De ação a terror: 10 filmes dirigidos por mulheres para fãs de todos os gêneros

Que tipo de filme uma mulher pode dirigir? Um dos estereótipos mais resistentes sobre o trabalho das mulheres por trás das câmeras é o de que certos gêneros cinematográficos são mais “apropriados” ao talento feminino do que outros. Para muitos executivos dos estúdios hollywoodianos, diretoras devem se dedicar a dramas e documentários, mas não aos filmes de ação e ficção científica, por exemplo.

A desigualdade de gênero nos gêneros cinematográficos foi confirmada por um estudo do Annenberg Inclusion Initiative, think thank americano que analisou os 1.200 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos de 2007 a 2018. As mulheres são minoria em produções de todos os tipos, mas o gênero com a menor diferença é o drama, no qual há 10,8 diretores para cada diretora. Em seguida vem a comédia: 14,7 homens para cada mulher.

Passe para a animação e os números dão um salto: neste gênero, há 23 diretores para cada diretora. A proporção piora ainda mais no terror (33 para 1) e nos filmes de ficção científica e fantasia (34,7 para 1), até chegar ao ápice negativo nos filmes de ação: 68 homens para cada mulher.

Apesar de dados tão desanimadores, as cineastas seguem demonstrando seu interesse, talento e capacidade de contar as mais diferentes histórias. Pensando nisso, o Mulher no Cinema selecionou 10 filmes dirigidos por mulheres para fãs de todos os gêneros, disponíveis no catálogo do Telecine e que você pode acessar direto pela internet. Da ação ao terror e da aventura ao romance, uma coisa é certa: mulheres fazem todo tipo de cinema.

Veja as dicas de filmes para ver no Telecine:


Ação: Caçadores de Emoção (1991), de Kathryn Bigelow

Primeira e (ainda) única mulher a ganhar o Oscar de direção, a americana Kathryn Bigelow é dona de uma carreira que desafia estereótipos: transitou por diferentes gêneros, retratou universos masculinos e dirigiu filmes cheios de adrenalina. É o caso de Caçadores de Emoção, um clássico dos anos 1990 que escalou o jovem Keanu Reeves como Johnny Utah, agente novato do FBI. Investigando assaltos a bancos feitos por homens mascarados, ele se infiltra em um grupo de surfistas liderados pelo carismático Bodhi, papel de Patrick Swayze.


Animação: Bao (2018), de Domee Shi

Filha única de pais chineses que imigraram para o Canadá, Domee Shi buscou inspiração em sua própria vida para criar este bonito curta premiado com o Oscar. Em Bao, uma mulher chinesa sofre com o chamado “ninho vazio”, mas ganha uma segunda chance de viver a maternidade quando um de seus dumplings cria vida. O filme quebrou um tabu: foi o primeiro curta-metragem dirigido por uma mulher a ser lançado pela Pixar, estúdio de animação com mais de 30 anos de existência. A diretora, aliás, já está desenvolvendo seu longa de estreia.


Aventura: Uma Dobra no Tempo (2018), de Ava DuVernay

Quebrar recordes e tabus tem sido algo frequente na carreira da cineasta americana Ava DuVernay, que começou em Hollywood na área de relações públicas e hoje é celebrada por seu trabalho como diretora, roteirista, produtora e distribuidora. Com Uma Dobra no Tempo, ela entrou para a história como a primeira mulher negra a dirigir um filme com orçamento de US$ 100 milhões (R$ 375 milhões). Voltada para o público infantojuvenil, a produção adapta o livro de Madeleine L’Engle (1918-2007) sobre a busca da adolescente Meg Murry (Storm Reid) pelo pai, um cientista que desapareceu misteriosamente. O elenco cheio de estrelas inclui Reese Witherspoon, Mindy Kaling, Oprah Winfrey, Gugu Mbatha-Raw e Chris Pine.


Cinebiografia: O Zoológico de Varsóvia (2017), de Niki Caro

A diretora neozelandesa Niki Caro ficou conhecida internacionalmente por Encantadora de Baleias (2002) e, de lá para cá, fez uma série de trabalhos em Hollywood. Em O Zoológico de Varsóvia escolheu Jessica Chastain para interpretar uma personagem real: Antonina Zabinski (1908-1971), que ao lado do marido, Jan, usou o zoológico que mantinha na Polônia para salvar centenas de pessoas durante a invasão nazista. Vale a pena conhecer a história de Antonina e ficar de olho no próximo projeto de Niki Caro, a versão live-action de Mulan.


