Apenas 30,2% de todos os personagens com fala em 700 filmes que foram sucesso de bilheteria nos Estados Unidos entre 2007 e 2014 foram interpretados por mulheres. Este é um dos dados de um novo estudo que aponta a falta de diversidade em Hollywood – o que também inclui pouca representação de negros, latinos e homossexuais.
Todos os anos a pesquisadora Stacy L. Smith coordena um grupo da Universidade do Sul da Califórnia que avalia a caracterização dos personagens com fala ou nome nos 100 filmes de maior bilheteria nos EUA. Nesta quarta-feira (5), o grupo divulgou um novo levantamento, “Inequality in 700 Popular Films”, um apanhado das pesquisas realizadas entre 2007 e 2014 (com exceção de 2011), que contabiliza um total de 700 filmes e 30.835 personagens.
Os dados comprovam o que é fácil perceber indo ao cinema. Primeiro, que filmes centrados em mulheres são mais raros: dos 700 analisados, só 11% têm elenco equilibrado ou mulheres interpretando cerca da metade dos personagens com falas.
Depois, que há menos bons papéis para atrizes mais velhas: dos 9.522 personagens com entre 50 e 64 anos, só 21,8% são mulheres. Por fim, que atrás das câmeras o cenário é pior: 28 mulheres estão entre os diretores dos 700 filmes – e só três são negras.
Outros dados que chamam a atenção, relativos especificamente aos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2014:
- Só 21 têm uma mulher protagonista ou em papel equivalente ao do co-star, uma queda de 7% em comparação a 2013.
- Nenhum é protagonizado por uma atriz com mais de 45 anos.
- Só três protagonistas mulheres são de minorias raciais/étnicas.
- Nenhuma personagem principal é lésbica, bissexual ou trans.
- De todos os personagens identificados como homossexuais ou bissexuais, 36,8% são mulheres.
- As mulheres representaram menos de um quarto de todos os personagens com fala em filmes de animação; 21,8% em filmes de ação ou aventura; e 34% em comédias.
- Mulheres de todas as idades são mais comumente mostradas em roupas sexy (27,9%, contra 8% dos homens) ou com alguma nudez (26,4% contra 9,1%) e chamadas de fisicamente atraentes (12,6% contra 3,1%).
- Mulheres representaram 1,9% dos diretores, 11,2% dos roteiristas e 18,9% dos produtores.
O estudo também mostrou como Hollywood continua não dando atenção a negros, latino-americanos e à comunidade LGBT. Ainda em relação aos 100 filmes de maior bilheteria de 2014:
- 73,1% dos personagens são brancos; 12,5% são negros; 5,3% são asiáticos; 4,9% são hispânicos ou latinos; e 2,9% são do Oriente Médio. Outros grupos não chegam a 1%.
- Só 17 filmes têm um protagonista de minoria racial/étnica.
- Outros 17 não têm nenhum personagem negro com fala.
- Só 4,7% dos diretores são negros (considerando os 700 filmes analisados entre 2007 e 2014, a porcentagem passa para 5,8%, enquanto asiáticos representam 2,4%).
- Só 19 dos 4.610 personagens com fala são lésbicas, gays ou bissexuais. Nenhum é transgênero.
- Dos personagens identificados como LGBT, 84,2% são brancos.
Em resumo: as discussões e cobranças por maior diversidade em Hollywood sem dúvida aumentaram, mas precisam continuar. A íntegra do estudo coordenado por Stacy L. Smith está disponível aqui.
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