Harvey Weinstein é formalmente indiciado por acusações de estupro

O produtor americano Harvey Weinstein foi formalmente indicado por acusações de estupro e ato sexual criminoso nesta quarta-feira (30). O indiciamento aconteceu pouco menos de uma semana depois de Weinstein se entregar à polícia de Nova York e ficar preso por algumas horas, sendo posteriormente libertado após pagar fiança no valor de US$ 1 milhão.

Em comunicado, o procurador do distrito de Manhattan, Cyrus R. Vance Jr., disse que o indiciamento por parte do júri coloca Weinstein “mais perto de ser responsabilizado pelos crimes de violência pelos quais é acusado”.

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De acordo com o jornal The New York Times, Weinstein responderá por estupro em primeiro e terceiro grau e por ato sexual criminoso em primeiro grau. Se condenado, o produtor poderá pegar uma pena máxima de 25 anos na prisão.

A vítima de estupro não foi identificada, mas sabe-se que o caso aconteceu em 2013. Já a acusação de ato sexual criminoso envolve Lucia Evans, que acusou Weinstein de forçá-la a fazer sexo oral durante o que ela pensava ser uma reunião de trabalho no escritório da Miramax, empresa da qual o produtor era dono, em 2004.

O advogado do produtor, Benjamin Brafman, diz que ambos os relacionamentos foram consensuais. Ele acrescentou que Evans levou 14 anos para reportar o caso e que a segunda mulher envolvida na acusação teve uma relação romântica com Weinstein por 10 anos, que continuou anos depois do episódio descrito no indiciamento.

Em resposta, o procurador afirmou que tal tentativa de deslegitimar as vítimas repete comportamentos de Weinstein no passado. “Esse ataque à integridade das sobreviventes e ao processo legal é previsível”, disse Vance.

O advogado de Weinstein acrescentou que Weinstein vai se declarar inocente diante do júri e que espera sua absolvição na hipótese de o caso chegar a julgamento. Nesta quarta-feira, o produtor optou por não testemunhar durante a audiência. Segundo Brafman, não houve tempo suficiente para preparação pois a defesa só conheceu os detalhes das acusações e a identidade das mulheres na sexta-feira (25), e o procurador não aceitou o pedido por um adiamento da audiência.

O indiciamento de Weinstein acontece depois de uma investigação de vários meses, que começou após a imprensa americana revelar décadas de acusações de assédio e abuso sexual contra o produtor, muitas delas mantidas em segredo graças a acordos judiciais e à pressão contra vítimas, funcionários e empresas de comunicação.

O caso Weinstein deu início a uma avalanche de acusações contra outros profissionais da indústria cinematográfica, fortaleceu o movimento contra o assédio #MeToo e motivou a criação da Time’s Up, organização formada por 300 mulheres do entretenimento. Durante a premiação do Festival de Cannes, a atriz italiana Asia Argento fez um forte discurso no qual lembrou que o evento serviu de palco para os abusos cometidos por Weinstein.

“Em 1997, fui estuprada por Harvey Weinstein em Cannes. Eu tinha 21 anos. Este festival era seu lugar de caça”, afirmou a atriz. “Sentados entre vocês, há aqueles que ainda precisam responder pela forma como se conduzem com as mulheres. Vocês sabem quem são. E o que é mais importante: nós sabemos quem vocês são.”


Foto do topo: David Walter Banks/The New York Times

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