Tereza Gonzales fala sobre os novos projetos do Porta dos Fundos

Tereza Gonzalez se uniu ao grupo Porta dos Fundos com uma missão importante e difícil: coordenar a expansão para o cinema e a televisão do coletivo de humor que começou na internet.

Os frutos dessa parceria já começaram a aparecer. Depois da série O Grande Gonzalez, exibida pela FOX, o grupo agora chega ao cinemas com Contrato Vitalício. Um segundo longa já está sendo desenvolvido, além de outros projetos que incluem filmes, programas de TV e seriados.

“A nova etapa do Porta dos Fundos vai abrigar projetos pessoais dos integrantes”, disse Gonzalez, em entrevista por e-mail ao Mulher no Cinema. “Temos uma grande quantidade de ideias e projetos para serem desenvolvidos para todas as plataformas.”

Cena do filme "Contrato Vitalício"
Cena do filme “Contrato Vitalício”

Gonzalez começou a carreira como assistente de direção, mas encontrou seu lugar na produção – uma área que, aliás, costuma ser mais receptiva às mulheres.  O currículo inclui longas como Lisbela e o Prisioneiro (2003), Paraísos Artificiais (2012) e Entre Abelhas (2014), no qual trabalhou com Ian SBF e Fábio Porchat.

Dali saiu o convite para cuidar da área de cinema e televisão do Porta dos Fundos, e desde o ano passado Gonzalez é CEO do grupo. Na entrevista a seguir, ela fala sobre trabalhar em diferentes formatos e a nova fase do coletivo.

Quais foram os desafios em levar o Porta para o cinema?
Primeiro, [decidir] que tipo de filme seria feito. Chegamos a pensar, por exemplo, num filme de esquetes. Mas rapidamente entendemos que deveríamos partir para uma linguagem cinematográfica, personagens que tivessem um arco dramático e uma história mais complexa. Mas o desafio prático, além de todos os obstáculos de se fazer cinema, foi o de conciliar todas as agendas.

Na sua opinião, o que faz o Porta dos Fundos ter tanto sucesso?
Talento, independência e diversidade. E [o fato de ser] um trabalho coletivo. São muitas cabeças pensando, sob a batuta do Ian.

O grupo se destaca pela variedade de formatos – internet, cinema, série, esquetes. Pensando de forma geral, não apenas no caso do Porta dos Fundos, há algum formato no qual você aposta mais, que vê como o futuro do audiovisual?
A principal novidade do audiovisual com as possibilidades tecnológicas de hoje é a multiplicidade de formatos. Mas acredito que uma das principais tendências para o futuro seja a simultaneidade das janelas. Cada vez mais os filmes, séries e esquetes estarão disponíveis em várias plataformas e suportes ao mesmo tempo ou após um intervalo muito curto.

A produtora Tereza Gonzalez e o diretor Ian SBF
A produtora Tereza Gonzalez e o diretor Ian SBF

Vocês já estão preparando um segundo longa do Porta, intitulado O Palestrante Motivacional. O que pode adiantar sobre o filme?
É um projeto pessoal do Fábio [Porchat], que vamos rodar em janeiro de 2017. Será a primeira experiência da nova etapa do Porta dos Fundos, que vai abrigar projetos pessoais dos integrantes do coletivo. Temos [em vista] também um longa dirigido pelo Ian, dois programas para o Greg, uma série e um programa do Kibe, e um seriado do João Vicente. Temos uma grande quantidade de ideias e projetos para serem desenvolvidos para todas as plataformas.

Vocês receberam autorização para captar R$ 5,7 milhões para o próximo filme, num momento em que leis de incentivo tem sido bastante discutidas. Qual sua opinião sobre estas leis?
Acho que a Lei do Audiovisual e outros dispositivos e mecanismos de incentivo e financiamento desempenham um papel muito importante. Mas apesar de termos usado recursos incentivados, é importante deixar claro que o maior investidor do filme foi o próprio Porta dos Fundos.

No Brasil, como no mundo, é bem mais comum encontrar mulheres na produção do que na direção. Por que isso acontece? Alguma teoria para explicar esse cenário?
É um fato, mas não tenho uma teoria. Um palpite: foi um campo em que, [em meio à] tradição machista, fomos conquistando espaço. No meu caso, comecei como assistente de direção, mas encontrei um campo de trabalho melhor na produção. E sempre levo comigo muitas mulheres. Minhas equipes são sempre muito femininas.

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