Glenn Close fez o discurso mais marcante do Globo de Ouro 2019, realizado neste domingo (6), ao receber o prêmio de melhor atriz de drama por A Esposa. Visivelmente surpresa (muitos apostavam na vitória de Lady Gaga, por Nasce Uma Estrela), ela se emocionou ao estabelecer um paralelo entre sua mãe e sua personagem.
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Em A Esposa, que estreia nesta quinta-feira (10), Close interpreta a mulher de um escritor que está prestes a receber o prêmio Nobel. Durante a viagem a Estocolmo para a cerimônia, ela reflete sobre como deixou seus próprios sonhos e ambições literárias de lado para apoiar a carreira do marido.
“Sinto que o que aprendi com essa experiência é que temos de encontrar nossa realização pessoal. Temos de seguir os nossos sonhos. Temos de dizer: ‘eu posso fazer isso, e deve ser permitido que eu faça isso.'”
Leia o discurso de Glenn Close na íntegra, traduzido para o português:
“Meu Deus, obrigada à Hollywood Foreign Press, é uma honra tão grande. Estou tão honrada de estar ao lado das minhas irmãs de categoria. Pudemos nos conhecer um pouco e mal posso esperar para passar mais tempo com vocês. Tudo o que fizeram este ano, [o trabalho] pelo qual estão aqui…todas nós deveríamos estar aqui juntas, é só o que posso dizer.
Meu Deus, simplesmente não acredito. Gostaria de agradecer Meg Wolitzer por ter escrito este romance incrível e Jane Anderson por tê-lo adaptado. [As produtoras] Rosalie Swedlin e Claudia Bluemhuber pela paixão. Este filme levou 14 anos para ser feito. Estava no projeto graças aos incríveis Kevin e Franklin [de sua equipe], que me apoiaram e disseram: “sim, essa história é ótima e temos que ficar com ela até que aconteça”. Se chamava ‘A Esposa’, acho que foi por isso que levou 14 anos para ser feito.
Interpretar uma personagem tão interna…estou pensando em minha mãe, que realmente ficou priorizou meu pai a vida toda. Quando estava na casa dos 80 anos ela me disse: ‘Sinto que não conquistei nada.’ E isso não era certo. Sinto que o que aprendi com essa experiência é que, sabem, as mulheres são cuidadoras, é isso que é esperado de nós: temos nossos filhos, temos nossos maridos ou parceiros ou qualquer pessoa – se temos sorte. Mas temos de encontrar nossa realização pessoal. Temos de seguir os nossos sonhos. Temos de dizer: ‘eu posso fazer isso, e deve ser permitido que eu faça isso.’
Quando era criança eu me sentia como Mohammed Ali, que era destinado a ser boxeador. Eu me sentia destinada a ser atriz. Vi os primeiros filmes da Disney e Hayley Mills e disse: ‘Eu posso fazer isso!’ Em setembro farei 45 anos trabalhando como atriz e não posso imaginar uma vida mais maravilhosa.
Obrigada Björn Runge, que dirigiu ‘A Esposa’, confiou no close-up, sabia onde colocar a câmera e como nos iluminar. Jonathan Pryce, que grande parceiro. E à minha filha Annie [Starke], que criou a base da personagem. Amo você, minha querida. muito obrigada.”