“Jeanne Dielman” lidera lista de melhores filmes da “Sight and Sound”

Considerada a obra-prima da diretora belga Chantal Akerman (1950-2015), Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (1975) ficou no topo da lista de 100 melhores filmes de todos os tempos publicada pela prestigiada revista britânica Sight and Sound. Esta é a primeira vez que uma obra dirigida por mulher encabeça a lista, publicada originalmente em 1952 e renovada a cada dez anos.

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Para criar a lista de 2022, a revista ouviu 1.639 críticos, programadores, curadores, arquivistas e acadêmicos, que escolheram dez filmes cada um. Jeanne Dielman deu um salto em relação à lista anterior, de 2012, na qual ocupara o 36º lugar. Na ocasião, apenas um outro filme dirigido por mulher tinha ficado entre os cem mais votados: Bom Trabalho (1999), de Claire Denis

Já a lista de 2022 tem 11 filmes dirigidos por mulheres. Além de Jeanne Dielman e Bom Trabalho, que ficou em sétimo, também entraram Cléo das 5 às 7 (1962), de Agnès Varda, em 14°; Tramas do Entardecer (1943), de Maya Deren e Alexander Hammid, em 16°; As Pequenas Margaridas (1966), de Věra Chytilová, em 28°; Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), de Céline Sciamma, em 30°; Wanda (1970), de Barbara Loden, em 48°; O Piano (1992), de Jane Campion, em 50°; News From Home (1976), de Akerman, em 52°; Filhas do Pó (1991), de Julie Dash, em 60°; e Os Catadores e Eu (2000), de Varda; em 67°.

Jeanne Dielman, que pode ser visto na plataforma de streaming FILMICCA, estreou nos cinemas quando Akerman tinha apenas 25 anos. O filme acompanha a rotina de uma mulher, interpretada por Delphine Seyrig, conforme faz tarefas em sua casa e trabalha para sustentar a ela e ao filho.

“Akerman apresentou imagens monumentalmente compostas e meticulosamente observadas da rotina doméstica de uma mulher”, escreveu o crítico Richard Brody na revista New Yorker. “Estas imagens provam cinematograficamente que as vidas domésticas das mulheres são arte; que as vidas privadas das mulheres são devastadas pela história tanto quanto as vidas no palco público da política; que a pressão do confinamento inquestionável e incontestável das mulheres ao âmbito doméstico e aos papéis familiares é uma loucura social que leva à ruína, é uma forma de violência que gera violência.”

Veja aqui a lista completa da Sight and Sound.

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