido por Iryna Tsilyk.
“As Veias do Mundo”
[Die Adern Der Welt, Alemanha/Mongólia, 2020]
Amra mora nas estepes da Mongólia e leva a vida comum de um menino de 11 anos. A normalidade de sua infância é brutalmente interrompida quando seu pai morre em um acidente. Amra decide honrar o legado deixado a ele e assume a luta do pai contra as empresas mineradoras que exploram a sua região. Exibido no Festival de Berlim, o filme é dirigido por Byambasuren Davaa.
“A Vida na Estrada”
[Life on the Road, Iraque, 2020]
Em 2015, o produtor Bahman Ghobadi e alguns colegas ensinaram crianças em um campo de refugiados no Iraque a filmar. Depois das aulas, garotos e garotas gravaram seus próprios filmes, baseados na rotina de cada um, que deram origem ao longa documental A Vida na Fronteira (2016). Agora, quatro desses jovens cineastas – Sidra Rezwan, Salva Soleiman Sedo, Ekhlas Heydar Samubud, Adnan Faroq – retornam às suas cidades natais na Síria, já livres do Estado Islâmico, e filmam novos curtas.
“Walden”
[França, Lituânia, 2020]
Depois de 30 anos de exílio em Paris, Jana viaja de volta a Vilnius, capital da Lituânia. Ela quer ver novamente o lago que Paulius, seu primeiro amor, chamava de Walden. O filme da diretora Bojena Horackova é um conto da juventude lituana antes da queda do comunismo. Exibido no Festival de Locarno, o filme também fez parte da seleção da L’ACID do Festival de Cannes.
“Xeque-Mate”
[Brasil/Uruguai, 2020]
O documentário de Bruna Piantino traça um panorama sociopolítico para explorar as mudanças na sociedade uruguaia desde a legalização da cannabis, levando em conta cenários culturais, políticos, econômicos, medicinais e industriais. Com entrevistas com profissionais de diversas áreas, o filme usa uma partida de xadrez para retratar o jogo de poder no mundo das drogas e como cada ator social planeja sua jogada.