Cineasta convida mulheres do audiovisual para grupo de discussões

Quando a paulistana Patricia Bernal se mudou para a Irlanda e decidiu trocar a carreira de jornalista pela de cineasta, achou no Facebook uma forma de se conectar com pessoas da área. De volta ao Brasil, fez o mesmo, mas sentiu que os grupos de discussão eram sempre predominantemente masculinos.

Disposta a conhecer mais mulheres cineastas, ela criou o grupo Mulheres Filmmakers e do Audiovisual, aberto às estudantes e profissionais brasileiras. Atualmente com mais de 460 membros, trata-se de um espaço para trocar informações, compartilhar vagas de trabalho e tirar dúvidas. Entre os planos da criadora está, também, um encontro presencial.

Bernal atua principalmente como diretora, diretora de fotografia e montadora, e toca sozinha um canal no YouTube chamado Câmera na Mão, com dicas para outros cineastas. Conversamos com ela para saber mais sobre os dois projetos.

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Como surgiu a ideia de criar o grupo no Facebook?
Na Irlanda, não conheci uma filmmaker brasileira sequer. Foi bizarro. E lá eu comecei a me enturmar com os europeus por meio de grupos de filmmakers no Facebook. Achei a forma mais rápida de conhecer pessoas com o mesmo interesse. Quando cheguei no Brasil, não só não conhecia filmmakers – porque quando saí, minha turma era de jornalistas -, como não conhecia mulheres da área. Participava de dois grupos majoritariamente masculinos. Pesquisei e não achei nada com a mulherada. Falei: “Vou criar então!”

Qualquer pessoa pode entrar?
O grupo é exclusivo para mulheres estudantes e profissionais de audiovisual e cinema. Para participar basta solicitar entrada e serão muito bem-vindas!

No grupo você já fez sorteios e divulgou vagas de trabalho. Que outras ações e projetos prevê para o futuro?
Quero muito que o grupo dê origem a eventos e encontros presenciais para, em um primeiro momento, unir a mulherada. Também quero que, conforme for crescendo, a gente possa fomentar ações diversas pelo Brasil e pelo mundo para chamar atenção  para o espaço das mulheres no audiovisual. Um grupo de pessoas pode fazer isso acontecer.

Você tem o canal Câmera na Mão no YouTube. Por que o criou?
Decidi mudar de carreira [do jornalismo para o cinema] e comecei como filmmaker de verdade em 2013, quando me mudei para a Irlanda. Logo veio a vontade de ter um canal no YouTube. Sabia que queria falar de audiovisual, mas não sabia o meu gancho, como poderia contribuir. Ao chegar no Brasil comecei a estudar mais sobre empreendedorismo, algo que iniciei na Irlanda. Vi que poderia falar sobre os dois [assuntos], afinal eu era uma filmmaker empreendedora sem saber. Meu crescimento profissional dentro do audiovisual sempre foi junto com o empreendedorismo.

Você faz os vídeos sozinha?
Sim, faço tudo 100% sozinha, dá um trabalho do cão [risos].

Acha que está mais fácil de fazer e mostrar o próprio trabalho, sem depender de outras pessoas e canais?
É muito importante a gente experimentar e fazer testes. Para isso é preciso aprender todas as áreas que estão envolvidas em um vídeo para não depender de ninguém, ou de dinheiro para um serviço que você precisa e não tem como pagar (ainda). Quando você domina a ferramenta totalmente, você ganha liberdade. Liberdade de criar o que quiser, como quiser e quando quiser. Boa parte dos meus trabalhos na Irlanda fiz sozinha. Aqui no Brasil já estou na fase de ampliar o meu negócio, delegar funções e fazer parcerias. Agora que já sei fazer tudo, quero começar a pegar projetos cada vez maiores e agregar pessoas à equipe. Mas esse trabalho solitário no início te força a ser perfeccionista e detalhista no conhecimento. A longo prazo você vai entendendo a obra como um todo, e não apenas uma função. Quando for tomar conta de uma produção maior, irá entender as dificuldades de cada membro da equipe e ajudar a resolver de uma forma bem melhor.

Recentemente o YouTube lançou iniciativas para apoiar produtoras de conteúdo. Você acha que plataformas assim podem ajudar as mulheres a conquistar espaço no audiovisual?
E como! Por experiência própria posso dizer que o YouTube foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha carreira como filmmaker. Tem me aberto muitas portas e olha que estou só no comecinho [risos]. Temos de ter mais mulheres do audiovisual no Youtube com toda certeza.

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