O jornal americano The New York Times conversou com 27 artistas para saber como é trabalhar em Hollywood para quem não pertence ao grupo mais privilegiado da indústria cinematográfica: homens brancos e heterossexuais.
Na reportagem, artistas como Mindy Kaling, Ken Jeong, Effie Brown, Julia Roberts, Queen Latifah, Mike Colter, entre outros, falam sobre experiências pelas quais passaram durante os estudos, nas negociações por papéis e nos sets de filmagens.
Leia alguns dos depoimentos:
America Ferrera, atriz e produtora:
“Tinha acabado de ganhar [um prêmio no Festival de Sundance] e [meu agente] queria que eu fizesse um teste para interpretar uma gordinha latina em uma série. Não era nem a protagonista, era a coadjuvante, com a mesma piada em todas as cenas. Eu disse que não ia fazer o teste. Quando finalmente deixei [o agente], ele [disse] a uma pessoa da minha equipe: ‘Alguém deveria dizer para essa garota que ela tem uma ideia irreal do que pode conseguir nessa indústria’. Isso vindo de uma pessoa que eu estava pagando para me representar.”
Eva Longoria, atriz, diretora, produtora:
“[Não cresci] falando espanhol. Sou [latina] de nona geração. Quero dizer, sou tão americana quanto uma torta de maçã. Tenho muito orgulho da minha origem, mas lembro de me mudar para Los Angeles, fazer testes e não ser latina o suficiente para alguns papéis. Um diretor de elenco branco e homem estava ditando o que significa ser latina. Ele decidiu que eu precisava de um sotaque, de uma cor de pele mais escura. Os gatekeepers geralmente não são pessoas de cor, então não entendem que deveriam estar procurando por todas as cores do arco-íris dentro da mesma etnia.”
Maryse Alberti, diretora de fotografia:
“[No filme Zebrahead] me lembro de estar sentada com um produtor, um cara branco, e alguém perguntar: ‘Você consegue lidar com aqueles equipamentos grandes de iluminação?’. Parte de mim ficou intimidada, e parte de mim pensou: ‘Como é que é?’. Me recompus e disse, espero que sem sarcasmo: ‘Não toco nos equipamentos. Tenho homens grandes para carregá-los. Eu falo onde devem colocá-los.”
Teyonah Parris, atriz:
“Estudei artes no colegial, em Greenville, na Carolina do Sul. Na aula de discursos, o professor, um homem branco, me disse: ‘Você está falando igual ao gueto, não fale como no gueto’. E eu não só me ofendi como fiquei confusa, porque embora não exista nada de errado com pessoas que vêm de projetos habitacionais ou do gueto, essa não é a minha experiência. Foi tão frustrante porque senti que ele não me via. É aí que você começa a perceber: ‘OK, vou ter de brigar para ser vista.”
Priyanka Chopra, atriz:
“Me sinto extremamente orgulhosa quando alguém da comunidade sul-asiática vem até mim e agradece por ver uma indiana sem estereótipos. Em um evento, uma garota me abraçou e começou a chorar. Ela disse: ‘Obrigada por nos tornar relevantes’. Me arrepio toda vez que penso nisso.”
Kimberly Peirce, diretora:
“[Assumir minha homossexualidade] me assustou. Pensei: ‘Se não gostarem disso, vou irritá-los sem ter a intenção.’Achei que a minha homossexualidade ia ser o problema que ia deixar as pessoas assustadas. Mas, em muitas maneiras, é o fato de eu ser mulher que causa mais problemas em um mundo masculino e heterossexual. Não esperava por isso.”
Via New York Times