Tudo que você precisa saber sobre “Minha Irmã”, o candidato da Suíça ao Oscar

Depois de rodar por festivais internacionais, ser pré-indicado para concorrer ao Oscar e estrear nas salas de cinema, o drama suíço Minha Irmã está chegando ao streaming. A partir de 11 de fevereiro, o público brasileiro poderá assistir ao longa-metragem dirigido por Véronique Reymond e Stéphanie Chuat nas plataformas Now, Vivo, iTunes, Looke, Google, Microsoft e Sky.

Entrevista: Véronique Reymond e Stéphanie Chuat falam sobre parceria em Minha Irmã

Minha Irmã conta a história de Lisa, uma dramaturga que trocou os teatros da Alemanha pela vida na Suíça, onde seu marido conseguiu um bom emprego. Ela o acompanha nos eventos de trabalho e cuida dos dois filhos, esperando o momento em que voltará para Berlim e retomará suas ambições profissionais. O marido, porém, parece interessado em ficar. No meio de tudo isso, Lisa começa a cuidar do irmão, Sven, um ator brilhante que está muito doente. A conexão dos dois, que é tanto familiar quanto criativa, escancara crises e possibilidades.

Para marcar a estreia de Minha Irmã no streaming, o Mulher no Cinema reuniu, abaixo, algumas curiosidades sobre os bastidores da produção. Confira:

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O filme representa a Suíça no Oscar 2021

Minha Irmã é um dos 33 longas dirigidos por mulheres que buscam uma indicação ao Oscar de filme internacional (antes conhecido como “melhor filme estrangeiro”). Concorrer nesta categoria é um processo de três fases: primeiro, cada país escolheu o seu candidato e o pré-indicou à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação; em 9 de fevereiro será divulgada uma lista de 15 semifinalistas a partir dos 93 inscritos; e em 15 de março, os cinco filmes que de fato disputarão a estatueta.

Esta não é a primeira vez que Véronique Reymond e Stéphanie Chuat tentam uma vaga no Oscar: elas também representaram a Suíça em 2010 com seu primeiro longa, The Little Bedroom. Se Minha Irmã for indicado, será o primeiro filme suíço dirigido por mulheres a disputar a estatueta. O país já concorreu sete vezes e venceu duas, com Fora de Controle (1984), de Richard Dembo, e A Viagem da Esperança (1990), de Xavier Koller.

Véronique Reymond e Stéphanie Chuat (Crédito da foto: Sophie Brasey)
Véronique Reymond e Stéphanie Chuat são as diretoras de “Minha Irmã” – Foto: Sophie Brasey

As diretoras são amigas de infância

Pense em duas artistas que trabalham muito juntas. Pois é este o caso das diretoras de Minha Irmã, que se conhecem desde os 10 anos e firmaram diferentes parcerias pessoais e artísticas. Reymond e Chuat estudaram teatro juntas e começaram a carreira como atrizes, formando uma dupla que apresentava atos de palhaço nas ruas de países da Europa. “Começamos a fazer shows em cinemas e, depois, a rodar filmes para adicionar algumas sequências às nossas peças. Amamos tanto que decidimos seguir nessa direção”, contaram as cineastas em entrevista à Letícia Mendes, colaboradora do Mulher no Cinema.

Reymond e Chuat dirigiram curtas e documentários antes de estrearem na ficção com The Little Bedroom. Durante um evento promovido pelo site americano Deadline, as cineastas contaram que a forte conexão entre elas inspirou a relação entre Lisa e Sven, os irmãos que protagonizam Minha Irmã: “Somos almas gêmeas, temos uma criatividade que pertence apenas a nós duas. Se uma for embora, a outra nunca será a mesma”, afirmou Chuat. “Então o ponto de partida foi a pergunta: e se uma fosse embora?”.

Os atores também já eram amigos

No papel de Lisa e Sven, os atores Nina Hoss e Lars Eidinger tinham de transmitir uma conexão digna de irmãos muito próximos. O tempo de ensaio foi curto, mas os dois se beneficiaram do fato de terem estudado teatro juntos. “Não estávamos nos conhecendo no set: já tínhamos um calor genuíno entre nós”, contou Hoss ao site americano IndieWire. “Nossa relação é daquelas nas quais duas pessoas passam muito tempo sem se ver, mas quando se veem, é como se tivessem se encontrado no dia anterior.”

Os atores Nina Hoss e Lars Eidinger em cena de “Minha Irmã” – Foto: Divulgação

Nina Hoss conheceu as diretoras em uma loja – e por acaso!

A talentosa atriz alemã que protagoniza Minha Irmã é conhecida pelos filmes Barbara (2012) e Fênix (2014), ambos do diretor Christian Petzold, e também pelo papel de Astrid na série Homeland. As diretoras de Minha Irmã eram fãs de Hoss e contaram à Letícia Mendes a incrível história de como apresentaram o projeto para a atriz. “Encontramos Nina por acaso em uma boutique em Berlim, fomos até ela e dissemos: ‘Olá, somos cineastas suíças e estamos escrevendo um filme para você. Quer tomar um café?’ Três dias depois, ela nos ligou de volta e nos encontrou na Potsdamer Platz para um café rápido que acabou durando três horas.”

A cena teatral de Berlim é parte do filme

Tendo começado a carreira nos palcos, Reymond e Chuat aproveitaram a profissão de seus personagens para incorporar elementos da cena teatral de Berlim em Minha Irmã. No filme, Sven é um dos principais atores do Schaubühne, um importante teatro dirigido por David. O ator que interpreta David é Thomas Ostermeier, diretor do Schaubühne na vida real. Ele, aliás, montou várias peças com Eidinger, o intérprete de Sven.

As diretoras Stephanie Chuat e Véronique Reymond com os atores Nina Hoss
no Festival de Berlim, em fevereiro de 2020 – Foto: Christian Mang/Reuters

O filme integrou a competição do Festival de Berlim

Minha Irmã foi um dos seis filmes dirigidos por mulheres que integraram a competição do Festival de Cinema de Berlim do ano passado. Realizado em fevereiro de 2020, o festival alemão foi o último a ser realizado normalmente, antes de a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) se agravar globalmente. Embora rodadas na era pré-Covid, algumas cenas do filme chamam a atenção no contexto em que vivemos agora: há um momento, por exemplo, no qual um enfermeira pede que Lisa use sua máscara corretamente, e outro no qual David chega a um hospital e higieniza as mãos com álcool em gel.

O filme tem várias mulheres na equipe

Além das diretoras e de Nina Hoss, várias outras mulheres formam o elenco e a equipe de Minha Irmã. É notável, por exemplo, a participação da atriz Marthe Keller, que interpreta a mãe de Lisa e Sven. Muito respeitada na Suíça e também internacionalmente, Keller concorreu ao Globo de Ouro por Maratona da Morte (1976), de John Schlesinger. Outras profissionais que trabalharam no filme incluem a produtora Ruth Waldburger, a montadora Myriam Rachmuth, a diretora de produção Marie-Claude Lang-Brenguier, a figurinista Anne Van Brée e a maquiadora Barbara Grundmann.


* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pela A2 Filmes

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