Alicia Vikander é Lara Croft dos novos tempos em “Tomb Raider”

Quinze anos após Angelina Jolie dizer adeus à Lara Croft, chegou a inevitável hora de a heroína dos games voltar à telas com Tomb Raider: A Origem, dirigido pelo norueguês Roar Uthaug. Desta vez, quem assume o papel é a atriz sueca Alicia Vikander, ganhadora do Oscar por A Garota Dinamarquesa (2015).

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A troca de protagonista não é a única mudança do novo filme da franquia, que está claramente ciente de que os tempos mudaram. Diante do crescente debate sobre a representação das mulheres no cinema, a nova Lara Croft é menos sex symbol e mais atleta, o que significa dizer que não há cena no chuveiro, passeio de jet ski com biquíni sexy ou closes excessivos, e até o shorts justo usado por Jolie foi trocado por uma calça cargo.

Vikander treinou pesado durante quatro meses para adquirir o físico da personagem, que começa a trama vivendo em Londres e dividindo-se entre treinos de boxe, entregas de bicicleta e pequenas aventuras. O dinheiro é bem curto para Lara, apesar de ser única herdeira da fortuna deixada por Richard Croft (Dominic West), desaparecido há sete anos. Aceitar o dinheiro é aceitar a morte do pai, algo que ela não está pronta a fazer – muito pelo contrário: após descobrir uma mensagem deixada por Richard, ela decide seguir seus passos e saber o que aconteceu.

Alicia Vikander e Angelina Jolie em duas versões de Lara Croft

Pistas, mapas e gravações levam a protagonista até a ilha japonesa de Yamatai, onde a rainha Himiko, capaz de controlar a vida e a morte, teria sido enterrada viva. Richard Croft acreditava que mexer com tal criatura poderia ser perigoso, mas há quem tenha outros planos, como Lara rapidamente descobre.

Ou talvez não tão rapidamente assim: em se tratando de um filme de origem, Tomb Raider investe bastante tempo na história da família Croft e no processo de autodescobrimento de Lara. Salvo algumas cenas de perseguição inseridas no começo, a ação se concentra mais na segunda metade, com lutas, tiros, correria, muitas (muitas mesmo) cenas em que a heroína periga cair de uma altura inimaginável e as obrigatórias sequências dentro da tumba, que envolvem peças se movendo, pedaços de chão caindo e outros obstáculos que Lara tem de contornar fisicamente, como num videogame.

Tomb Raider empresta elementos de franquias como Indiana Jones e Missão Impossível e é bastante previsível em muitas de suas revelações, inclusive a que vai pautar a sequência, já devidamente inserida no roteiro. A novidade, aqui, é mesmo Vikander, uma atriz talentosa e carismática que segura bem tanto as cenas de ação quanto as mais dramáticas, além da bem-vinda sensação de que o filme foi feito com um propósito maior do que atender às fantasias dos homens da plateia.

É uma pena que o roteiro (co-escrito por Geneva Robertson-Dworet, que também assinará Silver & Black e Capitã Marvel) não tenha aproveitado para incluir mais e melhores personagens femininas. Tomb Raider: A Origem passa no Teste de Bechdel-Wallace, mas por pouco, e resta saber se o futuro da franquia incluirá outras mulheres além de Lara Croft.

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Este filme passa no teste de Bechdel-Wallace. Clique para saber mais.“Tomb Raider: A Origem”
[Tomb Raider, Reino Unido/EUA, 2018]
Direção:Roar Uthaug
Elenco: Alicia Vikander, Dominic West, Kristin Scott-Thomas.
Duração: 118 minutos


Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema.

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