Estudo: Personagens femininas falam menos e mostram mais

Apesar de as discussões sobre a (falta de) igualdade de gênero no cinema estarem em alta, estudos apontam que a mudança caminha a passos lentos em Hollywood.

Todos os anos desde 2007 (e com exceção de 2011) um grupo da Universidade do Sul da Califórnia avalia a caracterização dos personagens com fala ou nome nos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa deste ano, mulheres representaram 31,4% dos 4.370 personagens em questão – um aumento em relação à porcentagem de 2014 (28,1%), mas abaixo do índice de 32,8% registrado em 2008 e 2009.

Por trás das câmeras, a desigualdade é ainda maior: mulheres representam 7,5% dos 107 diretores por trás dos filmes analisados, uma proporção de 12,4 cineastas homens para cada mulher.

As profissionais têm presença um pouco maior como roteiristas (11,8%) e produtoras (22%), mas ainda menor como compositoras: só uma mulher entre as 113 pessoas creditadas na função.

O estudo também apontou que atrizes têm três vezes mais chance do que atores de serem mostradas em roupas reveladoras (30,2% contra 7,7%) ou com alguma nudez (29% contra 9,5%).

elizabeth banks
Elizabeth Banks, diretora de “A Escolha Perfeita 2”, um dos filmes analisados

Outros dados que chamam a atenção, sempre relativos aos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2015:

  • 32% dos filmes tiveram protagonistas ou coprotagonistas femininas, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
  • Cinco filmes foram protagonizados ou coprotagonizados por uma mulher com 45 anos ou mais. Em comparação, 26 filmes tiveram um homem dessa faixa etária como protagonista.
  • Mulheres têm mais chance de serem chamadas de fisicamente atraentes do que homens (12% contra 3,6%).
  • Adolescentes e jovens adultas têm mais chance de serem mostradas nas telas usando roupas sensuais ou em cenas de nudez do que mulheres de meia idade.
Sanaa Lathan e Michael Ealy em "O Cara Perfeito", um dos filmes analisados
Sanaa Lathan e Michael Ealy em “O Cara Perfeito”, um dos filmes analisados

O estudo também mostrou como Hollywood continua não dando atenção a negros, latino-americanos e à comunidade LGBT. Ainda em relação aos 100 filmes de maior bilheteria de 2015:

  • 73,7% dos personagens analisados eram brancos, 12,2% eram negros, 5,3% eram latinos e 3,9% eram asiáticos; outros grupos não chegaram a 1% cada.
  • No total, 26,3% de todos os personagens com fala ou nome eram de minoria racial/étnica, uma porcentagem que não registrou mudança significativa entre 2007 e 2015.
  • Apenas 14 filmes tinham um protagonista de minoria racial/étnica. Destes, nove eram negros.
  • 17% dos filmes analisados não tinham nenhum negro entre todos os personagens com fala ou nome. O índice é igual ao registrado nos anos de 2013 e 2014.
  • 49 filmes não tinham nenhum asiático entre todos os personagens com fala ou nome e 40 não tinham nenhum latino.
  • Entre os 107 diretores dos filmes analisados, só quatro eram negros (3,7%) e seis eram asiáticos ou asiático-americanos (5,6%).
  • Apenas 32 de todos os personagens com fala ou nome foram identificados como lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais, um aumento em relação aos 13 de 2014. Nenhum destes personagens era protagonista e a maioria era homem gay (19).
  • 82 dos 100 filmes não tinham nenhum personagem com fala ou nome identificado como gay, lésbica, bissexual ou transexual.
  • Só 2,4% de todos os personagens com fala ou nome tinham algum tipo de deficiência. Entre eles, 81% eram homens.

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Veja o relatório completo aqui

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