Grande vencedor do É Tudo Verdade e qualificado para concorrer ao Oscar 2024, o documentário Incompatível com a Vida, de Eliza Capai, chega aos cinemas brasileiros em 16 de novembro. O Mulher no Cinema divulga com exclusividade o novo trailer do longa (veja abaixo), que terá distribuição da Descoloniza Filmes.
Incompatível com a Vida é o quarto e mais pessoal longa-metragem de Capai, diretora de Tão Longe É Aqui (2013), O Jabuti e a Anta (2016) e Espero Tua (Re)Volta (2019). No novo filme, ela registra uma dolorosa experiência pessoal: em 2020, grávida de 14 semanas do primeiro filho, ela recebeu o diagnóstico de que uma malformação tornava o bebê incompatível com a vida – ele morreria durante a gestação ou pouco após o parto.
Aconselhada pelos médicos a interromper a gravidez, Capai pôde fazer isso legalmente e pelo sistema público de saúde porque estava morando em Portugal, onde o aborto foi descriminalizado em 2007. No Brasil, porém, interromper a gestação de um feto incompatível com a vida é inconstitucional. Esta realidade levou a diretora a conversar com seis mulheres brasileiras que receberam o mesmo diagnóstico que ela, e que também contam suas histórias em Incompatível com a Vida. É a partir destes relatos que o filme convida o espectador a refletir sobre vida, morte e a importância das políticas públicas.
Veja o novo trailer de Incompatível com a Vida:
https://www.youtube.com/watch?v=oEfBe7a6BKs
A estreia de Incompatível com a Vida vem embalada pela vitória no É Tudo Verdade, principal festival de documentários da América Latina, no qual recebeu o troféu de melhor filme brasileiro. Ao justificar a escolha, o júri afirmou que a diretora teve “coragem de mergulhar de maneira pessoal e poética num tema delicado e urgente, trazendo à luz a realidade de muitas mulheres e a urgência da discussão sobre direitos reprodutivos.”
Ao vencer o É Tudo Verdade, o filme se qualificou para buscar uma indicação ao Oscar de melhor documentário. O longa já tem recebido atenção internacional: no mês passado, o jornal americano The New York Times publicou um curta-metragem criado por Eliza a partir de Incompatível pela Vida, que acompanhou um artigo de Joanna Erdman, professora de Legislação e Política de Saúde da Universidade de Dalhousie, no Canadá.
Intitulado “Dear Supreme Court of Brazil, Use Your Power to Protect Women” (ou “Caro Supremo Tribunal Federal do Brasil, Use seu Poder para Proteger as Mulheres”), o texto chamou a atenção dos juízes do STF para a oportunidade histórica de descriminalizar o aborto até 12 semanas com a votação da ADPF 442.