Amy Schumer, “Descompensada” e o feminismo no humor

Na próxima semana, o que já era um ano excelente pode ficar melhor ainda para a comediante americana Amy Schumer, 34 anos. A sexta-feira (17) marca a estreia nos Estados Unidos de seu maior projeto até agora: o filme “Descompensada”, escrito e dirigido por ela (no Brasil, o longa chega aos cinemas em setembro).

Veja também: Assista ao trailer de “Descompensada”

Tudo indica que “Descompensada” – a história de uma mulher que nunca acreditou na monogamia, até conhecer um cara legal – seguirá a mesma linha do trabalho da comediante na série “Inside Amy Schumer”, exibida pelo Comedy Central: um retrato da vida das mulheres, sem meias palavras para falar de sexo.

Schumer, que começou no stand-up comedy, é o novo nome forte da onda de feminismo no humor que começou com Tina Fey, Kristen Wiig e Amy Poehler. Primeiro no programa “Saturday Night Live”, e depois em suas próprias séries e filmes, elas abriram o caminho para as piadas de “Inside Amy Schumer”, que está na terceira temporada.

A atração é geralmente composta por esquetes, muitos dos quais vitalizam na internet. Um dos mais celebrados abordou o diferente tratamento dado a atores e atrizes conforme envelhecem em Hollywood. No vídeo, Tina Fey, Julia Louis- Dreyfus e Patricia Arquette brindam o último dia em que Dreyfus fora considerada atraente o bastante para certos papéis. Outro esquete muito elogiado fez uma paródia do filme “12 Homens e Uma Sentença”, reunindo atores como Jeff Goldblum e Paul Giamatti em um júri com a missão de decidir se Schumer era “gostosa o suficiente” para aparecer na televisão.

O sucesso também trouxe críticas. No fim do mês passado, um artigo da escritora e comediante Monica Heisey no jornal “The Guardian” acusou Schumer de fazer piadas racistas sobre hispânicos. A atriz primeiro se defendeu, depois pediu desculpas. Agora, às vésperas do lançamento de “Descompensada”, ela foi tema de um perfil no “New York Times”, no qual a jornalista Melena Ryzik tentou explicar seu sucesso em poucas linhas:

“Ao dar a selfies e boy bands o mesmo peso político e cômico dado ao estupro e aos direitos de reprodução, Schumer emergiu como uma heroína feminista, capaz de passar de alvo de suas próprias piadas a quem denuncia desigualdades. Ao mesmo tempo cheerleader safada, mulher comum autodepreciativa e corajosa expositora da verdade, Schumer se conecta tanto com homens como mulheres, ao mesmo tempo em que critica a eles e à sua desproporcional representação na mídia.”

No texto, Schumer conta que o feminismo de seu trabalho reflete percepções antigas sobre a desigualdade de gêneros:

“Durante toda a minha vida, senti que as pessoas sempre queriam que as meninas ficassem um pouco mais quietas.”

Também ouvida pela reportagem, a professora de cinema e mídia na Universidade de Emory, Michele Schreiber, disse que Schumer se encaixa perfeitamente “em um cenário cultural que está mudando e no qual a palavra ‘feminismo’ vem perdendo a conotação negativa”. E acrescentou:

“Ela acaba com o ponto mais persistente sobre as feministas: que elas não têm senso de humor.”

Leia a reportagem completa aqui

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