Coming-of-age é o termo em inglês para filmes que retratam um momento-chave da juventude: neles, a personagem principal passa por um processo profundo de amadurecimento a partir de um acontecimento ou decisão definitiva. O gênero é bastante popular, sobretudo em Hollywood, mas durante muito tempo se manteve fortemente centrado em um mesmo tipo de protagonista: garotos.
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No entanto, nos últimos anos o cinema tem dado mais espaço às histórias sobre jovens mulheres – e obtido ótimos resultados. É o caso de Fora de Série, o divertido filme da diretora Olivia Wilde que conquistou a plateia retratando a passagem das amigas Amy e Molly para a vida adulta.
Aproveitando que Fora de Série chegou ao streaming do Telecine, reunimos cinco filmes sobre garotas que estão no catálogo – e que também têm mulheres no roteiro e na direção. Para incentivar todo mundo a ficar em casa, o Telecine está oferecendo os primeiros 30 dias de acesso grátis para novos assinantes.
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“Deslembro”
[Brasil, 2018]
Em seu primeiro longa de ficção, a roteirista e diretora Flavia Castro aborda a memória, a brutalidade da ditadura militar e o impacto que a perseguição política e o exílio podem ter sobre uma família. Tudo isso a partir da história de Joana (Jeanne Boudier), uma adolescente que vive em Paris quando a Anistia é decretada no Brasil. Contra a sua vontade, ela tem de voltar ao Brasil, o país onde nasceu mas do qual mal se lembra. Neste novo ambiente, Joana entra em contato com uma trágica parte de seu passado: o desaparecimento de seu pai nos porões do DOPS. Além de Flavia Castro e Jeanne Boudier, as mulheres da equipe de Deslembro incluem Heloisa Passos, diretora de fotografia; Ana Paula Cardoso, diretora de arte; Valéria Ferro, responsável pelo som direto; e as atrizes Sara Antunes e Eliane Giardini, entre outras.
“Fora de Série”
[Booksmart, EUA, 2019]
A atriz Olivia Wilde fez sua estreia na direção de longa-metragem com essa bem-humorada comédia sobre as amigas Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein). Alunas de um típico colégio americano, elas passaram os anos de Ensino Médio totalmente focadas em tirar as melhores notas para serem aprovadas nas universidades de seus sonhos. No entanto, descobrem que os colegas que só queriam curtir também foram aprovados, e tentam compensar todas as festas perdidas em apenas uma noite. O roteiro escrito por várias mulheres (Katie Silberman, Susanna Fogel, Emily Halpern e Sarah Haskins) dá cara nova a uma história conhecida e funciona também graças à química perfeita entre as atrizes, que moraram juntas durante dez meses em preparação para o filme. Deu muito certo.
“O Mau Exemplo de Cameron Post”
[The Miseducation of Cameron Post, EUA/Reino Unido, 2018]
Este premiado filme da diretora Desiree Akhavan é de ficção, mas foi inspirado em uma história real: a do americano Zach Stark, que em 2005 foi enviado pelos pais a um acampamento cristão que prometia transformar adolescentes gays em heterossexuais. No filme (e no livro homônimo de Emily M. Danforth, que serviu de base para o roteiro), o protagonismo passa a ser de uma menina. Ela é Cameron Post (Chloë Grace Moretz), enviada pela família a uma clínica de “cura gay” após ser flagrada aos beijos com outra garota. Autora do roteiro em parceria com Cecilia Frugiuele, a diretora adota tom leve e diálogos espirituosos, ao mesmo tempo em que levanta discussões atuais e relevantes sobre preconceito e intolerância.
“Papicha”
[Argélia/França/Bélgica/Catar, 2019]
A diretora Mounia Meddour buscou inspiração em sua juventude na Argélia dos anos 1990 para escrever Papicha, seu primeiro longa-metragem de ficção. O drama é ambientado na Guerra Civil argelina, um longo conflito armado entre o governo e diferentes grupos rebeldes islâmicos que teve início em 1991. Neste contexto, Nedjma (Lyna Khoudri) é uma talentosa estudante que usa a moda para se expressar em uma sociedade conservadora e machista. Quando sua família é abalada por uma tragédia, ela decide desafiar as convenções organizando um desfile de moda com suas amigas. Papicha fez sua estreia mundial na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes e foi o candidato da Argélia ao Oscar 2020 de melhor filme internacional.
“Rafiki”
[Quênia/África do Sul/Alemanha/Holanda/França/Noruega/Líbano/Reino Unido, 2018]
Duas garotas amadurecem juntas em Rafiki, filme de Wanuri Kahiu que entrou para a história como o primeiro longa queniano a competir no Festival de Cannes. Rafiki retrata a relação de Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva), jovens que se tornam amigas apesar da forte rivalidade entre suas famílias. Quando a amizade se transforma em amor, elas têm de enfrentar preconceitos e ameaças para ficarem juntas e buscarem seus sonhos. A diretora também teve de lutar para que Rafiki entrasse em cartaz no Quênia, depois de o governo proibir a estreia alegando “temática homossexual e clara intenção em promover o lesbianismo”. Vale lembrar que Wanuri Kahiu também é autora do roteiro, ao lado de Jenna Cato Bass. As duas adaptaram o conto Jambula Tree, da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko.
* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pelo Telecine