Conheça Rachel Morrison, primeira mulher indicada ao Oscar de direção de fotografia

Aquecendo os motores para o Oscar 2018, que ocorre em 4 de março, Mulher no Cinema vai publicar, diariamente, um breve perfil de todas as profissionais femininas indicadas em cada uma das categorias.

Leia também: 10 filmes recentes com mulheres na direção de fotografia
Oscar 2018: Veja a lista com todas as mulheres indicadas ao prêmio deste ano
Saiba mais: Conheça sete mulheres que já fizeram história no Oscar 2018

Já falamos sobre as mulheres que disputam melhor filmeatriz, atriz coadjuvantedireção, roteiro adaptado e roteiro original. Agora a categoria é direção de fotografia, dona do maior tabu feminino no Oscar: esta é a primeira vez que uma mulher é indicada ao prêmio desde que ele foi criado, em 1929. Saiba mais:


Rachel Morrison, por Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi
A histórica indicação ao Oscar apresentou ao grande público um nome que já era reconhecido no cinema independente americano. Aos 39 anos, Morrison tem mais de 40 trabalhos no currículo, incluindo 14 longas-metragens. Nascida em Cambridge, Massachussetts, ela diz ter “crescido com uma câmera na mão”: “Sempre me senti confortável por trás da lente. Era eu quem tirava as fotos da família e dos amigos”, contou, em entrevista ao canal ARRI. Com o tempo, ela também se interessou pela possibilidade de contar histórias a partir de imagens em movimento. Então, optou por uma dupla graduação na Universidade de Nova York: fotografia e cinema. Posteriormente, fez mestrado em direção de fotografia no conservatório do American Film Institute.

No início da carreira, trabalhou principalmente em curtas, documentários e programas de televisão, sendo indicada ao Emmy por Rikers High (2005). Estreou no longa-metragem de ficção com Palo Alto, CA (2007), de Brad Leong, e em 2008 e 2009 fez parte da equipe do reality show The Hills, um formato que, segundo ela, abandonou para nunca mais voltar.

Focada no cinema, foi diretora de fotografia em filmes como A Seita Misteriosa (2011), de Zal Batmanglij; Um Dia Desses (2012), de Travis Fine; e Fruitvale Station: A Última Parada (2013), de Ryan Coogler, premiado em Sundance. No vídeo abaixo (em inglês), Morrison cita este trabalho como um de seus favoritos, por ser “atual, importante e ter algo a dizer”:

Em 2014, Morrison fez sua estreia na direção com um episódio da série American Crime, que foi ao ar no ano seguinte. Foi o primeiro de três trabalhos como diretora – de novo em American Crime e também no seriado Quantico.

O convite para Mudbound: Sobre as Lágrimas do Mississippi partiu da diretora e roteirista Dee Rees. O filme é ambientado nos anos 1940 (época que Morrisson sonhava em filmar) e acompanha duas famílias separadas por barreiras raciais e sociais no sul dos Estados Unidos: os McAllan e os Jacksons. As filmagens foram extremamente desafiadoras para a equipe, devido ao forte calor, às rápidas e imprevisíveis mudanças climáticas e ao prazo apertado – foram apenas 29 dias no set. À revista Entertainment Weekly, Morrison falou sobre a fotografia do filme:

“O maior objetivo era contrastar sonho americano com realidade americana, escala com intimidade. Queríamos que o filme parecesse grande, mas também sabíamos que, no fim das contas, ele iria se fazer nos pequenos momentos, nas relações e nas conversas na mesa do jantar. Era para ser épico e íntimo.”

Enquanto aproveita o merecido reconhecimento por Mudbound, Morrison também experimenta o sucesso de crítica e bilheteria de seu mais recente trabalho, Pantera Negra, que está em cartaz nos cinemas e marca uma nova parceria com o diretor Ryan Coogler. Sem grande conhecimento sobre quadrinhos, a diretora de fotografia disse ter estudado as produções da Marvel para “entender o mundo e a língua”. Abaixo, veja entrevista dela sobre o filme (em inglês):

Com Mudbound, Morrison também tornou-se a primeira mulher a ser indicada ao prêmio da Sociedade Americana dos Diretores de Fotografia, a qual se uniu em 2017. A presença feminina no setor é muito baixa em Hollywood, com mulheres representando apenas 4% dos profissionais que trabalharam nos 250 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2017. Na entrevista ao ARRI, Morrison definiu assim a profissão:

“Direção de fotografia é o melhor trabalho para se ter no set. Todos nós sabemos disso. É a habilidade de contar uma história pela imagem, a luz e a câmera. É a longevidade de capturar um momento e congelar o tempo, [criando] algo que, em tese, terá uma vida muito maior do que as nossas.”


Luísa Pécora é jornalista, criadora e editora do Mulher no Cinema 

* Até 4 de março, Mulher no Cinema publica perfis de todas as mulheres indicadas ao Oscar 2018. A cada dia é publicado um texto sobre uma categoria diferente. Acompanhe a série completa aqui.

Deixe um comentário

Top