Um dos filmes mais aguardados do ano é “Freeheld”, drama que estreia em outubro no Brasil.
Julianne Moore interpreta Laurel Hester, investigadora da polícia de Nova Jersey que descobre estar com câncer terminal e luta para que o dinheiro de sua pensão seja pago à parceira, Stacie Andree (Ellen Page). A história real foi tema de um documentário também intitulado “Freeheld”, dirigido por Cynthia Wade e lançado em 2007.
A revista “Time” publicou uma ótima entrevista com Ellen Page, que quando começou no projeto, há seis anos, não tinha anunciado ser homossexual. Isso aconteceu no ano passado, quando fez um discurso assistido por milhares de pessoas e se tornou uma ativista dos direitos LGBT (recentemente, ela confrontou o pré-candidato à presidência dos EUA Ted Cruz sobre posições “discriminatórias”).
A “Time” perguntou se o filme ajudou na decisão de fazer o anúncio:
“Foi uma série de coisas. Foi minha jornada interna. Mas quando você lê a história de Stacie e Laurel, e sabe que vai contá-la, você pensa: ‘Se eu fizer esse filme, não há como não ser homossexual publicamente.’
Me lembro de assistir ao documentário sobre o [grupo de ativistas russas] Pussy Riot e pensar: ‘Meu Deus, como essas pessoas são corajosas’. Eu pensava: ‘Apenas anuncie, apenas diga que você é gay. Você é privilegiada, tem uma família. Você não tem desculpa’. Chegou num ponto em que, para ser honesta, eu me sentia culpada. E acredito que deveria me sentir culpada. Se tornou uma espécie de imperativo moral. Houve muito progresso, mas ainda há sofrimento nos Estados Unidos, no Canadá [seu país natal] e em todo o mundo.”
A revista também perguntou se o anúncio a ajudou na profissão:
“Para mim, o nível de tristeza e de falta de inspiração e alegria – tudo isso afetava meu trabalho. Não me sentia motivada. Simplesmente estava deprimida. Ir a reuniões, tentar fazer certas coisas…era uma chama que mal acendia. No momento em que me assumi, senti cada célula do meu corpo se transformar. Me senti mais feliz do que jamais imaginei. Excitada em relação à vida, motivada, inspirada. Você quer fazer mais, quer embarcar em aventuras.”
Page ainda disse que não gosta de ser chamada de corajosa por interpretar um personagem homossexual:
“Acho isso ofensivo. Ninguém é considerado corajoso por interpretar um personagem hétero, e nem eu devo ser. É difícil dizer isso, porque o contexto do filme é tão trágico, mas para mim havia uma profunda sensação de paz no set, que há muito tempo não sentia. Possivelmente desde que era adolescente e estava começando a ter esses momentos bonitos nos filmes. Havia algo sobre ter me assumido, poder interpretar um personagem gay e uma mulher que me inspira tanto – foi uma experiência incrível pra mim. Honestamente, se pudesse interpretar apenas personagens gays pelo resto da minha carreira, adoraria. Queria poder!”
A entrevista completa está aqui
Veja o trailer de “Freeheld” (em inglês):