Veja os critérios de diversidade que filmes terão de atender para concorrer ao Oscar

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas detalhou os critérios relacionados à representatividade e inclusão que as produções terão de atender para concorrer ao Oscar de melhor filme a partir de 2024. A adoção dos critérios tinha sido anunciada em junho, como parte de um plano de cinco anos que busca ampliar a diversidade entre os filmes e artistas indicados ao maior prêmio de Hollywood.

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Para definir os novos critérios, a Academia se inspirou nos Padrões de Diversidade do Instituto Britânico de Cinema (BFI, na sigla em inglês). No caso do Oscar, há quatro padrões de diversidade, que se aplicarão apenas à categoria principal, de melhor filme. Só poderão concorrer nesta categoria os filmes que atenderem a pelo menos dois dos quatro padrões. Abaixo, você encontra informações sobre cada padrão e seus critérios:

Observação: Quando o texto mencionar “minorias raciais ou étnicas”, estará se referindo a asiáticos, hispânicos/latinos, negros/afro-americanos, povos indígenas/nativo-americanos/nativos do Alasca, nativos do Norte da África, do Oriente Médio, do Havaí e de outras ilhas do Pacífico. Quando o texto mencionar “grupos subrepresentados”, estará se referindo a mulheres, minorias raciais ou étnicas, comunidade LGBTQ+ e pessoas com deficiências cognitivas/físicas ou com dificuldades de audição). Todas estas definições são da própria Academia, e foram divulgadas em comunicado à imprensa.

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Padrão A: Representação na tela, temas e narrativas
Para se adequar ao Padrão A, o filme precisa atender a pelo menos um destes critérios:

A1. Ter pelo menos um ator que pertença a uma minoria racial ou étnica interpretando um dos protagonistas ou coadjuvantes principais.

A2. Ter pelo menos 30% de todos os atores em papéis secundários ou menores que pertençam a pelo menos dois dos grupos subrepresentados.

A3. Ter a narrativa ou história principal centrada em um dos grupos subrepresentados.

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Padrão B: Liderança criativa e equipe do projeto
Para se adequar ao Padrão B, o filme precisa atender a pelo menos um destes critérios:

B1: Ter pelo menos duas pessoas de grupos subrepresentados e pelo menos uma pessoa que integre minoria racial ou étnica chefiando os seguintes departamentos: casting, direção de fotografia, trilha sonora, figurino, direção, cabelo, maquiagem, produção, design de produção, cenografia, som, efeitos visuais, roteiro.

B2: Ter pessoas que integrem minorias raciais ou étnicas em pelo menos outras seis funções técnicas que não sejam assistentes de produção. Estas funções podem ser, por exemplo (mas não apenas), primeiro assistente de direção, gaffer e supervisor de roteiro.

B3: Ter pelo menos 30% da equipe formada por pessoas que pertençam aos grupos subrepresentados.

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Padrão C: Acesso à indústria e oportunidades
Para se adequar ao Padrão C, o filme precisa atender a estes dois critérios:

C1: A empresa distribuidora ou financiadora precisa oferecer estágios pagos a pessoas que integrem os grupos subrepresentados (também é preciso incluir minorias raciais e étnicas). No caso de grandes estúdios e distribuidoras, é preciso que esses estágios sejam contínuos, em número considerável e na maior parte dos seguintes departamentos: produção/desenvolvimento, produção física, pós-produção, música, efeitos visuais, aquisições, negócios, distribuição, marketing e publicidade. No caso de estúdios e distribuidoras menores ou independentes, é preciso que sejam pelo menos dois estágios pagos em pelo menos um dos departamentos.

C2: A empresa produtora, distribuidora ou financiadora do filme deve oferecer treinamento ou oportunidades de trabalho em funções técnicas para pessoas que integrem grupos subrepresentados.

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Padrão D: Formação de público
Para se adequar ao padrão D, é preciso atender ao critério abaixo:

D1: O estúdio ou empresa produtora tem várias pessoas que integram grupos subrepresentados (também é preciso incluir minorias raciais e étnicas) em cargos executivos sênior nas áreas  de marketing, publicidade, e/ou distribuição.

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Como os padrões são variados e amplos, a maior parte dos filmes indicados nos últimos anos continuariam elegíveis após 2024. Mas é possível que as medidas levem os estúdios e realizadores a refletir mais seriamente sobre suas contratações. Será interessante observar, por exemplo, se o critério B1 contribuirá a um aumento no número de chefes de departamento não brancos.

Outras mudanças já tinham sido anunciadas em junho, entre elas a definição de que o número de indicados a melhor filme não será mais variável, mas, sim, fechado em dez. Além disso, os membros do grupo poderão ver produções inscritas para concorrer ao prêmio durante todo o ano, e não apenas no período próximo à votação.

Os mandatos do conselho diretor da Academia também mudaram: agora, cada artista só poderá servir por dois mandatos de três anos (consecutivos ou não) e terá obrigatoriamente de cumprir um hiato de dois anos antes de tornar-se elegível novamente. Após este período, este artista pode ter mais dois mandatos de três anos, totalizando um período máximo de 12 anos no conselho. Atualmente, o conselho tem número recorde de mulheres (26) e pessoas não brancas (12) entre seus 52 membros.

A Academia também tem promovido uma série de debates abertos aos membros e ao público, nos quais são abordados temas ligados à diversidade, e anunciou a criação de um Escritório de Representação, Inclusão e Igualdade para supervisionar o desenvolvimento de todas estas iniciativas. 

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