Ekwa Msangi: “Precisamos da perspectiva e da liderança das mulheres artistas”

O plano geral de um aeroporto é a primeira imagem de Farewell Amor, longa-metragem da diretora americano-tanzaniana Ekwa Msangi que estreou no Brasil neste mês exclusivamente no catálogo do Mubi. É uma imagem familiar para muitos de nós: o ambiente de cores frias, os comunicados que ecoam pelas caixas de som, as malas indo e vindo, as pessoas entediadas ou com pressa, digitando no celular, segurando plaquinhas com nomes, esperando pelo voo ou por alguém. No filme, um homem que segura um buquê de flores e uma sacola de presente é visto na área de desembarque. Uma mulher entra em quadro, seguida por outra mais jovem, se detém diante dele e diz “amor”, assim mesmo, em português. Os dois se abraçam, sorriem, choram.

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Farewell Amor não conta uma história de ficção científica ou de terror, não há vírus ou doença contagiosa na trama, ninguém usa máscara, protesta nas ruas ou é vítima de violência policial, e Msangi não filmou na pandemia, nem confinou seus personagens em locação única. No entanto, sua estreia no longa-metragem toca com sensibilidade e inteligência em muitas das questões e reflexões que marcaram 2020.

No centro de Farewell Amor está a família que se reencontra na cena do aeroporto. Quem segura as flores é Walter (Ntare Guma Mbaho Mwine, ótimo), um homem angolano que por causa da Guerra Civil se refugiou em Nova York. Quem desembarca é sua mulher, Esther (Zainab Jah), e sua filha adolescente, Sylvia (Jayme Lawson), que o veem pela primeira vez após 17 anos, o tempo que levou para conseguirem o visto americano. Finalmente reunidos sob o mesmo teto, eles são ao mesmo tempo parentes próximos e completos estranhos. Sylvia mal conhece o pai, Walter acabou de romper um relacionamento com outra mulher e Esther é bem mais religiosa do que ele se lembrava. No pequeno apartamento em que falam inglês e português, a comunicação na verdade se dá pela dança, uma paixão que os três compartilham – ou compartilharam.

Cena do filme “Farewell Amor”, de Ekwa Msangi

Nascida nos Estados Unidos, criada no Quênia e hoje vivendo em Nova York, a diretora se inspirou na história de um tio que imigrou da Tanzânia para os EUA em 1996 e ainda está tentando conseguir um visto para que sua mulher possa ir morar com ele. Em Farewell Amor, a narrativa é estruturada em três capítulos, cada um sob a perspectiva de um personagem. Os mesmos acontecimentos se repetem, mas cada etapa revela novas nuances e perguntas: o que, afinal, define uma família? É possível nos mantermos conectados mesmo quando passamos longos períodos separados? O que acontece quando o contato virtual volta a ser contato humano?

Se estas questões soam atuais, o mesmo pode-se dizer do modo como a diretora aborda a vida dos negros e dos imigrantes nos Estados Unidos (e em tantos outros lugares). A música e a dança angolana que permeiam o filme são mais do que trilha sonora e coreografia, representando espaços de conforto, segurança e identidade. E se os imigrantes, e especialmentes os refugiados, são tão frequentemente vistos como aqueles que “tiram” algo do país em que chegam, Farewell Amor mostra a imensa cultura que levam com eles. E por “mostra”, entenda-se sugere, pois Msangi evita discursos excepcionais e debates sobre grande temas. A força da narrativa, ao contrário, está no dia a dia de uma família formada por pessoas comuns. 

“Em todo o meu trabalho, e certamente nesse filme, tento focar menos nos problemas e na política e mais em como a política afeta as pessoas. Isso é muito importante para mim como africana e como alguém que viu muita representação equivocada do seu povo”, afirmou Msangi, em entrevista ao Mulher no Cinema. “Tendemos a falar sobre as pessoas como os imigrantes, as crianças-soldado, as noivas infantis – mas são pessoas. Elas não são seus problemas, são seres humanos que estão sendo desafiados pelas circunstâncias.”

Msangi conversou com o Mulher no Cinema via Zoom de seu apartamento no bairro nova-iorquino do Brooklyn, ao qual retornara naquela semana após passar nove meses no Quênia. Depois da estreia de Farewell Amor no Festival de Sundance, em janeiro, ela decidiu visitar a mãe por três semanas. Com a pandemia e o fechamento das fronteiras, só retornou agora. “Me sinto como se estivesse voltando a um lugar que passou por uma guerra, onde os prédios foram bombardeados, as pessoas foram feridas e estão tentando se reerguer”, comparou. “Vivo aqui há 20 anos, mas sinto como se estivesse reaprendendo o que é a minha casa.”

