Maggie Gyllenhaal contou recentemente que não conseguiu um papel porque, aos 37 anos, foi considerada velha demais para atuar com um homem de 55. A história deu novo fôlego a uma discussão antiga: por que os astros de Hollywood podem envelhecer, mas seus pares românticos, não?
Exemplos não faltam, e já foram bem explorados pelo site Vulture e, mais recentemente, pelo jornal “The Guardian” (que foi até “Casablanca” para mostrar que a coisa não é de hoje). Sem pensar muito, me lembro de “Golpe Duplo”, que estreou este ano, e é totalmente apoiado na química entre Will Smith, 46 anos, e Margot Robbie, 24.
Woody Allen também tem muitos casais assim: no ano passado, “Magia ao Luar” reuniu Colin Firth, 54, e Emma Stone, 26. No próximo longa do diretor, “Irrational Man”, Stone contracena com Joaquin Phoenix, 40, mesma idade de Bradley Cooper, com quem ela divide a tela em “Sob o Mesmo Céu”, de Cameron Crowe.
Tom Cruise, 52, é outro que sempre parece ter co-stars mais novas. No ano passado, por exemplo, fez “No Limite do Amanhã” com Emily Blunt, 32, e em breve voltará às telas com “Missão Impossível 5”, curtindo um clima com Rebecca Ferguson, 31.
Um filme em cartaz no Brasil contraria essa tendência: “Terremoto – A Falha de San Andreas”, blockbuster sobre um tremor causado pela enorme falha geológica no Califórnia. A estrela do filme é Dwayne Johnson, o The Rock, 43 anos – mesma idade de Carla Gugino, a atriz que interpreta sua ex-mulher, com quem ensaia uma aproximação.
A partir de “Terremoto”, o jornalista Benjamin Lee, do “Guardian”, desenvolve a tese de que filmes de desastre costumam ter mais casais da mesma idade do que outros gêneros de Hollywood. Os argumentos são filmes como “2012”, com apenas cinco anos separando John Cusack e Amanda Peet; “O Dia Depois de Amanhã”, três anos entre Dennis Quaid e Sela Ward; “O Inferno de Dante”, também três anos entre Pierce Brosnan e Linda Hamilton; e “Armageddon”, cinco anos entre Ben Affleck e Liv Tyler.
Para Lee, o casting “age-appropriate” dos filmes de desastre pode estar relacionado ao fato de eles serem vendidos mais com base no espetáculo do que nos atores. Se já há um grande astro (no caso, Dwayne Johnson), não há necessidade de uma grande estrela. A prioridade, diz o jornalista, é reduzir custos, e “uma mulher mais velha provavelmente custa menos”.
Soa um pouco cruel, mas pode ser verdade. Os casos citados por Lee, porém, são bem espaçados (“O Inferno de Dante”, por exemplo, foi lançado em 1997), e no caso de “Terremoto” há um detalhe que ele não considerou: a missão do personagem de Dwayne Johnson é salvar a filha universitária, que está entre os afetados pelo terremoto em São Francisco. Ou seja, a própria trama pode ter pedido o casting de uma mulher mais velha como mãe – sem contar que o filme já tinha garantido uma jovem bonita em cena (que, aliás, aparece de biquíni logo de cara).
De qualquer forma, vale ler: aqui.