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Numericamente, não há muito a se comemorar no que diz respeito à participação feminina no Festival de Cannes. Dos 21 filmes na competição principal, apenas três são dirigidos por mulheres (no ano passado, foram 2 de 19).
Ao mesmo tempo, o festival tem sido um importante palco de discussões sobre a mulher no cinema. Se a edição de 2015 ficou marcada pelo “heels-gate”, com convidadas sendo barradas por não usarem salto, a deste ano teve Julia Roberts descalça em pleno tapete vermelho, durante a sessão de gala de Jogo do Dinheiro.
Sasha Lane também ficou descalça durante a sessão de fotos de American Honey, enquanto Kristen Stewart e Susan Sarandon apareceram de sapato baixo.
![Julia Roberts](https://mulhernocinema.files.wordpress.com/2016/05/julia-roberts-shoes-cannes-red-carpet-2016.jpg)
Debates realizados em paralelo ao festival contaram com a presença de artistas como Sarandon e Geena Davis, que lembraram os 25 anos do lançamento de Thelma & Louise; Jodie Foster, que criticou o modo como cenas de estupro são usadas em Hollywood; e Chloë Sevigny, que falou sobre o assédio sofrido pelas atrizes.
Cannes também foi palco de dois anúncios importantes. Um deles foi o primeiro projeto da We Do It Together, empresa dedicada a produções feitas e estreladas por mulheres. Intitulado Together Now, o filme vai reunir curtas dirigidos por Catherine Hardwicke, Haifaa Al Mansour, Kátia Lund, Małgorzata Szumowska, Melina Matsoukas, Patricia Riggen e Robin Wright.
O outro anúncio foi o lançamento do Boudica, fundo europeu de financiamento criado para aumentar o número de mulheres trabalhando na indústria cinematográfica. A iniciativa, que anunciará os primeiros contemplados em setembro, vai levar em consideração o gênero dos profissionais na direção, roteiro, produção e elenco, além do equilíbrio geral de homens e mulheres na equipe.
![toni erdmann](https://mulhernocinema.files.wordpress.com/2016/05/toni-erdmann.jpg)
Mas e os filmes? A competição principal exibiu vários longas com protagonistas femininas, como American Honey, From the Land of the Moon, Julieta, Personal Shopper, The Neon Demon, La Fille Inconnue e o brasileiro Aquarius. E ao menos um longa dirigido por mulher – Toni Erdmann, de Maren Ade – está cotado para levar a Palma de Ouro.
Se isso acontecer, será apenas a segunda vez na história que um filme dirigido por mulher será premiado com o troféu mais importante de Cannes. Até hoje, só O Piano, de Jane Campion, conseguiu tal feito, em 1993.
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