Lynn Shelton, influente diretora do cinema indie dos EUA, morre aos 54 anos

A diretora Lynn Shelton, importante nome do cinema independente americano e do movimento conhecido como mumblecore, morreu nesta sexta-feira (15), aos 54 anos, em Los Angeles. De acordo com a imprensa americana, a causa da morte foi uma doença sanguínea.

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De acordo com Marc Maron, namorado de Shelton, ela desmaiou na manhã de sexta-feira após se sentir mal durante uma semana. Em comunicado, Maron disse que a doença não tinha sido diagnosticada até então. “Estou em choque e sem saber como seguir em frente neste momento”, escreveu o ator. “Ela era uma artista linda, generosa, amorosa e carismática. Seu espírito era alegria pura.”

Também roteirista, produtora, montadora e atriz, Shelton era conhecida por filmes como Brilhantismo Natural (2008), O Dia da Transa (2009), A Irmã da Sua Irmã (2011), Touchy Feely (2013), Encalhados (2014) e Outside In (2017). Em seus trabalhos, optava por grande naturalidade nos diálogos e nas atuações, navegando entre a comédia e o drama e focando principalmente em relacionamentos, não nos grandes acontecimentos.

Estas características fizeram dela um dos principais nomes do chamado mumblecore, um subgênero do cinema independente americano que foi bastante popular nos anos 2000. Ela fez trabalhos em parceria com outros nomes do movimento, incluindo Joel Swanberg, Greta Gerwig e especialmente Mark Duplass, que lamentou a morte da diretora no Twitter: “Fizemos tantas coisas juntos. Queria que tivéssemos feito mais”, escreveu. “Sua energia criativa sem limites e seu espírito contagiante eram inigualáveis. Ela me fez ser melhor.”

Imagem de “Outside In”, escrito e dirigido por Lynn Shelton

A diretora Nia DaCosta, responsável pela nova versão de A Lenda de Candyman, também lamentou a morte de Shelton no Twitter: “Ela foi uma das incríveis conselheiras que tive nos laboratórios do Festival de Sundance. Estou muito triste e em choque”, escreveu. “Seu trabalho e seu mentoria me impactaram profundamente.”

Lynn Shelton nasceu em Ohio, mas cresceu na cidade americana de Seattle. Ela estudou atuação e fotografia antes de começar no cinema como montadora, e estreou no roteiro e na direção com We Go Way Back (2006). O reconhecimento dos críticos e da plateia veio com o terceiro longa, O Dia da Transa, sobre dois homens héteros que decidem rodar um pornô gay. Premiado em Sundance, o filme chamou a atenção de produtores hollywoodianos, mas Shelton continuou trabalhando de forma independente durante toda a carreira.

“É muito mais fácil ter liberdade criativa quando você está fazendo filmes com pouco dinheiro. Quanto mais dinheiro, mais complicado fica, porque há mais pessoas envolvidas querendo ter certeza de que você não vai jogar o dinheiro delas num buraco”, afirmou a cineasta em 2004 em entrevista à Variety.

Mas Shelton também fez trabalhos de grande alcance na televisão, dirigindo episódios de séries como The Mindy Project, Mad Men, Glow, Love, New Girl e Pequenos Incêndios Por Toda Parte, da qual era produtora executiva. Este foi seu último trabalho. Em 2020 ela também tinha lançado Marc Maron: End Times Fun, especial do ator Marc Maron para a Netflix.


Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema

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