20 diretoras para conhecer o cinema da Suíça

Você conhece as mulheres do cinema da Suíça? Nos últimos anos, o país europeu tem trabalhado para tornar sua indústria cinematográfica mais igualitária, inclusive estabelecendo paridade de gênero no regulamento oficial dos mecanismos públicos de financiamento ao audiovisual.

O caminho pela frente é longo, mas os resultados começam a aparecer. Dos filmes suíços produzidos entre 2017 e 2019, 29% foram dirigidos por mulheres, segundo dados da Swiss Women’s Audiovisual Network (SWAN), grupo criado em 2018 para reunir as profissionais do cinema e da televisão.

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Entrevista: Véronique Reymond e Stéphanie Chuat falam sobre Minha Irmã

Alguns destes filmes podem ser vistos pelo público brasileiro, como Minha Irmã, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, que chegou neste mês às plataformas de streaming (Now, Vivo, iTunes, Looke, Google, Microsoft e Sky). O longa conta a história de Lisa, uma dramaturga que trocou os teatros da Alemanha pela vida na Suíça, onde seu marido conseguiu um bom emprego. Enquanto espera o momento de retomar suas ambições profissionais, ela começa a cuidar do irmão, Sven, um ator brilhante que está muito doente. 

Aproveitando a estreia de Minha Irmã no streaming, o Mulher no Cinema e a A2 Filmes reuniram 20 diretoras de diferentes gerações que são destaque no cinema suíço. Confira:

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Isa Hesse-Rabinovitch (1917–2003)
Pioneira do cinema suíço, trabalhou como ilustradora, fotógrafa e repórter antes de começar a fazer filmes nos anos 1950. Seu trabalho experimental é reconhecido internacionalmente, e seus longas incluem Siren’s Island (1981), Body, Body, Blues (1984) e Geister & Gäste (1989). Foi tema do documentário Isa Hesse-Rabinovitch – The Movie Game (2009), da conterrânea Anka Schmid.


Jacqueline Veuve (1930-2013)
Um dos principais nomes do cinema suíço, dirigiu mais de 50 documentários exibidos ao redor do mundo, muitos deles focados no cotidiano e na vida rural. Antes de começar a fazer curtas, nos anos 1960, ela foi arquivista, bibliotecária e trabalhou com Jean Rouch no Musée de l’homme, em Paris. Seu primeiro longa foi Death of the Grandfather or the Sleep of the Just (1978) e o último, Vibrato (2012).


Anne Cuneo (1936–2015)
Cineasta, jornalista e escritora, se formou em literatura na Universidade de Lausanne e escreveu 15 romances, bem como peças de teatro e roteiros para filmes e programas de televisão. Estreou no cinema com o documentário Cinéjournal au féminin (1980), uma parceria com Lucienne Lanaz, Eric Liebi e Urs Bolliger. Também dirigiu Francis Tregian, Gentleman und Musiker (1996) e Adrian Frutiger – Schriftengestalter (1999).


Carole Roussopoulos (1945–2009)
Em quase 40 anos de carreira, realizou dezenas de documentários, a maioria na França e sobre a luta feminista. Para se ter uma ideia, seu primeiro curta foi Genet parle d’Angela Davis (1970) e o último, Des fleus pour Simone de Beauvoir (2007). Também foi criadora do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir, em Paris, ao lado de Iona Wieder e Delphine Seyrig (1932-1990), com quem realizou S.C.U.M. Manifesto (1976).


Anne-Marie Miéville
Nascida em 1945, é diretora, montadora, atriz, roteirista, fotógrafa, ou, nas palavras da revista Sight and Sound, “uma artista multimídia de imensa importância”. Em 1970, começou uma parceria pessoal e profissional com Jean-Luc Godard, com quem codirigiu Aqui e em Qualquer Lugar (1976) e Après la Réconciliation (2000), entre vários outros. Filmes solo incluem Lou n’a pas Dit Non (1994) e Nous Sommes Tous Encore Ici (1997).


Léa Pool
Nascida na Suíça em 1950, emigrou para o Canadá nos anos 1970, para estudar comunicações na Universidade de Québec. Lá começou a carreira e lançou o primeiro longa, Strass Café (1980). Muitos de seus filmes são co-produções entre os dois países, como Set me Free (1999) e Double Sentence (2016). Outros filmes incluem À Corps Perdu (1988), Assunto de Meninas (2001) e A Borboleta Azul (2004).


Dominique de Rivaz
A cineasta, escritora e fotógrafa nasceu em 1953. Depois de trabalhar na TV francesa, em 1986 dirigiu seu primeiro curta, Aelia. Foi assistente de direção de Alain Tanner e Jacqueline Veuve antes de lançar seu primeiro longa-metragem, My Name Is Bach (2003), ganhador do Swiss Film Prize. Também é diretora de Luftbusiness (2008) e está em pós-produção com Un Selfie avec Anton Tchekhov.


Tania Stöcklin
Nasceu em 1958 e estudou cinema na Alemanha. Estreou na direção de longas com Georgette Meunier (1989), parceria com Cyrille Rey-Coquais, e foi selecionada para o Festival de Locarno com Joe & Marie (1994). Realizou dois curtas com Anka Schmid: Rondo Gravitat (1986) e The Miracle of the Engandin (2000). Também tem longa carreira como montadora, sendo Wer sind wir?, de 2020, seu trabalho mais recente.


