Diretora busca recursos para lançar filme sobre Hilda Hilst

Uma das principais escritoras brasileiras deve chegar aos cinemas no ano que vem. Com material inédito, “Hilda Hilst Pede Contato” recupera a vida e a obra da autora de “Bufólicas” e “A obscena senhora D”.

Por trás do projeto está a roteirista e diretora paulistana Gabriela Greeb, dona da produtora independente Homemadefilms e realizadora do longa “A Mochila do Mascate “. Foi este filme que rendeu um convite de José Luis Mora Fuentes, amigo e herdeiro de Hilda, para contar a história da escritora, que morreu em 2004.

Vídeo: Veja o teaser de “Hilda Hilst pede contato”

Imagem do filme
Imagem do filme “Hilda Hilst Pede Contato”

Mora Fuentes cedeu material inédito como cartas, diários, gravações em película super 8 que mostram a autora e seus amigos na Casa do Sol (onde morava, em Campinas, no interior de São Paulo) e cerca de 100 horas de gravações de áudio nas quais Hilda lê poemas, comenta sua obra e realiza experiências de “Transcomunicação Instrumental”, buscando, através da gravação de sinais de rádio, um canal de comunicação com os mortos.

A voz da própria Hilda conduz a narrativa, um misto de ficção e documentário que ainda tem a atriz Luciana Domschke interpretando a escritora, além de entrevistas com amigos e especialistas, incluindo Gutemberg Medeiros, Leusa Araujo, Dante Casararini, Jorge da Cunha Lima, Alcir Pécora, Olga Bilenky, e outros.

Imagem do filme 'Hilda Hilst Pede Contato'
Imagem do filme ‘Hilda Hilst Pede Contato’

A equipe conta com talentos internacionais: o diretor de fotografia português Rui Poças, conhecido pelo belíssimo “Tabu” (2012), e o designer de som francês Nicolas Becker, que trabalhou em filmes como “Gravidade” e “127 Horas”.

Contemplada com o prêmio Petrobras Cultural em 2012, Greeb agora busca recursos para finalizar e lançar o filme. Mulher no Cinema conversou com ela para saber mais sobre “Hilda Hilst Pede Contato”:

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Como começou o projeto?
Recebi um email do Mora Fuentes, que havia visto meu longa [“A Mochila do Mascate”] sobre [o cenógrafo e diretor teatral] Gianni Ratto e queria um filme no mesmo estilo de linguagem para a Hilda.

Foi ele quem entregou as gravações para o filme?
Quando fui até Campinas conhecer a Casa do Sol e encontrá-lo [Fuentes], de imediato me deparei com uma caixa repleta de fitas cassetes. Logo senti que o filme estava dentro daquela caixa. Ali estava a voz de Hilda, longos solilóquios, quando tentava se comunicar com amigos e escritores já falecidos. Tive a ideia de inverter a situação original das gravações: aqui seria Hilda, já imortalizada, que buscaria contato com os vivos. Este dispositivo permitiria que o filme fosse narrado na primeira pessoa, na voz da poeta. Contei a ideia a Mora Fuentes, que adorou o conceito, e então firmamos um contrato de exclusividade para a produção do filme, e incluímos no acordo este material sonoro e um acervo de películas super 8.

O foco do filme é especificamente as gravações, ou seja, as tentativas da Hilda de fazer contato com os mortos?
As gravações servem para elaborar a narrativa na primeira pessoa, a voz da Hilda. Mas o objetivo é trazer ao público sua vida e obra, especificamente no período em que morou na Casa do Sol. O filme é uma confluência de linguagens, uma atmosfera onde habitam vários tempos, realidade, ficção, literatura. A combinação dos elementos se dá, como na obra de Hilda, através de um fluxo de pensamento.

Como você trouxe Nicolas Pecter e Rui Poças para o projeto?
Conheço o Nicolas há muito tempo. Quando morei em Paris, ele participou de todos os meus filmes e é autor do desenho sonoro de “A Mochila do Mascate”. Sua participação neste longa só vai acontecer na finalização, que ainda não teve início. O Rui conheci agora e foi fantástico trabalhar com ele. [As cineastas] Paula Fabiana e Beatriz Guedes o conheceram em um festival e o indicaram. Vi “Tabu” e enviei um convite via Facebook para este trabalho, ele gostou muito do roteiro e topou vir. Fizemos uma filmagem fantástica. Tive muita sorte de poder contar com ele, pois as imagens ficaram lindíssimas e coerentes com a ideia central do filme, que era de compor uma realidade própria ao realismo fantástico.

Imagem do filme 'Hilda Hilst Pede Contato'
Imagem do filme ‘Hilda Hilst Pede Contato’

O interesse pela obra da Hilda tem crescido desde que ela morreu?
Muito, principalmente depois de a [editora] Globo ter lançado sua obra completa [a partir de 2001].

Quando acredita que o filme chegará às telas?
O filme está previsto para ser lançado no segundo semestre de 2016. Já temos contrato de distribuição [com a Imovision], mas infelizmente dependemos dos editais em curso, pois me parece impossível, apesar das leis de incentivo, encontrar patrocinadores para este tipo de projeto, que não é essencialmente comercial.

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