5 filmes dirigidos ou estrelados por mulheres negras para ver no streaming do Telecine

Pensar sobre questões de gênero no cinema é pensar, também, sobre questões de raça: em Hollywood e no Brasil estudos comprovam que as mulheres negras são o grupo com menos oportunidades em frente e por trás das câmeras, atrás não apenas dos homens brancos, mas também das mulheres brancas e dos homens negros.

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Foi o que mostrou, por exemplo, um estudo divulgado neste mês pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA). Ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o GEMMA analisou os 240 filmes brasileiros de maior bilheteria entre 1995 e 2018 e revelou que nenhum foi dirigido ou roteirizado por uma mulher negra. Além disso, elas representaram apenas 4% do elenco destes longas-metragens.

O cenário também é profundamente desigual em Hollywood. De acordo com o Centro para o Estudo da Mulher na Televisão e no Cinema, da Universidade Estadual de San Diego, atrizes brancas interpretaram 68% das personagens mulheres que tiveram fala nos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2019. Apenas 20% destas personagens foram interpretadas por atrizes negras, e 12% por atrizes de outras raças/etnias. 

Já o estudo da Annenberg Inclusion Initiative, da Universidade do Sul da Califórnia, apontou que apenas 57 mulheres dirigiram filmes entre as 1,3 mil maiores bilheterias nos Estados Unidos de 2007 a 2019. Destas, 46 eram brancas, seis eram negras e cinco, de outras raças/etnias.

Uma das diretoras negras que arrasou nas bilheterias em 2019 foi Tina Gordon. Seu segundo longa, A Chefinha, faturou US$ 40 milhões só nos Estados Unidos, mais do que o dobro de seu orçamento de produção. Aproveitando que A Chefinha chegou ao streaming do Telecine, reunimos cinco filmes de diferentes gêneros que têm mulheres negras no elenco, na direção e/ou no roteiro.

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Para o público jovem:
A Chefinha (2019), de Tina Gordon

Se você ainda não conhece Marsai Martin, está dormindo no ponto: esta talentosa artista de apenas 15 anos está deixando sua marca em Hollywood tanto em frente quanto por trás das câmeras. Premiadíssima pelo papel de Diane Johnson na série Black-ish, ela é protagonista e produtora executiva da comédia juvenil A Chefinha. Partiu dela, aliás, a ideia do filme: contar a história de Jordan Sanders, uma bem-sucedida, porém intratável empresária, que durante um ataque de fúria é enfeitiçada e se vê de volta ao seu corpo de 13 anos. Considerando que o elenco também tem Regina Hall (de Viagem das Garotas) e Issa Rae (de Insecure), que a direção é de Tina Gordon e que o roteiro foi escrito pela diretora em parceria com Tracy Oliver, a jovem Marsai Martin parece saber da importância da representatividade nas telas e de incluir outras mulheres em seus projetos.


Para quem gosta de comédia:
Mudança de Hábito (1992), de Emile Ardolino

Este clássico dos anos 1990 estrelado por Whoopi Goldberg foi um sucesso estrondoso de bilheteria, faturando mais de US$ 230 milhões pelo mundo. Além disso, foi indicado a dois Globos de Ouro, ganhou a sequência Mudança de Hábito 2: Mais Loucuras no Convento (um terceiro filme está em desenvolvimento) e inspirou um musical visto por mais de 5 milhões de pessoas em 12 países. A história gira em torno da cantora Deloris Van Cartier (Goldberg), que entra numa roubada ao testemunhar um crime do namorado gângster. Sob o programa de proteção a testemunhas do governo, ela tem de se esconder em um convento e fingir ser Mary Clarence, a nova regente do coral das freiras. Deloris é um dos papéis mais marcantes na longeva e notável carreira de Whoopi Goldberg, uma das 15 pessoas da história com o título de EGOT – ou seja, que ganharam o Emmy (prêmio para trabalhos na televisão), o Grammy (música), o Oscar (cinema) e o Tony (teatro).


Para quem gosta de terror:
Nós (2019), de Jordan Peele

A atriz Lupita Nyong’o nunca deixou dúvidas sobre seu talento: já em seu primeiro longa-metragem, 12 Anos de Escravidão (2013), ela se destacou no papel de Patsey e foi premiada com o Oscar. Mas mesmo quem estava plenamente ciente do alcance da atriz se impressionou com sua brilhante atuação em Nós, terror escrito e dirigido por Jordan Peele (de Corra!). Nyong’o interpreta Adelaide, uma mulher que viaja para a praia com o marido e os dois filhos. O lugar já lhe é incômodo por trazer lembranças de uma experiência traumática vivida durante a infância, mas a tensão aumenta (muito!) quando quatro invasores aparecem em sua casa, todos vestindo vermelho e visualmente idênticos à Adelaide e sua família. O terror inteligente de Peele é um prato cheio para Nyong’o, que faz um trabalho minucioso de voz, expressão e linguagem corporal para diferenciar as duas personagens. Que a Academia não tenha indicado a atriz ao segundo Oscar continua sendo imperdoável.


Para quem gosta de cinebiografias:
Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (2017), de Angela Robinson

O ano de 2017 ficou marcado pelo sucesso de Mulher-Maravilha, filme estrelado por Gal Gadot e dirigido por Patty Jenkins. Mas outro longa sobre a heroína – mais precisamente sobre os bastidores de sua criação – foi lançado no mesmo ano. Trata-se de Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas, um projeto que a diretora e roteirista Angela Robinson levou oito anos para tirar do papel. Robinson ficou fascinada pela história por trás da icônica personagem, criada pelo inventor e psicólogo William Marston (no filme, interpretado por Luke Evans). Ele teria se inspirado e colaborado com duas mulheres: a também inventora Elizabeth (Rebecca Hall), com quem era casado, e Olive (Bella Heathcote), uma ex-aluna que viveu com o casal no que se acredita ter sido um relacionamento poliamoroso (a neta de William e Elizabeth nega, mas muitos pesquisadores concordam com a versão do filme). Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas foi exibido no Festival de Toronto e foi bem-recebido pelos críticos americanos, com 86% de aprovação no site especializado Rotten Tomatoes.


Para quem gosta de drama:
Praça Paris (2017), de Lucia Murat

Com mais de 20 anos de carreira no teatro, a mineira Grace Passô firmou-se como uma das atrizes mais importantes do Brasil. Mas há quem tenha descoberto seu talento mais recentemente, por meio das telas e não dos palcos: Passô atuou em filmes premiados como o longa Temporada (2019), de André Novais Oliveira, e o curta Sem Asas (2019), de Renata Martins, além de ter dirigido o média Vaga Carne (2020) em parceria com Ricardo Alves Jr.. Um dos primeiros projetos da atriz no cinema foi Praça Paris, no qual interpreta Gloria, uma mulher criada no Morro da Previdência que é vítima de abusos do pai e controlada pelo irmão. Trabalhando como ascensorista na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, ela conhece Camila (Joana de Verona), uma jovem psicanalista portuguesa. Quando Camila passa a atender Gloria, um vínculo se cria entre as duas. Praça Paris ganhou dois prêmios no Festival do Rio: melhor atriz para Grace Passô e direção para Lucia Murat.


* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pelo Telecine

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