Todo ano a revista “The Hollywood Reporter” reúne atrizes cotadas para o Oscar para uma conversa – a chamada “actress roundtable”.
Neste ano participaram Jennifer Lawrence, 25, de “Joy”; Brie Larson, 26, de “O Quarto de Jack”; Carey Mulligan, 30, de “As Sufragistas”; Kate Winslet, 40, de “Steve Jobs”; Cate Blanchett, 46, de “Carol” e “Truth”; Charlotte Rampling, 69, de “45 Anos”; Helen Mirren, 70, de “Trumbo” e “A Dama Dourada”; e Jane Fonda, 77, de “Youth”.
Junto com a conversa, a revista publicou um texto para justificar o fato de todas as artistas escolhidas serem brancas: “Enquanto nos preparávamos para fazer essa capa, encontramos precisamente ZERO atrizes negras na conversa sobre o Oscar.”
Portanto, é bem provável que a próxima temporada de prêmios seja tão pouco diversa quanto a anterior. Apesar disso, a conversa entre as oito atrizes é bem interessante: elas falam sobre o que as levou a atuar, como se prepararam para os papéis, as diferenças de salário entre homens e mulheres e a dificuldade de achar bons papéis.
Leia, abaixo, alguns dos principais trechos:
É difícil encontrar bons papéis?
MIRREN: Sim, claro.
FONDA: Para uma mulher mais velha é muito difícil.
Mais velha significa acima de qual idade?
LAWRENCE: Em Hollywood ou na vida real?
FONDA: Me dizem que acima de 40. Quando eu tinha 40 anos eu produzia meus próprios filmes porque ninguém me oferecia nada. Com certeza depois dos 50 é difícil para as mulheres [no cinema], por isso que a televisão é tão bem-vinda.
[…]
WINSLET: Muita gente fala sobre papéis bons e fortes para as mulheres. Na verdade, também é interessante interpretar pessoas vulneráveis.
MULLIGAN: As pessoas sempre dizem: “Você interpreta uma personagem tão forte”. Me lembro de alguém me dizer isso sobre meu papel em “Shame”, e ela era uma bagunça, uma suicida. Eu disse: “Ela não é nada forte, ela é incrivelmente fraca.”Mas, para as pessoas, forte significa real. Significa que você acredita que aquela pessoa existe, ao contrário de alguns retratos das mulheres, que só têm duas dimensões.
Jennifer, você escreveu sobre a diferença de salário entre homens e mulheres. Sofreu algum boicote?
LAWRENCE: Sempre há boicotes, em tudo o que você faz. Mas você não vai parar ou mudar. E não se trata de um problema de Hollywood apenas. Quando você pergunta sobre papéis para homens e mulheres, os homens certamente têm uma vida mais longa [no cinema]. Homens podem interpretar o protagonista sexy por 20 anos a mais do que as mulheres.
LARSON: Isso porque a maioria no comando é de homens.
BLANCHETT: É um pensamento preguiçoso de todas as indústrias. Estamos na parte mais pública, mas em qual mercado as mulheres recebem pagamento igual por trabalho igual? Não consigo pensar em nenhum.
LAWRENCE: Em todas as áreas, as mulheres em geral ganham 21% a menos do que os homens.
[…]
FONDA: Mais mulheres precisam chefiar estúdios, para que possam aprovar mais filmes com mulheres.
MIRREN: Mas será que isso funciona?
LAWRENCE: As mulheres podem ser tão machistas quanto [os homens]. Até mais, porque têm mais liberdade para isso.
MIRREN: A mudança tem de ser econômica.
LAWRENCE: Mas por que as pessoas vão confiar em uma diretora se elas são tão poucas? São uns 3% ou coisa parecida?
MULLIGAN: Ava DuVernay estava contando sobre o ano em que lhe ofereceram “Selma”. Ela estava no Sundance Institute com um cara, e os dois passaram um ano indo a vários festivais juntos com filmes igualmente bem-sucedidos e elogiados pelos críticos. No fim do ano, ela falou: “Me deram dinheiro para fazer esse filme chamado ‘Selma'”. E o amigo dela respondeu: “Eu também. Vou fazer ‘Jurassic World'”.
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