Assista ou leia à entrevista com Ekwa Msangi sobre Farewell Amor:

Por que você decidiu estruturar o filme em três capítulos e pontos de vista?
Em parte porque estava indecisa quanto a quem deveria ser o protagonista. Quando comecei a trabalhar no roteiro, Walter estava mais claro na minha mente, porque tinha feito o curta Farewell Meu Amor, que funcionava como prequel e o acompanhava logo antes de ele ir ao aeroporto encontrar a família. [Era a história] mais acessível, mas também pareceu um pouco clichê fazer um filme sobre um cara que tinha um caso com outra mulher. Então pensei em adotar a perspectiva da filha, mas não queria que virasse um filme de dança hollywoodiano. Não conseguia me decidir, então pensei: “Vou escrever a partir das duas perspectivas e ver o que acontece.” Inicialmente fiz isso, mas depois ficou claro que, sem a mãe, as outras histórias não funcionariam. Então tive de incluir a história dela. Comecei do zero e cheguei a este formato.

Há uma cena muito comovente na qual Walter diz à filha: “Este país é muito difícil para os negros, especialmente estrangeiros. Você sempre precisa se portar de determinada forma para que os brancos não se sintam ameaçados. Quando danço, é o único momento em que posso ser eu mesmo e mostrar quem eu sou.” Gostaria que você falasse um pouco sobre esta cena. O que você tinha em mente quando a escreveu e quando a filmou?
A dança é algo muito pessoal para mim. Amo dançar, sempre dancei. Nasci nos Estados Unidos e quando tinha cinco anos me mudei para o leste da África, de onde vem minha família. Quando voltei, tinha mais ou menos 17 anos, a idade de Sylvia. Minha vida era bem diferente da dela, porque inglês era minha língua nativa, então não tive de enfrentar alguns dos problemas que ela enfrenta no filme. Mas houve um choque de cultura. Tive certa dificuldade com a questão da identidade, com o que as pessoas pensavam de mim versus o que sabia sobre mim mesma e o que queria mostrar de mim mesma. A dança era uma das coisas que representavam um conforto, que eram uma espécie de identidade para mim. E as pessoas reagiam quando eu dançava. Lembro de um mentor me dizer: “Esse é o seu poder. Quando você dança, esse é o seu poder, porque é quando você pode ser realmente você mesma.” Eu era jovem e isso ficou comigo, então pensei [na cena de] um pai passando isso para a filha como um conselho, como algo que poderia ajudá-la a navegar pelo mundo, por um país novo e uma situação nova, algo que ela pudesse levar com ela. Antes da filmagem, não trabalhei o roteiro com os atores, apenas fizemos alguns exercícios de improvisação, para revisitar o que teria acontecido antes de elas chegarem aos Estados Unidos. Queria que o roteiro fosse o mais natural e novo possível, porque é isso que eles estariam vivendo [na vida real]. Seria constrangedor e estranho [se reencontrar após tanto tempo]. Então esse realmente foi o primeiro momento de pai e filha juntos. É o momento no qual o pai vê a filha de uma forma muito específica e lhe dá permissão para ser ela mesma, o que nem sempre foi o caso com a mãe, para quem ela precisa ser mais religiosa, mais isso ou aquilo. As mulheres estão sempre recebendo mensagens da sociedade e dos nossos pais sobre como precisamos nos portar, nos vestir, nos comportar. Esse é o momento em que o pai está dando uma piscadinha e dizendo: “Você está bem como é, e deve ser sentir fortalecida por isso.”

Jayme Lawson em cena de “Farewell Amo”, de Ekwa Msangi

Seu filme aborda temas como imigração, racismo, guerra e religião a partir da história de uma família de pessoas comuns. Para mim isso foi bem-vindo, pois sinto que o debate que estamos tendo sobre abordar essas questões no cinema, embora muito importante, às vezes se traduz em filmes que são excessivamente sobre “temas”. Pessoalmente, nem sempre me identifico da mesma forma com essas histórias. Já Farewell Amor me pareceu um exemplo de como a imagem de dois adultos africanos saindo para jantar ou se apaixonando pode trazer mais reflexão do que algumas abordagens mais explícitas. Não sei se você concorda comigo, mas isso estava na sua cabeça de alguma forma? Ou foi apenas o modo como começou a escrever?
Obrigada por dizer isso, fico feliz que você tenha se sentido assim. Cresci na África, numa parte do continente na qual nunca podia filmes sobre minha cultura e meu povo. Em todo o continente, e também na diáspora, sempre tivemos outras pessoas nos dizendo quem somos, seja no noticiário, seja quando outras pessoas criam histórias sobre nós e nos dizem o que é importante e o que é valioso sobre nós. De forma geral, há dois tipos de histórias: aquelas sobre o ser humano mais excepcional que já existiu, ou aquelas sobre o ser humano mais trágico que já existiu – a história de guerra, da criança-soldado, do Boko Haram, o “filme sobre problemas”. Há muitos filmes africanos sobre problemas, e porque devemos nos importar com eles. E claro, temos muitas dessas experiências no continente, como muitos outros lugares têm. Mas mesmo em meio a essas coisas, mesmo em meio à guerra, à luta e à dificuldade, ainda temos senso de humor, ainda nos amamos, ainda temos família e pessoas com as quais nos importamos. Em todo o meu trabalho, e certamente nesse filme, busco focar menos nos problemas e na política e mais em como a política afeta as pessoas. Não falamos muito sobre isso. Tendemos a falar sobre as pessoas como os imigrantes, as crianças-soldado, as noivas infantis – mas são pessoas. São pessoas cujas vidas foram interrompidas, ou seja lá o que tenha acontecido com elas. Isso é muito importante para mim como africana e como alguém que viu muita representação equivocada do seu povo. É poder contar uma história humana e a partir dela se conectar com as pessoas. Elas não são seus problemas: são seres humanos que estão sendo desafiados pelas circunstâncias. É nisso que acredito.


