Atrizes de “Aves de Rapina” defendem protagonismo das mulheres imperfeitas

Uma breve caminhada pelos corredores da Comic Con Experience, evento dedicado à cultura pop que ocorreu no início do mês em São Paulo (SP), não deixava dúvida: Arlequina, criação da DC Comics, era uma das personagens mais populares entre as cosplayers. Mas por que tantas meninas se inspiram em uma mulher que muitos chamariam de psicopata – inclusive Margot Robbie, que a interpreta no cinema?

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A atriz australiana volta a viver a personagem em Aves de Rapina, filme que estreia em 7 de fevereiro nos cinemas e foi um dos destaques da CCXP deste ano. Robbie subiu ao palco do Auditório Cinemark e também conversou com jornalistas em uma entrevista coletiva no Palácio Tangará, ao lado da diretora Cathy Yan e das colegas de elenco Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro), Mary Elizabeth Winstead (Caçadora), Rosie Perez (Renée Montoya) e Ella Jay Basco (Cassandra Cain).

Robbie disse ter “se apaixonado” por Arlequina ao começar a ler os quadrinhos em preparação para Esquadrão Suicida (2016). “Arlequina não tem nenhum traço de alguém que possa ser considerada modelo, mas de algum jeito estranho as pessoas a veem com modelo”, afirmou a atriz. “Eu entendo seus defeitos, e acho que talvez as pessoas se relacionem tanto com ela justamente por causa destes defeitos, por ela não ser perfeita. Talvez devamos honrar as imperfeições mais vezes. Talvez mostrar alguém que encontra sua força apesar das circunstâncias seja mais empoderador do que mostrar quem é forte o tempo todo.” 

O palpite de Margot Robbie deu o tom da coletiva, com outras atrizes celebrando o modo como Aves de Rapina escala mulheres imperfeitas como protagonistas. “Estou animada em fazer parte de um filme deste tamanho no qual vamos ver anti-heroínas”, afirmou Mary Elizabeth Winstead. “Já vimos muitos personagens homens que são interessantes e poderosos por causa de suas falhas, mas isso não é comum no caso das mulheres.”

Jurnee Smollett-Bell disse que a equipe “tinha fome de mostrar mulheres reais”. “Estou cansada de ver mulheres perfeitas nas telas, porque não somos assim”, opinou. “Os homens podem ser eles mesmos, e acho que uma coisa muito legal de Aves de Rapina é que você apenas nos vê como somos.” 

Rosie Perez, Ella Jay Basco, Jurnee Smollett-Bell, Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead e Cathy Yan
participam de painel com Mari Moon na CCXP – Foto: Diego Padilha/Divulgação

A convite do Telecine, o Mulher no Cinema participou do painel de Aves de Rapina na CCXP e assistiu a dois vídeos exclusivos. Cheio de ação, o material mostra que o ponto de partida do longa é o fim do relacionamento abusivo de Coringa e Arlequina, que está disposta a recomeçar e é vista, por exemplo, explodindo a Química Ace. Como ela, todas as demais personagens estão passando por um processo de separação e em busca de emancipação e independência. “Elas não se dão bem no começo, mas depois passam a trabalhar em equipe”, explicou a diretora Cathy Yan, que faz seu segundo longa após Dead Pigs (2018).

Yan disse que as cenas de ação foram filmadas em takes longos, sem cortes frenéticos. Atendendo a um pedido dela, as atrizes treinarem duro para fazerem suas próprias cenas de ação e dispensarem ao máximo o uso de dublês. “Foi difícil, mas o corpo é algo impressionante”, afirmou Smolett-Bell. “Como mulher, muitas vezes me sinto objetificada, e foi incrível poder redefinir como meu corpo é usado e visto, e como eu mesma sinto meu corpo. Saí das filmagens me sentindo uma máquina.” 

Trabalhando a partir do roteiro de Christina Hodson, a diretora disse que a Gotham de Aves de Rapina é diferente da conhecida pelo público. “É a Gotham da Arlequina: colorida, louca, estranha”, afirmou.

Também produtora do longa, Robbie disse ter percebido muito cedo que Yan era a diretora perfeita para esta história. “Ela simplesmente entendeu o roteiro, e trouxe uma perspectiva nova, a perspectiva de uma mulher”, disse. “Fiquem de olho, porque ela acertou na mosca.” 


* O Mulher no Cinema participou do painel de Aves de Rapina na CCXP a convite do Telecine.

Foto do topo: Diego Padilha/Divulgação

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