Quem é Kira Muratova, a cineasta que Tilda Swinton destacou em Cannes

Em sua passagem pela edição deste ano do Festival de Cannes, a atriz Tilda Swinton falou sobre como as cineastas mulheres existem e fazem inúmeros filmes, mas ganham menos destaque inclusive na imprensa. Ela citou como exemplo uma diretora em particular: “Uma grande mestre como Kira Muratova, que morreu recentemente, recebeu um obituário muito pequeno na maioria dos jornais. Enquanto isso, sabemos que quando os grandes mestres homens morrem, edições inteiras são dedicadas a eles.”

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A repercussão da fala de Swinton [assista abaixo, com legendas] apresentou o nome de Kira Muratova a muita gente. Apesar de pouco conhecida pelo grande público, a cineasta, que morreu em junho de 2018, aos 83 anos, foi um dos principais nomes do cinema soviético e pós-soviético.

Quem foi Kira Muratova? A cineasta nasceu em Soroca, na Romênia, região que hoje integra o território da Moldávia, em uma família comunista: o pai lutou e morreu na Segunda Guerra (1939-1945) e a mãe, que era judia e trabalhava como ginecologista, levou a filha para viver em Bucareste.

Muratova estudou no Instituto Estadual de Cinematografia da União Soviética e começou a carreira na década de 1960, realizando a maioria de seus trabalhos na cidade ucraniana de Odessa. Dona de um cinema instigante e provocador, marcado por experimentação formal e narrativa, ela teve vários filmes proibidos pelos censores soviéticos, sendo impedida de trabalhar durante muitos anos.

Entre seus filmes mais conhecidos estão Breves Encontros (1968), O Longo Adeus (1971), Change of Fate (1987) e Síndrome Astênica (1989), que foi ganhador do prêmio especial do júri no Festival de Berlim, além de Three Stories (1997), Chekhov’s Motifs (2002) e Eternal Homecoming (2002). Todos estes títulos foram exibidos no Brasil em uma retrospectiva promovida pelo Indie Festival em 2015. No próximo mês, o festival Olhar de Cinema, realizado em Curitiba, exibirá Conhecendo o Grande e Vasto Mundo (1978).

Sobre Muratova, a diretora russa Anna Melikyan escreveu na revista Kinoart: “Não conheço nenhum outro diretor cujo nome evoque imediatamente uma imagem de tal modo que se possa dizer: ‘Bem, é apenas Muratova’, e tudo fica claro. Há um mundo: o mundo de Kira Muratova, e ela é única. Incomparável!”

Veja um vídeo sobre o legado de Kira Muratova (em inglês):

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