Filme da diretora María Forteza é descoberto durante a quarentena na Espanha

Em plena pandemia do novo coronavírus, a Espanha localizou aquele que pode ser o primeiro filme sonoro dirigido por uma mulher no país: Mallorca, um curta-metragem de pouco menos de oito minutos dirigido por María Forteza. Na estimativa dos especialistas, o filme seria do início dos anos 1930.

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De acordo com o jornal britânico The Guardian, o material foi doado ao arquivo da Filmoteca Espanhola em 1982 por um vendedor de móveis. Registrado como filme mudo e atribuído ao diretor Francisco Aguiló Torrandell, Mallorca nunca foi assistido até ser digitalizado, um processo concluído apenas dias antes de a Espanha decretar estado de emergência por causa do novo coronavírus.

Em confinamento, os funcionários da cinemateca assistiram ao curta e notaram uma série de equívocos no registro. Além de o filme não ser mudo, a direção não era de Torrandell. De acordo com os créditos exibidos na própria tela, Mallorca fora dirigido por uma mulher: María Forteza. 

Pelas imagens, que mostram paisagens da ilha de Maiorca e buscam inspiração na música de Isaac Albéniz (1860-1909), os pesquisadores estimam que o filme tenha sido feito entre 1932 e 1934. Isso faria de Mallorca o primeiro filme sonoro dirigido por uma mulher na Espanha, antes de El Gato Montés (1935), de Rosario Pi.

A princípio, os funcionários da Filmoteca não conseguiram encontrar informações sobre María Forteza ou pessoas que a conhecessem. “Nossa pequena investigação mostrou o que a historiografia e as teorias feministas ressaltam há décadas: as mulheres foram apagadas da história”, disse o diretor da Filmoteca Espanhola, Josetxo Cerdán, no site da instituição. “No caso de María Forteza, isso parece ter ocorrido literalmente: ela foi apagada tanto da história do cinema espanhol como da história social.”

Nesta terça-feira (5), a jornalista Laura Jurado, do site Industrias del Cine, publicou uma entrevista com um sobrinho neto de María Forteza. De acordo com seu relato, ela foi cantora e artista de variedades, e trabalhava ao lado de seu marido, Rámon Úbeda, creditado como produtor de Mallorca.

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