Três atrizes do cinema clássico que marcaram Martin Scorsese

O diretor Martin Scorsese falou sobre três de suas atrizes favoritas na coluna mensal que mantém no site do canal TCM.

Dedicada a filmes clássicos, a emissora sempre faz tributos a atores e atrizes no mês de agosto, o que levou Scorsese a escrever sobre Gene Tierney, Olivia de Havilland e Teresa Wright. De acordo com o diretor, são mulheres cujo trabalho o “afetaram” e cujas carreiras “contam histórias interessantes”.

Sobre Tierney, ele diz:

“Em ‘Laura’ e ‘A Ladra’, ambos dirigidos por [Otto] Preminger, e na adaptação de Edmund Goulding para ‘O Fio da Navalha’, o que exatamente está por trás daquele rosto notável e perfeitamente simétrico é algo cada vez mais misterioso e inquietante. Tierney tinha uma grande fragilidade como atriz […] e presumo que isso era reflexo de uma vida pessoal excepcionalmente dura: na metade final dos anos 1950 ela ia e voltava da Clínica Menniger, passando por terapia de choque, e foi Preminger quem a trouxe de volta ao cinema, depois de uma ausência de sete anos, em ‘Tempestade Sobre Washington’. Ao observar sua carreira, é possível enxergar que um drama interno, genuíno e muito comovente estava acontecendo.”

Sobre Havilland e Wright:

“Como Tierney, elas começaram jovens e tinham grande devoção ao trabalho. E mais do que Tierney, tinham uma compreensão verdadeira sobre o cinema: elas poderiam ter atuado em filmes mudos. Ambas enfrentaram chefes de estúdios e lutaram por sua independência e dignidade […] De Havilland levou a Warner Brothers para o tribunal por estender seu contrato além do limite original de sete anos, como punição por ela ter recusado tantos papéis. Sua vitória foi um golpe real ao poder dos estúdios.

[…]

Quando Wright assinou com Samuel Goldwyn, em 1941, adicionou uma cláusula engraçada em seu contrato, na qual ditava os termos do uso de sua imagem pública: ela insistiu em não ter de posar para fotos ‘correndo na praia com o cabelo ao vento’, ‘preparando uma refeição’ ou ‘usando uma roupa de esqui na neve falsa’. Sete anos depois, Goldwyn a demitiu por recusar a fazer publicidade para um filme, e Wright o enfrentou. ‘Trabalhei para o Sr. Goldwyn por sete anos porque o considero um grande produtor’, disse ela à imprensa, ‘e ele me pagou bem, mas no futuro trabalharei feliz por menos dinheiro, desde que consiga manter o controle sobre a decência mínima sem a qual o trabalho mais glorioso se torna intolerável.'”

E Scorsese conclui:

“Tierney enfrentou suas batalhas de maneira privada, Wright e de Havilland (que fará 100 anos em 2016) enfrentaram as delas publicamente, e para mim as três são inspirações – como atrizes e seres humanos.”

Leia o texto em inglês aqui

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