Jane Campion vence por “Ataque dos Cães” e Oscar premia 3ª diretora em 94 anos

Uma das mais premiadas cineastas da história adicionou outro troféu à sua coleção: Jane Campion tornou-se a terceira mulher a ganhar o Oscar de direção, entregue neste domingo (27). A neozelandesa de 67 anos foi premiada por Ataque dos Cães, quase três décadas após concorrer na mesma categoria com O Piano

Líder de indicações ao Oscar, com 12, Ataque dos Cães recebeu apenas o prêmio de direção. A categoria de melhor filme reconheceu outro longa dirigido por mulher: No Ritmo do Coração, de Siân Heder.

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Foi o segundo ano consecutivo em que uma mulher venceu o Oscar de direção. Em 2021, o prêmio foi para Chloé Zhao, por Nomadland, que tornou-se a segunda diretora a vencer na categoria onze anos após Kathryn Bigelow, em 2010, por Guerra ao Terror. Campion também já ganhara o Oscar de roteiro original por O Piano.

“Adoro a direção porque é um mergulho profundo na história, mas criar um mundo pode ser uma tarefa grande demais”, disse Campion em seu discurso. “Em Ataque dos Cães trabalhei com atores que me emociono em poder chamar de amigos. Eles encararam o desafio da história com a profundidade de seus talentos.”

Campion também mencionou Thomas Savage, o autor do romance lançado em 1967 que ela adaptou para as telas. “[Este filme] seria impossível sem o homem que nunca conheci, Thomas Savage. Ele escreveu sobre crueldade querendo o oposto: carinho”, afirmou, antes de agradecer a Academia pela “honra de uma vida”.

Campion já fizera história antes mesmo de a cerimônia deste ano começar, já que foi a primeira mulher a concorrer mais de uma vez na categoria. Por Ataque dos Cães, ela também venceu o prêmio de direção do Festival de Veneza, o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Diretores, entre outros.

Esta foi a oitava vez em 94 anos de Oscar que ao menos uma mulher disputou o prêmio de direção. Além de Campion, Bigelow e Zhao, concorreram Lina Wertmüller, por Pasqualino Sete Belezas (1975); Sofia Coppola, por Encontros e Desencontros (2003); Greta Gerwig, por Lady Bird: A Hora de Voar (2017); e Emerald Fennell, por Bela Vingança (2020).

A obra de Jane Campion

Campion nasceu em Wellington, capital da Nova Zelândia, em 30 de abril de 1954. Sua relação com a arte vem de família: sua mãe, Edith, era atriz e escritora; seu pai, Richard, era diretor teatral. Juntos, os pais da cineasta criaram a New Zealand Players, uma importante companhia de teatro neozelandesa que fez parte da infância de Campion e seus irmãos, Anna e Michael.

Depois de estudar antropologia em Wellington e artes em Londres e Sidney, nos anos 1980 Campion entrou para a Escola de Cinema, Televisão e Rádio da Austrália, dando início à carreira no cinema com curtas-metragens. Até agora, a diretora lançou oito longas, vários deles escritos ou coescritos por ela mesma.

Alguns temas e elementos se repetem, como o interesse por adaptações literárias ou universos ligados à literatura; o erotismo; as relações de poder e manipulação que se estabelecem entre homens e mulheres e/ou integrantes de uma mesma família; os personagens que lidam com algum tipo de opressão ou abuso psicológico; a forte presença da natureza e de paisagens que evocam estados emocionais; além do cuidado com todos os aspectos da produção, sobretudo fotografia, direção de arte, figurino e trilha sonora.

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Foto: Michael Yada / A.M.P.A.S.

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