Nos 125 anos do cinema, Telecine celebra diretoras pioneiras na TV e no streaming

Dezesseis filmes de diretoras como Alice Guy-Blaché, Lois Weber e Germaine Dulac vão abrir as comemorações dos 125 anos do cinema no Telecine. Já disponíveis no streaming, os curtas e longas da mostra Pioneiras do Cinema também serão exibidos no Telecine Cult em 6/12, a partir de 13h35 (veja a programação abaixo).

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A comemoração se refere aos 125 anos do que é considerado o marco inicial do cinema: a primeira exibição pública de imagens em movimento, realizada pelos irmãos Lumière em Paris no dia 28 de dezembro de 1895. De lá para cá, os Lumière, assim como George Méliès, D.W. Griffith e outros cineastas homens tornaram-se amplamente reconhecidos como pioneiros, enquanto mulheres como Guy-Blaché, Weber e Dulac foram repetidamente ignoradas por livros, cursos, festivais e retrospectivas.

Em reconhecimento a este apagamento histórico, o Telecine não apenas incluiu as pioneiras no Festival 125 Anos de Cinema como decidiu começar a mostra com elas. Para a curadoria, iniciar a retrospectiva com o trabalho das mulheres foi uma forma de ressaltar o quanto elas foram fundamentais para a criação e o desenvolvimento da linguagem cinematográfica.

“Quando você pesquisa sobre o início do cinema, encontra listas de filmes que quase só têm homens brancos. É assim que a história é contada”, afirmou a curadora do Telecine Cult, Karina Branco, em entrevista ao Mulher no Cinema. “Quando sentamos para analisar o projeto do festival e vimos que a pesquisa só trazia homens, decidimos correr atrás das mulheres e ter essa questão cada vez mais em mente.”

Sete filmes de Alice Guy-Blaché, a primeira cineasta mulher da história, podem ser visto no streaming do Telecine

O primeiro nome que chamou a atenção da curadoria foi o da francesa Alice Guy-Blaché (1873-1968), a primeira cineasta mulher da história, que rodou seu filme de estreia em 1896 – apenas meses depois da exibição dos Lumière. Em uma carreira brilhante tanto na França quanto nos Estados Unidos, Blaché fundou seu próprio estúdio, dirigiu mais de mil curtas e longas dos mais variados gêneros cinematográficos e foi uma das primeiras pessoas a perceber o potencial do cinema para contar histórias.

Ao entrar em contato com a distribuidora MK2, o time de aquisições do Telecine conseguiu sete filmes de Alice e aproveitou para comprar os direitos de exibição de todas as outras obras de pioneiras que a empresa tinha disponível. No total, a mostra exibe trabalhos de sete diretoras que compõem um retrato do quão forte e variada era a produção feminina já nas primeiras décadas do audiovisual. Além de Guy-Blaché, a França está representada por Germaine Dulac (1882-1942), figura fundamental do cinema de vanguarda nos anos 1920, e Marie-Louise Iribe (1894-1934), também atriz e cofundadora da produtora Les Artistes Réunis. Por sua vez, os Estados Unidos marcam presença com três artistas importantes: Lois Weber (1879-1939), a primeira americana a dirigir e uma das cineastas mais bem-sucedidas dos anos 1920 (inclusive considerando os homens); Mabel Normand (1892-1930), nome central da comédia silenciosa em frente e por trás das câmeras; e Mary Ellen Bute (1906-1983), uma das pioneiras do cinema experimental.

Quem completa a lista é a russa Olga Preobrazhenskaya (1881-1971), também atriz e roteirista, que é conhecida principalmente por As Mulheres de Ryazan, o filme favorito da curadora do Telecine Cult entre todos os da programação. Lançado em 2017, o longa codirigido por Ivan Pavrov conta a história de duas mulheres cujas vidas são radicalmente alteradas quando os homens por quem são apaixonadas são convocados para a Primeira Guerra (1914-1918). “É um filme que foge ao que estamos acostumados a ver no cinema soviético da época e que tem um fundo feminista muito à frente de seu tempo”, afirmou Karina Branco. “Embora isso não seja explicitado verbalmente, há uma sororidade bem legal entre as personagens. É um filme incrível e muito atual.” 

Karina destacou, também, o protagonismo feminino de muitas obras na mostra do Telecine. “Foi interessante perceber que, desde o início, estas mulheres já estavam contando nossas histórias”, afirmou.

Imagem do filme “Mulheres De Ryazan” (1927), de Olga Preobrazhenskaya e Ivan Pravov, destaque da mostra do Telecine

Com duração até junho de 2021, o Festival 125 Anos de Cinema exibirá uma seleção temática a cada domingo no Telecine Cult, enquanto a programação completa fica disponível no streaming. Outro destaque virá em março, durante a homenagem à Nouvelle Vague, que foi dividida em duas mostras diferentes: uma só com filmes de Agnès Varda (1928-2019) e outra dedicada aos demais integrantes do movimento. De novo, o objetivo foi dar visibilidade a quem por tanto tempo foi injustamente esquecida. “Na faculdade e nos cursos que fiz, as aulas sobre a Nouvelle Vague falavam de François Truffaut e Jean-Luc Godard. Mas Agnès Varda, que de certa forma deu o pontapé inicial ao movimento, só fui conhecer muitos anos mais tarde”, contou a curadora. 

Abaixo, confira a programação completa da mostra Pioneiras do Cinema e os horários em que cada filme será exibido neste domingo (6) no Telecine Cult.

Você também pode clicar nos títulos dos filmes para assisti-los no streaming do Telecine. Aproveite que a plataforma está oferecendo os primeiros 30 dias de acesso grátis para novos assinantes, cadastre-se e conheça algumas das mulheres que fizeram história nas telas.

Pioneiras do Cinema
Domingo (6/12) no Telecine Cult

13h35 – Carlitos no Hotel (1914), de Mabel Normand

13h48 – O Rei dos Elfos (1931), de Marie-Louise Iribe

14h40 – Parábola (1937), de Mary Ellen Butte, Rutherford Boyd, Bill Nemeth e Ted Nemeth

15h – O Amor Maior de um Homem (1911), de Alice Guy-Blaché e Alexander Butler

15h17 – Algie, O Mineiro (1912), de Alice Guy-Blaché

15h29 – A Garota na Poltrona (1912), de Alice Guy-Blaché

15h42 – Americanização (1912), de Alice Guy-Blaché

15h53 – Casamento Às Pressas (1913), de Alice Guy-Blaché   

16h04 – O Cair das Folhas (1912), de Alice Guy-Blaché

16h15 – A Órfã do Oceano (1916), de Alice Guy-Blaché

17h05 – Suspense (1913), de Lois Weber e Phillips Smalley

17h15 – Insatisfação (1916), de Lois Weber   

17h40 – A Mancha (1921), de Lois Weber   

19h20 – Mulheres De Ryazan (1927), de Olga Preobrazhenskaya e Ivan Pravov

21h – O Cigarro (1919), de Germaine Dulac

22h – A Sorridente Madame Beudet (1923), de Germaine Dulac


* Este texto foi produzido pelo Mulher no Cinema e é patrocinado pelo Telecine

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