“Na África e na diáspora, sempre tivemos outras pessoas nos dizendo quem somos. Há muitos filmes sobre problemas, e claro, temos essas experiências no continente, como muitos outros lugares têm. Mas mesmo em meio à guerra, à luta e à dificuldade, ainda temos senso de humor, ainda nos amamos, ainda temos família e pessoas com as quais nos importamos. Em todo o meu trabalho, e certamente nesse filme, busco focar menos nos problemas e na política e mais em como a política afeta as pessoas. Tendemos a falar sobre as pessoas como os imigrantes, as crianças-soldado, as noivas infantis – mas estamos falando de pessoas.”


Música e dança são elementos narrativos com muito significado no filme. Gostaria que você falasse um pouco sobre as decisões que tomou, tanto na trilha quanto nas coreografias.
Queria que música e dança fossem uma parte grande da narrativa por causa dos estilos em questão. No caso do kizomba e do semba, os estilos praticados por Walter, não há um padrão regular a seguir: a pessoa tem de reagir à música e interpretar o movimento, então os parceiros precisam estar conectados para saber para onde ir. Achei uma metáfora interessante para um relacionamento: Walter e Esther dançavam juntos, costumavam estar em sintonia e saber como o outro se movia; agora, por causa da distância e dos anos, não sabem mais. Se não são mais capazes de se conectar, não são capazes de dançar. Já o kuduro, o estilo que Sylvia pratica, é forte, energético e uma plataforma de expressão para a juventude angolana. Minha personagem é uma garota africana, que não reagiria a seus pais e à sua vida como uma típica adolescente americana. Ela seria mais reservada, e poderia se expressar pela música e pela dança. Queria que esses estilos fossem quase como uma terceira língua para os personagens poderem se comunicar. E também queria dividir com o mundo o meu amor pela música e dança angolana. Acredito que a única razão de esses músicos e canções não serem mais populares nos Estados Unidos seja a língua e o fato de as pessoas simplesmente não conhecerem. 

Ntare Guma Mbaho Mwine em “Farewell Amor”, de Ekwa Msangi

Como foi a seleção musical? Você escolheu sozinha?
Como pratico dança angolana, e obviamente a música vem junto, comecei [a seleção] com todos os meus artistas favoritos e as pessoas que acompanhava. Foi tipo: “Oba, vou poder entrar em contato com Eddy Tussa, Bonga, Kyaku Kyadaff e todos os músicos que admiro há tanto tempo!” Nem todos têm gravadora ou são fáceis de encontrar. Então fomos no esquema guerrilha, com a produtora e um estagiário perseguindo as pessoas no Instagram, e usando o Google Tradutor para traduzir as mensagens para português. As pessoas foram muito carinhosas, se animaram com o projeto e entraram como colaboradores.

E as coreografias? Foram totalmente ensaiadas ou houve improviso?
Tive a sorte de ter um coreógrafo angolano maravilhoso, Manoel Kanzal, que fez seu treinamento profissional no Brasil. Eu o seguia nas redes sociais e entrei em contato quando estávamos começando o filme, pois era importante que a dança fosse autêntica. Como não tínhamos orçamento para trazê-lo aos Estados Unidos, queria saber se ele tinha alguma indicação. Por acaso, ele estava em Nova York e ficaria aqui durante todo o verão, então coreografou toda a música que está no filme e fez um trabalho incrível. Os atores ensaiaram todos os dias, de duas a quatro horas, para aprenderem os passos e se sentirem confortáveis um com o outro.


