O Globo de Ouro deste ano passou longe de ser tão eletrizante quanto o de 2018, quando as mulheres tomaram conta da cerimônia, e fez feio ao não premiar um único filme dirigido por mulher em nenhuma de suas categorias (nem as de atuação). Mas isso não significa que as mulheres deixaram de protagonizar bons momentos na cerimônia, realizada neste domingo (6).
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Globo de Ouro: Leia o discurso de Glenn Close na íntegra e em português
Do compromisso de Regina King de contratar mais mulheres ao discurso de Glenn Close, passando pelos tabus quebrados por Sandra Oh, veja cinco momentos em que as artistas brilharam no Globo de Ouro 2019:
Sandra Oh!
Fazendo história como a primeira pessoa de origem asiática a apresentar a cerimônia, Sandra Oh disse ter aceito o convite “para olhar para a plateia e testemunhar o momento de mudança”. “Não estou me enganando: ano que vem pode ser diferente, e provavelmente será. Mas agora, este momento é real. Acreditem em mim: é real, porque eu os vejo e os vejo, todos esses rostos de mudança”, afirmou a artista, durante o monólogo de abertura ao lado de Andy Samberg. Ela também ganhou o prêmio de melhor atriz de série dramática por Killing Eve, tornando-se a primeira mulher de origem asiática a ganhar mais de um Globo de Ouro.
O discurso de Glenn Close
Visivelmente surpresa ao receber o prêmio de melhor atriz de drama por A Esposa, Close fez um discurso pessoal, no qual traçou um paralelo entre sua mãe e sua personagem, uma mulher que deixou de lado seus sonhos e ambições literárias para apoiar a carreira do marido escritor. “Minha mãe realmente se ‘sublimou’ por causa do meu pai a vida toda. Quando estava na casa dos 80 anos ela me disse: ‘Sinto que não conquistei nada’. E isso não era certo”, afirmou a atriz. “Sinto que o que aprendi com essa experiência é que [as mulheres] têm de encontrar a realização pessoal. Temos de seguir os nossos sonhos. Temos de dizer: ‘eu posso fazer isso, e deve ser permitido que eu faça isso.'” Leia o discurso na íntegra e em português
Regina King se comprometendo com a paridade de gênero
Premiada como atriz coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse, Regina King se comprometeu a adotar a paridade de gênero em seus trabalhos como produtora (ela, vale lembrar, também é diretora com trabalhos para o cinema e a TV). “Nos próximos dois anos, tudo o que produzir terá 50% de mulheres”, afirmou. “Desafio todo mundo que está em posição de poder – não só na nossa indústria, mas em todas. Desafio vocês a desafiarem a si próprios, demonstrarem solidariedade e fazerem o mesmo.”
O prêmio Carol Burnett para…Carol Burnett!
Um dos Globos de Ouro entregues em 2019 nunca tinha sido entregue antes: o troféu Carol Burnett, criado para celebrar o conjunto da obra de artistas que marcaram a história da televisão (uma versão para a telinha, portanto, do prêmio Cecil B. DeMille). Como não poderia deixar de ser, a própria Burnett foi a primeira pessoa a receber o prêmio, que será anual. Depois de uma homenagem de Steve Carell, que a chamou de “padrão de ouro da comédia”, e de um clipe que mostrou seu talento e pioneirismo no humor, a atriz fez um bonito (e um tanto melancólico) discurso sobre como o tempo que viveu na televisão, marcado por grandes investimentos por parte das emissoras em shows de variedade e comédia, ficou no passado.
Olivia Colman e a animação das atrizes de A Favorita
A vitória de Green Book: O Guia nas categorias de melhor roteiro e melhor filme de comédia ou musical fez com que A Favorita, um dos líderes de indicação do Globo de Ouro, quase saísse de mãos abanando. Quase, porque Olivia Colman levou o troféu de melhor atriz e fez um charmoso discurso que incluiu chamar as colegas de elenco, Rachel Weisz e Emma Stone, de “my bitches”. A animação e amizade das três atrizes, todas excelentes no filme, foi marcante, seja quando apresentaram o clipe de A Favorita falando sobre sexo entre mulheres, seja na empolgação em que Weisz e Stone celebraram a vitória de Colman.
Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema
Foto: Paul Drinkwater/NBC