“Parece incrível, mas em muitas áreas a mulher segue sendo alvo de suspeitas quanto à capacidade. No cinema, vi o ovo da serpente: não é comum que as mulheres que fazem cinema – e podemos dizer o mesmo sobre outras áreas – ponham sua atividade de cinema acima de tudo em suas vidas.
Conheço poucas diretoras que acreditam estar no centro do mundo. E isso, que para mim é uma sabedoria, em um mundo que tem valores de mercado, no qual a publicidade (neste caso um auto-elogio) já não é um discurso sobre o produto, mas o próprio produto, cria a fantasia de que se uma pessoa não fala de seu trabalho e de si mesmo em termos superlativos, submetendo o universo a nosso brilho sem igual, deve ser porque esse alguém não vale nada.
Vi em muitos diretores homens esta atitude de filhos únicos de Deus. É fácil suportar essa estupidez machista se você a reconhece como estupidez.”
– Lucrecia Martel, diretora, ao jornal “La Gaceta”