“A terapia pela qual podemos pagar e à qual temos acesso é a arte. É a música, a pintura, a beleza, as coisas que criamos. Acho que é um momento oportuno e importante para que artistas de todos os lugares mergulhem em seus sentimentos para poder compartilhá-los e ajudar as pessoas a se curar. Estamos claramente e desesperadamente precisando do trabalho dos artistas, das pessoas não brancas, das pessoas que foram marginalizadas por tempo demais. O tempo é agora.”


O filme está estreando no final de um ano em que falamos muito sobre antirracismo e o movimento Black Lives Matter, e também em meio à pandemia do Covid-19, que tem grande impacto sobre os imigrantes, e não só no sentido econômico. Mesmo para os imigrantes mais privilegiados, já não é possível pegar um avião e voltar para casa se algo acontecer. E até dentro de um mesmo país há muitas famílias separadas, não por 17 anos, mas em momentos importantes. Você acha que esse contexto dá novos significados ao seu filme?
Totalmente. Uma das coisas que o ano de Covid fez foi nos forçar a olhar para as nossas conexões com as pessoas e nossa habilidade de permanecer conectados. De certa forma estamos ainda mais conectados, porque todos estamos no Zoom. Mas será que estamos conectados mesmo? Porque chega uma hora em que o Zoom fica muito cansativo. Nas poucas vezes em que estive com pessoas, não poder abraçá-las…O contato humano é muito importante para nós, para nossas vidas, para nossa saúde. Estar em uma situação em que você não pode fazer isso é muito significativo. E não saber quando vamos nos ver, porque depende de quando o lockdown vai acabar, de quando as fronteiras vão abrir e de o seu país não ser terrivelmente tomado pelo vírus. Durante muito tempo tivemos orgulho de estar na era da tecnologia, de poder usar o celular e acessar tudo online. E agora percebemos que isso é ótimo, mas não substitui a conexão humana. Uma das coisas que tento abordar neste filme é a importância da conexão humana. Esta é uma família que durante muito tempo só esteve conectada pela internet e que agora têm uma conexão humana. Eles estão animados, mas [a separação] teve um custo, eles vão ter de se acostumar [com o reencontro]. Não é algo que você apenas desliga.

Zainab Jah e Jayme Lawson em “Farewell Amor”, de Ekwa Msangi

Que conselho você daria para as mulheres que querem trabalhar no cinema?
É um ótimo momento para as mulheres e para as mulheres que querem trabalhar no cinema. Pela primeira vez em muito tempo – talvez em todos os tempos, e certamente na minha vida -, as pessoas estão mais cientes e dispostas a fazer algo sobre as disparidades, a apreciar a voz e a perspectiva das mulheres. Um único grupo, o dos homens brancos mais velhos, contou a história de todo mundo para a maioria de nós. Isso é muito estranho [risos]. Então meu conselho é: apenas faça. Seja ousada, siga em frente, cometa erros e iremos aprendendo juntas. Trabalhe sua voz e sua coragem, porque você vai precisar. Certamente não é fácil, as pessoas não te dizem: “Pode entrar, aqui está o dinheiro e os recursos”. As coisas estão melhorando, mas não são grátis [risos]. Meu conselho é: sejam ousadas, sigam em frente e errem. Vamos aprendendo juntas. E temos coisas que precisamos dizer. Nossa perspectiva é muito valiosa, principalmente em um mundo que está se curando, porque este é o estágio no qual vamos entrar agora. Todos vamos precisar nos curar de todas as feridas, não só as do Covid, mas também do racismo, injustiças, meio ambiente, muitas questões que são próximas das mulheres por causa do nosso relacionamento com a Terra, as crianças e a humanidade. O mundo de fato precisa de nós. Precisa de nossas vozes, nossa perspectiva e nossa liderança, como mulheres e artistas.

A arte terá um papel especialmente importante no cenário pós-Covid?
O mundo inteiro precisa de centenas de horas de terapia depois do que vivemos esse ano [risos]. E não podemos pagar por elas. A terapia pela qual podemos pagar e à qual temos acesso é a arte. É a música, a pintura, a beleza, as coisas que criamos. Acho que é um momento oportuno e importante para que artistas de todos os lugares, e não apenas cineastas, mergulhem em seus sentimentos para poder compartilhá-los e ajudar as pessoas a se curar. Mas para fazer isso, esse tipo de trabalho de apoio, precisamos estar prontos. Então gostaria de encorajar os artistas a ficarmos prontos, a nos preparamos, a trabalharmos naquilo que for preciso para oferecermos nossos serviços e nossos talentos para a nossa sociedade e as nossas comunidades. Porque estamos precisando. Estamos claramente e desesperadamente precisando do trabalho dos artistas, das pessoas não brancas, das pessoas que foram marginalizadas por tempo demais. O tempo é agora. Então a luta continua!


Luísa Pécora é jornalista e criadora do Mulher no Cinema

Foto do topo: Rich Polk/Getty Images for IMDb

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