Morre a venezuelana Margot Benacerraf, influente diretora de “Araya” e “Reverón”

Margot Benacerraf, pioneira diretora venezuelana que também atuou para preservar e fortalecer o cinema de seu país e o da América Latina, morreu aos 97 anos. A informação foi divulgada pela Fundación Audiovisual Margot Benacerraf em suas redes sociais nesta quarta-feira (29).

Benacerraf nasceu em Caracas e dirigiu dois influentes filmes que circularam internacionalmente na década de 1950: o média-metragem Reverón, lançado em 1952, e o longa Araya, de 1959.

Em Reverón, Benacerraf abordou a obra do célebre pintor venezuelano Armando Reverón (1889-1954). O filme foi selecionado para os festivais de Cannes e Berlim, além de também ir a países como Argentina, Bélgica, Escócia e Uruguai, entre outros. Em 2022, sete décadas após o lançamento, a obra foi exibida em diferentes cidades brasileiras como parte do projeto Reverón 70 anos, idealizado pela professora e pesquisadora Nina Tedesco, da Universidade Federal Fluminense.

Araya faz um retrato da vida na península venezuelana que dá nome ao filme, focando nos trabalhadores que atuam na extração do sal. O longa integrou a competição do Festival de Cannes – que até então tinha incluído apenas outros quatro filmes dirigidos por mulheres – e venceu o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI) num empate com Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais.

Em depoimento ao Mulher no Cinema, Tedesco definiu Margot Benacerraf como “precursora do Nuevo Cine Latinoamericano e forte influência para o Cinema Novo”. Mas ela destacou, também, o importante papel desempenhado pela cineasta em instituições que buscam preservar e difundir filmes da Venezuela e da América Latina, além de sua preocupação com a formação de público e de novos realizadores.

“Benacerraf fundou a Cinemateca Nacional da Venezuela e dirigiu a Fundavisual Latina, dedicada a promover o audiovisual latino-americano. Além disso, desde 2012 a Fundación Audiovisual Margot Benacerraf mantém uma videoteca na Universidade Central da Venezuela”, afirmou Tedesco. “Ela dedicou sua vida ao cinema. E até hoje seu pioneirismo, a exibição de seus filmes e sua longeva trajetória impactam as novas gerações.”

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