Campanha busca digitalizar “Um Céu de Estrelas”, de Tata Amaral

Mulher no Cinema dá espaço a iniciativas de financiamento coletivo relacionadas ao trabalho das mulheres nas telas. A ideia é apresentar projetos independentes a quem quer colaborar. Envie sugestões para contato@mulhernocinema.com


UM CÉU DE ESTRELAS

A campanha de financiamento coletivo busca digitalizar Um Céu de Estrelas (1996), primeiro longa-metragem da diretora Tata Amaral (Hoje, Trago Comigo), e assim permitir que ele volte a ser visto. O filme foi originalmente produzido em película (as cópias, hoje, estão deterioradas) e distribuído para o vídeo doméstico em VHS, antes da popularização do DVD. Na época do lançamento, foi exibido em festivais como Toronto, Rotterdam e Berlim, e premiado no Festival de Brasília.

O FILME

Um Céu de Estrelas conta a história da cabeleireira Dalva (Leona Cavalli), que vive no bairro da Mooca, em São Paulo. Ela ganha uma viagem a Miami que a livra de relação opressora com seu ex-noivo, Victor (Paulo Vespúcio Garcia). Porém, no dia da viagem, Victor invade a casa de Dalva e faz ela e sua mãe reféns.

Para a também diretora Caru Alves de Souza, que é sócia e filha de Tata Amaral e está produzindo a campanha de financiamento coletivo, Um Céu de Estrelas continua atual tanto esteticamente quando no tema, que aborda a violência doméstica. “Além disso, é um filme feito por uma diretora mulher e com uma protagonista mulher, o que tem relevância ainda maior nos dias de hoje, com toda a discussão que têm se levantado mundialmente em relação à representatividade de gênero e raça no audiovisual”, afirmou, em entrevista ao Mulher no Cinema.

O OBJETIVO

Segundo Caru Alves de Souza, o objetivo principal da campanha é permitir que Um Céu de Estrelas “continue vivo”. “Muitos filmes que foram feitos antes da era digital se encontram sem distribuição pois poucas salas exibem película e outros suportes usados na época, como VHS e Betacam, estão obsoletos”, disse. Ela ressaltou a importância de se preservar a memória do cinema independente feito por mulheres: “Somos testemunhas e vítimas de um apagamento sistemático das mulheres na história, e na história do cinema brasileiro não é diferente. É importante começarmos a pensar na digitalização de filmes que já tendem a desaparecer ou a sequer constar nas listas de melhores filmes, nas citações bibliográficas, nas mostras etc. Digitalizar Um Céu de Estrelas pode ser o pontapé inicial para que isso aconteça em larga escala.”

COMO A CAMPANHA COMEÇOU

A vontade de digitalizar o filme é antiga, mas pareceu especialmente relevante em 2017, quando o lançamento completa 20 anos. “Nunca conseguíamos o dinheiro necessário para digitalizar, os acordos que apareciam para nós nunca eram suficientes para cobrir todos os gastos necessários”, afirmou Caru. “Hoje ainda não existem investimentos públicos para restauro e/ ou digitalização de filmes, o que nos deixa de mãos atadas. O financiamento coletivo é nossa única possibilidade de proporcionar o acesso do público ao filme.”

COMO SERÁ O LANÇAMENTO

Uma vez que o filme for digitalizado, a ideia é licenciá-lo para emissoras de televisão e plataforma digitais. Além disso, será possível programar o longa em mostras, festivais e sessões especiais. Algumas recompensas da campanha incluem link para ver o filme por tempo limitado e convite para exibição no cinema.

COMO COLABORAR

A campanha de financiamento está rolando no Catarse e vai até 04/11. A meta é arrecadar quase R$ 117,8 mil, que serão usados para cobrir custos de digitalização de imagem, mixagem e finalização de som, assessoria jurídica, entre outros gastos. Doações a partir de R$ 20 preveem recompensas.

SAIBA MAIS

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