“Sequestro Relâmpago” coloca Marina Ruy Barbosa em situação-limite

Tata Amaral é uma das grandes diretoras do cinema brasileiro, ao lado de nomes como Anna Muylaert e Laís Bodanzky. Seus filmes são obrigatórios, principalmente para os cinéfilos –  do primeiro longa-metragem, Um Céu de Estrelas (1996), no qual Leona Cavalli é uma mulher tomada refém por seu namorado, ao drama Hoje (2011), com Denise Fraga, sobre a ditadura militar no Brasil. 

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Agora, a cineasta paulistana escolheu a carioca Marina Ruy Barbosa, um dos atuais rostos favoritos da TV Globo, para protagonizar Sequestro Relâmpago, que estreou nos cinemas na quinta-feira (22). A atriz vive Isabel, personagem inspirada na história real da fotógrafa Ana Beatriz Elorza, que foi feita refém ao entrar em seu carro em frente a um bar na Vila Madalena, zona boêmia de São Paulo.

Após deixarem passar o horário permitido para saques de valores mais altos nos caixas eletrônicos, os sequestradores Matheus (Sidney Santigo) e Japonês (Daniel Rocha) decidem segurar Isabel ao longo da madrugada, dando voltas de carro pela cidade, para poderem retirar o dinheiro da conta dela no dia seguinte. É aí que Tata Amaral coloca Marina Ruy Barbosa em uma situação-limite.

Em casos de risco de vida, é comum as pessoas transformarem-se e fazerem coisas inimagináveis. Isabel tenta puxar assunto mesmo com uma arma apontada para ela: “Está chovendo muito hoje, né?”. Tenta, também, criar conexão e causar uma empatia que não convence em nada os sequestradores: “Somos iguais”, ela diz.

Assim como Isabel se esforça para conseguir sair viva deste pesadelo urbano que é o sequestro relâmpago, Marina atua da forma mais autêntica possível para uma atriz de 23 anos que está iniciando sua carreira no cinema após vários papéis na TV. É admirável o modo como ela se coloca nas cenas mais dramáticas – e logo se vê, nos créditos finais, que houve também o trabalho da famosa preparadora de elenco Fátima Toledo.

Com Sequestro Relâmpago, Tata Amaral quer trazer mais público ao suspense, um gênero em alta, mas ainda pouco explorado pelo cinema brasileiro (e no qual Anna Muylaert também já navegou com Chamada a Cobrar, de 2012). O machismo, a violência na cidade grande e a desigualdade social também vão se tornando elementos da história, e a urgência em abordar estes assuntos é um mérito do roteiro escrito pela diretora em parceria com Marton Olympio e Henrique Pinto. A escolha da música “Eu Sou um Monstro” – do álbum Selvática, de Karina Buhr – para a trilha do filme, e as participações de Projota e Linn da Quebrada são acertadas e fazem todo o sentido.

Para quem é fã de Marina Ruy Barbosa, aproveite que ela também está em cartaz em Todas as Canções de Amor, da diretora Joana Mariani.

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“Sequestro Relâmpago”
[Brasil, 2018]
Direção: Tata Amaral
Elenco: Marina Ruy Barbosa, Sidney Santiago, Daniel Rocha.
Duração: 79 minutos


Letícia Mendes é jornalista e mestranda em estudos sobre as mulheres.

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