Sabine Gisiger
Nasceu em 1959, formou-se em história e foi jornalista antes de começar a fazer cinema nos anos 1990, especializando-se em não-ficção. Ganhou o Swiss Film Prize (o Oscar da Suíça) de documentário com Do It (2000), que dirigiu com Marcel Zwingli. Outros trabalhos incluem Gambit (2005), Yalom’s Cure (2014) e Welcome to Switzerland (2017). Desde 2002 é professora de documentário na Universidade de Artes de Zurique.


Heidi Specogna
Documentarista, nasceu em 1959, estudou jornalismo na Suíça e cinema na Alemanha. Começou a carreira nos anos 1980 e ficou conhecida principalmente por filmes que abordam temas ligados à África e à América Latina. Alguns dos mais celebrados são Tania – La Guerrillera (1991), Tupamaros (1997), The Short Life of José Antonio Gutierrez (2007), Carte Blanche (2011) e Cahier Africain (2016).


Anka Schmid
Nasceu em 1961 e começou a carreira com vídeos experimentais e filmes rodados em Super-8. Estudou cinema em Berlim, onde lançou seu primeiro longa solo, Behind Locked Doors (1991), e trabalhou também na França, Argentina e EUA, além da própria Suíça. É conhecida principalmente por seus documentários, como Magic Matterhorn (1995) e Wild Women: Gentle Beasts (2015).


Léa Fazer
Diretora, roteirista e atriz, nasceu em 1965 e estudou cinema na França. Seu primeiro longa-metragem, Bienvenue en Suisse (2004), foi selecionado para a mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes. Vários de seus trabalhos são comédias, incluindo os longas Ensemble, c’est trop (2010), Um Presente Para Toda Vida (2013) e Maestro (2014). Atualmente, desenvolve a minissérie Sacha.


Sabine Boss
Nasceu em 1966 e estudou cinema e vídeo na Universidade de Artes de Zurique, onde hoje é professora. Estreou na direção de longa-metragem com Crisis in Havana (2002), e ganhou o Swiss Film Prize com I Am the Keeper (2014). Outros longas da diretora incluem Undercover (2005), Das Geheimnis von Murk (2008), Murder Behind the Curtain (2011), Vecchi Pazzi (2015) e Open Season (2020).


Petra Volpe
Nascida em 1970, estudou cinema na Alemanha e estreou na direção com o curta Crevetten (2002). Escreveu e dirigiu outros curtas e também filmes para a televisão antes de lançar seu primeiro longa-metragem, Dreamland (2004). Ficou conhecida internacionalmente com o trabalho seguinte, Mulheres Divinas (2017), ganhador do prêmio do público no Festival de Toronto.


Stéphanie Chuat e Véronique Reymond
Amigas desde a infância, estudaram atuação juntas e formaram uma dupla teatral. A passagem para o cinema se deu quando começaram a escrever e dirigir curtas para inserirem em seus espetáculos. A parceria rendeu séries, documentários e dois longas de ficção: The Little Bedroom (2010) e Minha Irmã (2020), que competiu em Berlim. Chuat nasceu em 1970 e Reymond, em 1971. Leia a entrevista com elas.


Ursula Meier
A diretora franco-suíça nasceu em 1971 e estudou cinema na Bélgica. Dirigiu curtas, documentários e filmes para a televisão, mas ficou conhecida principalmente por seus dois primeiros longas de ficção, Home (2008) e Minha Irmã (2012), ambos exibidos em grandes festivais internacionais. Também dirigiu Shock Waves: Diary of My Mind (2018) e está em pré-produção com La Ligne.


Bettina Oberli
A cineasta nascida em 1972 estudou cinema na Universidade de Artes de Zurique, onde vive e trabalha. Estreou na direção de longas com North Wind (2004) e fez muito sucesso nas bilheterias da Suíça com Late Bloomers (2006), que ficou mais de um ano em cartaz. Também é diretora de With the Wind (2018), exibido em Locarno, e My Wonderful Wanda (2020), selecionado para a Mostra de São Paulo.


Andrea Štaka
Nasceu em 1973 e estudou cinema em Zurique, concluindo o curso com a realização do curta Hotel Belgrad (1998). Estreou no longa-metragem com o documentário Yugodivas (2000), mas ganhou reconhecimento internacional com a ficção Fraulein (2006), o primeiro filme suíço a vencer o Festival de Locarno em 21 anos. Também dirigiu Cure: The Life of Another (2014) and Mare (2020).


Kantarama Gahigiri
Cineasta suíça e ruandesa, estudou relações internacionais em Genebra e cinema em Nova York. Estreou no cinema com o curta-metragem Check (2008) e lançou vários outros, como The Elevator (2011), Né Pour Mourir (2017) e Ethereality (2019), atuando como diretora e roteirista. Seu primeiro longa, Tapis Rouge (2014), foi realizado em parceria com Fred Baillif. Está desenvolvendo o segundo, Tanzanite.


* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pela A2 Filmes

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