O Oscar 2019 deixou as mulheres fora da disputa em algumas de suas principais categorias, incluindo melhor filme, direção, montagem e direção de fotografia. Apesar disso, profissionais femininas tiveram vitórias importantes na premiação, realizada neste domingo (24) em Los Angeles.
Oscar 2019: Veja a lista completa com todas as mulheres premiadas
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De prêmios históricos a artistas negras à consagração de curtas-metragens com mulheres por trás das câmeras, veja cinco momentos marcantes do prêmio deste ano:
A americana que já tinha entrado para a história como a primeira mulher negra a disputar na categoria tornou-se, também, a primeira a vencer. Ao lado de Jay Hart, responsável pela decoração de cenários, a designer de produção fez um depoimento emocionado ao diretor de Pantera Negra, Ryan Coogler, e mandou um recado a outros profissionais: “Quando pensar que é impossível, lembre-se desse conselho que recebi de uma mulher muito sábia: ‘Fiz o meu melhor, e meu melhor é bom o bastante.’”
Pantera Negra também fez de Ruth E. Carter a primeira mulher negra a receber o Oscar de figurino. Carter concorria pela terceira vez, depois de Malcolm X (1992), a primeira indicação de uma mulher negra na categoria, e Amistad (1998). Ela agradeceu ao diretor Spike Lee, que estava na plateia, por tê-la levado do teatro para o cinema, e afirmou: “Criar figurinos tem sido a honra da minha vida. Obrigada à Academia por homenagear a realeza africana e o modo empoderado com o qual as mulheres podem aparecer e liderar na tela.”
“Eu não acredito que um filme sobre menstruação ganhou o Oscar”. Foi assim que a diretora Rayka Zehtabchi começou seu discurso ao receber o prêmio de curta de documentário com Absorvendo o Tabu. Disponível na Netflix, o filme mostra a criação de uma fábrica caseira de absorventes em um vilarejo da Índia no qual o estigma ao redor da menstruação é tão grande que meninas chegam a abandonar a escola. Tanto a fábrica quanto o documentário foram custeados pelo The Pad Project, uma iniciativa liderada por alunas de um colégio americano e a professora Melissa Berton, produtora do curta e agora ganhadora do Oscar.
Domee Shi virou notícia no ano passado ao tornar-se a primeira mulher a dirigir um curta da Pixar, estúdio de animação com cerca de 30 anos de existência. E foi justamente esta produção, Bao, o ganhador do Oscar de melhor curta de animação. Shi subiu ao palco junto com a produtora Becky Neiman-Cobb, agradeceu ao produtor executivo Pete Docter por “lhe dar uma voz no estúdio” e disse: “A todas as garotas nerds que se escondem atrás de seus cadernos de desenho: não tenham medo de contar suas histórias para o mundo. Vocês vão assustar as pessoas, mas provavelmente também vão se conectar com elas, e essa é uma sensação incrível.”
Integrante da equipe de Bohemian Rhapsody, a inglesa Nina Hartstone tornou-se a quinta mulher na história a ganhar o prêmio de edição de som, depois de Kay Rose, Cecelia Hall, Gloria Borders e Karen Baker Landers (duas vezes ganhadora). Esta também foi a primeira vez que uma mulher levou a estatueta desde 2012.
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Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema
Foto: Kevin Winter/Getty Images