Crítica: “Linda de Morrer”, dirigido por Cris D’Amato

Em cartaz no Brasil, “Linda de Morrer” mostra que a diretora Cris D’Amato é um dos principais nomes femininos do gênero mais popular do cinema nacional: a comédia.

Depois do sucesso de “S.O.S. Mulheres ao Mar” (que terá continuação este ano, de novo com D’Amato), a cineasta se mantém no universo das mulheres com a história de Paula (Gloria Pires), empresária que acredita ter encontrado a cura para a celulite: Milagra, o remédio que acaba de colocar no mercado.

No entanto, Paula morre e percebe que, ao contrário do que pensava, as pílulas têm graves efeitos colaterais. Seu espírito fica preso à Terra com duas missões: tirar o remédio de circulação e fazer as pazes com a filha, Alice (Antonia Morais, filha de Pires na vida real), que não compartilhava a obsessão por beleza da mãe e se ressentia do pouco tempo que passavam juntas.

“Linda de Morrer” retoma elementos de outras comédias nacionais, com maior ou menor sucesso. Quando o espírito de Paula entra em corpos masculinos, evoca “Se Eu Fosse Você”; nas cenas em que Daniel parece falar sozinho, lembra “A Mulher Invisível”; ao acompanhar o espírito de uma workaholic que aprende sobre seus erros, se aproxima de “Odeio o Dia dos Namorados”.

Guiando um elenco em geral menos experiente e talentoso do que ela, Pires se sai bem. Mas a única cena realmente engraçada é protagonizada por Stella Miranda no papel de uma espécie de Ana Maria Braga que, após tomar o Milagra, tem um surto ao vivo. As piadas com programas matinais de variedades e cantores sertanejos são bem sacadas e contrastam com momentos constrangedores – como os que mostram Susana Vieira no papel de uma mãe de santo.

Gloria Pires e Cris D'Amato no set de
Gloria Pires e Cris D’Amato no set de “Linda de Morrer” – Crédito: Paprica Fotografia

Tantos personagens e histórias paralelas buscam reforçar a mensagem básica de “Linda de Morrer”: que todos – mas principalmente todas – devem fazer as pazes com o espelho.

A crítica aos padrões de beleza não são muito aprofundadas ou contundentes, mas o roteiro de Carolina Castro e Jô Abdu consegue passar longe das piadas ofensivas e escatológicas às quais muitas comédias nacionais ainda apelam. Enquanto coloca as mulheres no centro das histórias, D’Amato segue as principais fórmulas do gênero, mas pelo menos também descarta algumas.

“Linda de Morrer”
[Brasil, 2015]
Direção: Cris D’Amato
Elenco: Gloria Pires, Antonia Morais, Emilio Dantas
Duração: 81 minutos

Deixe um comentário

Top