Um tabu de 78 anos foi quebrado na noite deste domingo (28): pela primeira vez, um longa-metragem dirigido por uma mulher ganhou o principal prêmio do Globo de Ouro, entregue ao melhor filme de drama. O vencedor foi Nomadland, dirigido por Chloé Zhao, que também tornou-se a segunda mulher – e a primeira mulher não branca – a vencer na categoria de direção.
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Vídeo: Assista e leia na íntegra o discurso de Jane Fonda no Globo de Ouro
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Como o Globo de Ouro de melhor filme é entregue aos produtores e Zhao também assumiu essa função, tornou-se a primeira mulher asiática a vencer na categoria.
Além dela, outras duas mulheres estavam concorrendo ao troféu de direção: Emerald Fennell, por Bela Vingança, e Regina King, por Uma Noite em Miami. Foi a primeira vez que as mulheres foram maioria entre os indicados e a primeira vez em que mais de uma diretora foi indicada em um mesma edição do prêmio.
Por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a cerimônia do Globo de Ouro foi híbrida: alguns artistas participaram dos eventos apresentados por Tina Fey e Amy Poehler em Nova York e Los Angeles, mas a maioria acompanhou de casa e participou da premiação virtualmente.
A cerimônia também foi marcada por uma reportagem do jornal Los Angeles Times que revelou não haver nenhuma pessoa negra entre os integrantes da Hollywood Foreign Press Association, organização que entrega o Globo de Ouro. Fey e Poehler mencionaram o tema logo na abertura, e três membros da associação foram ao palco dizer que buscarão “um futuro mais inclusivo”, sem que nenhuma medida prática tenha sido anunciada.
Quem também fez referência ao assunto foi a atriz Jane Fonda, homenageada pelo conjunto da obra com o troféu Cecil B. DeMille. Ela usou seu discurso de agradecimento para celebrar filmes e séries de televisão do último ano, e para fazer um chamado por uma indústria cinematográfica mais inclusiva.
“As histórias podem mudar as pessoas, mas há uma história sobre nós mesmos, nesta indústria, que por muito tempo tivemos medo de ver e ouvir. Uma história sobre quais vozes nós respeitamos e elevamos, e quais vozes nós desligamos.”, disse a atriz. “Vamos todos fazer um esforço [por mais diversidade], incluindo todos os grupos que decidem quem é contratado, o que é produzido e quem ganha prêmios.” (assista e leia o discurso completo aqui)
Houve uma série de surpresas entre os premiados, principalmente nas categorias de atuação. Andra Day ganhou o troféu de atriz de drama por The United States vs. Billie Holiday, no qual interpreta a icônica cantora americana; Rosamund Pike foi escolhida melhor atriz de comédia por Eu Me Importo; e Jodie Foster levou atriz coadjuvante por The Mauritanian. Durante a cerimônia, as três se mostram surpresas.
Nos prêmios de televisão, Schitt’s Creek dominou as categorias de comédia e The Crown, os de drama, enquanto O Gambito da Rainha foi escolhida como a melhor minissérie.
Veja as mulheres premiadas:
CINEMA
Melhor filme – drama
Nomadland, de Chloé Zhao
Melhor direção
Chloé Zhao, Nomadland
Melhor atriz – drama
Andra Day, The United States vs. Billie Holiday
Melhor atriz – comédia
Rosamund Pike, I Care a Lot
Melhor atriz coadjuvante
Jodie Foster, The Mauritanian
Canção original
Diane Warren e Laura Pausini, por “Io Sí” (em parceria com Niccolò Agliardi)
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TV
Melhor atriz – drama
Emma Corrin, The Crown
Melhor atriz – comédia
Catherine O’Hara, Schitt’s Creek
Melhor atriz – minissérie, antologia ou filme para a TV
Anya Taylor-Joy, O Gambito da Rainha
Melhor atriz coadjuvante
Gillian Anderson, The Crown