Comédia: Quanto Mais Idiota Melhor (1992), de Penelope Spheeris

Muita gente não sabe que uma mulher dirigiu essa popular comédia estrelada por Mike Myers e Dana Carvey e inspirada em um quadro do humorístico Saturday Night Live. A cineasta americana Penelope Spheeris foi uma escolha perfeita para comandar o primeiro filme sobre os amigos metaleiros, já que tinha longa experiência filmando a cena do rock em Los Angeles – incluindo o celebradíssimo documentário The Decline of Western Civilization (1979). Em Quanto Mais Idiota Melhor, Wayne e Garth assinam contrato com uma emissora e tentam fazer de forma profissional o programa caseiro que gravavam no porão de casa. Party on!


Documentário: Uma Verdade Mais Inconveniente (2017), de Bonni Cohen e Jon Shenk

Em 2006, o documentário Uma Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim, levou a discussão sobre o aquecimento global para o mundo do cinema e foi premiado com o Oscar. Uma década depois, esta continuação investiga o que mudou durante o período e aborda a possibilidade de uma revolução energética a partir de investimento em fontes renováveis. Desta vez, a direção é da dupla Bonni Cohen e Jon Shenk, que acompanha o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore em uma jornada para tentar influenciar as políticas climáticas.


Drama: Certas Mulheres (2016), de Kelly Reichardt

Diretora de filmes como Wendy e Lucy (2006) e O Atalho (2010), Kelly Reichardt é um dos nomes mais interessantes do cinema independente americano. Com Certas Mulheres, ganhou o Festival de Cinema de Londres e entrou para a lista de melhores filmes de 2016 da revista Sight & Sound. O longa contra três histórias baseadas em contos da escritora Maile Meloy, todas centradas em mulheres e ambientadas na região de Livingston, Montana. O elenco é de peso: Laura Dern, Michelle Williams, Lily Gladstone e Kristen Stewart.


Inspirado em quadrinhos: Mulher-Maravilha (2017), de Patty Jenkins

O sucesso de crítica e bilheteria de Mulher-Maravilha ajudou a abrir portas para que outras heroínas cheguem às telas, e para que outras diretoras tenham mais oportunidades nos filmes inspirados em quadrinhos. A cineasta Patty Jenkins se uniu à carismática atriz Gal Gadot para contar a história de origem da personagem, ambientada na Primeira Guerra (1914-1918). Assim, acompanhamos como Diana, uma guerreira amazona em treinamento, deixa a Ilha de Temyscira para descobrir a dimensão de seus poderes e o destino que deve seguir.


Romance: Tudo e Todas as Coisas (2017), de Stella Meghie

O segundo longa da canadense Stella Meghie é uma adaptação para as telas do livro homônimo de Nicola Yoon, um best-seller do gênero que se convencionou chamar de Jovem Adulto. Amandla Stenberg interpreta Maddy, uma garota acometida por uma grave e rara doença que a impede de ter contato com o mundo exterior. Após 17 anos de vida reclusa, ela se sente sozinha, mas está conformada com a rotina dentro de casa. Até que a chegada de um novo vizinho, Olly (Nick Robinson), faz com que o desejo de ser livre ganhe outra dimensão.


Terror: Garota Infernal (2009), de Karyn Kusama

Cheio de sangue, humor e ironia, este divertido filme de terror tem mulheres em frente e por trás das câmeras: o roteiro é de Diablo Cody (de Juno), a direção é de Karyn Kusama (O Peso do Passado) e o elenco é encabeçado pelas atrizes Megan Fox e Amanda Seyfried. Estudante de um típico colégio americano, Needy (Seyfried) tenta entender o que está acontecendo com sua melhor amiga, Jennifer (Fox), que passa a se comportar de forma estranha ao mesmo tempo em que violentos crimes abalam a cidadezinha onde moram.


* Este conteúdo foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pelo Telecine.

Deixe um comentário

Top